Terceiro debate entre candidatos à prefeitura de SP é marcado por críticas às ausências de Nunes, Boulos e Datena #ÚltimasNotícias #Brasil

No início do evento, a mediadora Marcela Rahal disse que os espaços vazios no estúdio “marcam a falta daqueles que, em desrespeito aos eleitores de São Paulo, não apareceram hoje para democraticamente debater com os adversários e apresentar suas propostas para a cidade”.

Com menos candidatos, foi um embate mais morno e mais dinâmico, mas poucas propostas foram apresentadas. Os três postulantes aproveitaram a oportunidade para pedir que os eleitores acessem suas redes sociais para conhecer suas ideias ou para ver acusações contra os adversários e, com o início oficial da campanha, também divulgaram seus números na urna e pediram votos explicitamente.

• Os milionários da Baixada: candidatos a prefeito mais ricos de todo o estado do Rio vêm da região
• Silas Malafaia faz campanha contra senador evangélico que concorre à prefeitura de Goiânia

Antes do evento começar, Marçal afirmou a jornalistas que Nunes, Boulos e Datena perdem popularidade sempre que “cruzam o seu caminho”, mas desconversou sobre a sua campanha ser prejudicada com debates esvaziados.

— É só ir na rua para você ver — declarou o candidato.

Tabata negou ter sido procurada “pessoalmente” para faltar ao debate, mas que ouviu “burburinhos”. Ela procurou associar a ausência ao despreparo para lidar com opositores.

• Herdeiro da Lava-Jato? A ‘força-tarefa’ de Deltan Dallagnol nas eleições municipais
• Primeiro político a delatar na Lava-Jato, Delcídio Amaral ‘perde’ mais de dois milhões desde 2022

— Se você não aguenta uma provocação do Marçal, como vai conseguir lidar com uma Câmara de Vereadores? Tem que ser centrado, ter sangue frio nessas horas. A população de São Paulo perde com essa covardia deles — afirmou a candidata — Essa dobradinha (Marçal e Marina) eu já estou acostumada. A dobradinha que eu não esperava era a do Nunes com o Boulos.

Brigas entre Tabata e Marçal, casos entre Marina e Marçal

As ausências foram o grande tom do debate, com Marçal, Tabata e Marina criticando Nunes, Boulos e Datena por serem “covardes”, “fujões” e “não aguentarem provocações”. Houve pouca discussão de propostas, ainda que tenham surgido perguntas sobre educação, empresas, população em situação de rua e o futuro do Minhocão.

• Prefeito de Porto Alegre muda de branco para pardo na eleição e justifica: ‘Correção histórica’; veja outros casos
• Eleições 2024: São Paulo, Minas e Bahia são estados com mais candidatos LGBTQIAPN+

O psolista e o emedebista foram os alvos preferenciais de Marçal, que deu a fala mais agressiva do evento que durou cerca de uma hora e meia. Ele se referiu ao prefeito como “bananinha” e “Smeagol”, personagem do Senhor dos Anéis, e citou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

— Você é um cara do centrão, maquinista, odeia o Bolsonaro, mas teve que engolir ele porque eu entrei no jogo para forçar você a ter um vice que não queria, e agora você agora você tá perdido. Engraçado que quem é praça na polícia da cidade de São Paulo vota na Antônia de Jesus que é praça. Que é vice nossa, mulher de Pirituba, guerreira, negra, nordestina, ninguém vai votar no coronel, você se lascou. A culpa é do Bolsonaro? Não, é do Valdemar Costa Neto. O sistema é igual, inclusive a Tabata não precisava ter vindo hoje porque ela é parachoque de comunista e os comunistas-mor não vieram, eles deixaram de vir aqui para ela ter oportunidade de fazer muitas perguntas para mim — afirmou.

• Candidato à prefeitura do Rio pelo PL, Ramagem destinou emenda a pastor de Michelle Bolsonaro

Já Tabata chamou de “vexame” e “lastimável” a postura desses candidatos. Mas também atacou Marçal sempre que teve oportunidade, focando em criticar seu plano de governo.

— Querem se reunir numa sala, decidir quem vai contra quem e tirar o direito do eleitor de conhecer as propostas dos candidatos. Se você não aguenta uma provocação num debate, como é que vai lidar com a Câmara dos Vereadores, como é que vai cuidar dessa cidade? — disse.

• Embate: Confrontado sobre segurança, Paes responde com críticas a Castro, que reage: ‘Estelionato eleitoral’

Tabata começou o debate questionando Marçal sobre sua política para combater a insegurança alimentar, e se ele é a favor da “farinata”, um composto alimentar que foi sugerido na gestão João Doria, em 2017, por Filipe Sabará, que hoje é o coordenador do programa de governo do candidato do PRTB. Marçal, entretanto, se recusou a responder as questões, afirmando que responderia no Instagram após o debate.

