A Cromai, uma startup de lucidez sintético para o agronegócio, acaba de fechar uma rodada de R$ 17 milhões.
O investimento — uma extensão da Série A de dezembro de 2022 — foi liderado pelo iDEXO, o fundo de capital de risco corporativo da Totvs, e escoltado pela Baraúna VC e pelo escritório familiar Citrino, de José Ermírio de Moraes Neto e sua mana Neide, que já eram investidores da startup.
Marcelo Cosentino, o vice-presidente da Totvs, disse ao Brazil Journal que os produtos da Cromai têm uma proposta de valor que interessa aos clientes de agro da companhia. “E investir na startup é uma forma de dar aval à tecnologia desenvolvida.”
Fundada em 2017 em Piracicaba, um epicentro das tecnologias agrícolas no Brasil, a Cromai foi criada pelo engenheiro mecatrônico Guilherme Castro, que é fruto e neto de engenheiros agrônomos.
Com mestrado em robótica na Alemanha e doutorado em lucidez sintético no Japão, o acadêmico foi influenciado pelas conexões familiares no campo e apostou no desenvolvimento de uma solução de IA para identificar e qualificar ervas daninhas nas plantações de cana-de-açúcar.
Mal foi fundada, a startup foi selecionada para ser residente no Pulse, o hub de inovação da Raízen, e focou numa das principais dores da indústria sucroalcooleira: extrair dados melhores do campo.
Segundo Guilherme, a grande incerteza era por que a maioria dos grandes produtores de cana não conseguia extrair bons dados sendo que toda rancho de cana tem drones para captar imagens das plantações e pulverizadores capazes de fazer aplicações precisas de defensivos.
Para ele, isso acontecia porque é mais fácil fazer reconhecimento facial de pessoas do que o reconhecimento de doenças em vegetalidade.
Com um banco de imagens com mais de 100 milhões de fotos de ervas daninhas utilizadas para treinar o algoritmo, a tecnologia da Cromai criou seis camadas de estudo levando em conta as variabilidades no campo, uma vez que iluminação, solo e outros fatores.
Na estudo de uma rancho de 59 milénio hectares de cana no interno de São Paulo, por exemplo, o algoritmo da Cromai conseguiu detectar a infestação de ervas daninhas de folha larga em quase 28% do terreno.
Com os dados extraídos, a startup criou um planta georreferenciado para a emprego de defensivos com equipamentos autopropelidos ou drones da própria rancho. O resultado foi uma economia de 72% no combate à praga.
Guilherme disse que a startup já monitora 45 usinas no Brasil, atendendo 9 dos 10 maiores produtores de cana-de-açúcar.
Com a capitalização de hoje a Cromai quer seguir sua tecnologia nas culturas de grãos. A estreia na soja ocorreu há pouco, com a safra 2023/2024. A startup já assinou contratos com dois dos cinco maiores produtores de soja do País, a Amaggi e a Bom Horizonte.
O próximo passo será entrar nas culturas de milho e algodão.
Fabiane Stefano