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O Meio de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) também notificou a ocorrência de sismos de 2.2 a 2.4 durante a madrugada nos municípios gaúchos de Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Veranópolis.
Geralmente, tremores dessa magnitude são mais leves e até passam despercebidos — mas podem ser detectados por estações geológicas.
Mas será que o surgimento desses abalos pode estar de alguma maneira relacionado à chuva acumulada nas últimas semanas?
Há uma verosímil relação entre grandes volumes de chuva e o surgimento de tremores, mas a possibilidade é considerada remota por especialistas neste momento.
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O professor Marcos Vasconcelos, do Meio de Pesquisa em Geofísica e Geologia e do Instituto de Geociências da Universidade Federalista da Bahia (UFBA), explica que existem exemplos registrados na literatura científica em que grandes volumes hídricos fizeram o solo tremer.
“Há um fenômeno espargido uma vez que sismicidade induzida por reservatório”, cita o técnico.
“Ele acontece quando um rio é represado e esse volume de chuva aumenta a pressão na porosidade das rochas. Essa pressão hidrostática pode originar fraturas e deslocamentos”, complementa.
O segundo processo tem a ver com os chamados olhos d’chuva, que são tipos de nascentes onde surgem os rios. Nesses locais, a chuva “brota” ou mina a partir de rochas para dar origem aos cursos fluviais.
Em situações de chuvas muito intensas, que acumulam chuva na superfície, pode ser que os olhos d’chuva deixem de minar o líquido para o envolvente extrínseco. Com isso, a chuva se acumula no interno das rochas — o que gera uma pressão por trás dos sismos.
O geofísico da UFBA diz que, segundo eventos parecidos registrados em outros países, uma vez que Alemanha, Suíça e França, os tremores relacionados à pressão das águas costumam ter uma magnitude menor.
“Vale manifestar que ainda não sabemos se é isso o que está acontecendo em Caxias do Sul. Por enquanto, essas são somente possibilidades teóricas, que sabemos serem possíveis em cenários parecidos”, pondera Vasconcelos.
Para entender se os tremores têm a ver com a sismicidade induzida por reservatório ou com o bloqueio de olhos d’chuva, os pesquisadores precisam identificar o epicentro dos tremores e a profundidade em que eles ocorreram.
A partir dessas informações, eles poderão definir as causas exatas do fenômeno — e se ele está relacionado (ou não) às chuvas.
“Em universal, seriam necessários alguns meses depois das chuvas para tremores desse tipo ocorrerem, mas não se pode descartar essa possibilidade. De qualquer forma, são necessários estudos aprofundados para declarar com precisão as causas desses sismos”, declarou Bruno Collaço, do Meio de Sismologia da USP, na mesma publicação.
A RSB também lembrou que “a região do Rio Grande do Sul já possui um histórico de ocorrência de tremores de terreno de magnitudes entre 2.0 e 3.0”.
“Nos últimos 10 anos, a região da Serra Gaúcha registrou 27 sismos. Portanto, é mais provável que esses sismos tenham causas naturais”, conclui o texto.