Marçal fez sua primeira fala criticando as três ausências e tirando o boné em homenagem às duas mulheres que tinham mantido o compromisso.

• SP: Justiça manda Marçal tirar do ar posts em que associa Boulos ao uso de cocaína

— Vou começar tirando o meu chapéu para as mulheres que vieram. A gente está com um problema de masculinidade e virilidade nessa nação, por isso os homens, principalmente o que lidera a prefeitura, não tiveram coragem de vir — falou.

Em outros momentos, Marçal leu trechos de seu plano de governo, sem responder às perguntas específicas que lhe foram feitas. Marina escreveu na palma da mão a palavra “fujões”, também criticou as ausências de Boulos, Nunes e Datena e aproveitou uma de suas falas sobre redes sociais para falar que defende “o impeachment de Alexandre de Moraes”, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), procedimento que evidentemente não cabe ao prefeito de São Paulo.

• O debate que você não viu: ‘Torcida organizada’ bolsonarista, Carluxo protagonista e cãozinho de Marcelo Queiroz

Tabata chamou o plano de governo de Marçal de “caos na terra”, e em outro momento, disse que o candidato “é aquele aluno que só quer fazer prova com consulta”, destacando o fato de que ele falou várias vezes que iria responder às questões dela posteriormente, nas redes sociais.

— Seu plano de governo é o caos na terra, tem bondinho voador, prédio de 1km, mas não tem menção à pessoa com deficiência ou pessoas em situação de rua — falou a candidata.

• Confira também os bastidores em SP: protesto do lado de fora, esposa de Nunes irritada e Datena ‘sincerão’

Marçal disse que focará na “empresarialização” em seu governo, “porque empresa gera emprego, emprego gera renda e renda mata a fome”. Ele ainda fez questão de atacar os ausentes, especialmente Nunes e Boulos. Em outro momento, Tabata relacionou Marçal a Doria, citando os nomes de Wilson Pedroso — ex-aliado de Doria que agora coordena a campanha do empresário — e de Filipe Sabará.

— Nem o Bolsonaro confia em você, falou que você é igual produto estragado e o que a gente olha para seu redor, o que a gente vê é a equipe do Doria, vejam o Wilsinho, o Filipe Sabará, pesquise. Você acha que Bolsonaro lhe rejeita porque você é o Doria 2.0? — questionou a candidata.

• De Marçal ‘franco atirador’ a Nunes como alvo: Veja seis pontos que explicam como foi o debate da Band em SP

— O governo Doria está acabando agora, dez anos de governo Doria, e ele apoia as mesmas coisas que vocês, porque vocês são de esquerda. Nós vamos ser o governo que é voltado pro povo, você, seu filho, vão ter oportunidade, ter educação financeira, inteligência emocional.

Já Marçal e Marina trocaram afagos. O candidato a chamou de “guerreira”, e ela o agradeceu pela pergunta sobre empresárias. Marina propôs “desburocratizar” e acabar com “fiscal corrupto” no processo de concessão de alvarás.

• Análise debate SP: ‘O que se viu foi um esperado festival de safanões e escorregões’

Marçal criticou Boulos, afirmando que ele deve ter conseguido um atestado porque é segunda-feira, e voltou a insinuar, sem provas, que o candidato estaria “numa clínica recuperando de alguma coisa”. A Justiça já determinou, por duas vezes, que Marçal excluísse esse tipo de insinuação de suas redes sociais.

Marina provocou Tabata e prometeu mostrar, em seu Instagram, todos os projetos de aumento de impostos que a deputada foi a favor.

Nunes disse, durante agenda na manhã desta segunda, que nesses debates “têm acontecido tudo menos discutir a cidade” e que “muitas pessoas estão indo não para debater, mas para fazer cortes na internet”.

• X de Musk pode sair do ar? Saiba as consequências do encerramento das operações para os usuários no Brasil

— Eu tenho uma agenda muito carregada. É preciso melhorar essas regras, não podemos ficar lá de certa forma não respeitando o telespectador com tantos ataques, com tantos cortes, sem discutir a cidade — explicou a jornalistas.

— O Ricardo está disposto a discutir a cidade, e não de participar de um picadeiro — acrescentou o presidente do diretório municipal do MDB, Enrico Misasi, um dos coordenadores da campanha.

• Eleições 2024: Conheça histórias de brasileiros que disputaram todas as eleições desde a década de 1990 e nunca se elegeram

A assessoria de Datena declarou que o candidato faltou ao evento por uma “decisão interna” considerando quais compromissos seriam melhores para a campanha. O GLOBO apurou com fontes próximas que ele se irritou com o suposto descumprimento de regras do debate do jornal O Estado de S. Paulo na semana passada e também avalia que o cronograma de debates está excessivo.