Há 30 anos, Yasser Arafat e Yitzhak Rabin selaram, com um aperto de mão, os Acordos de Oslo que, supostamente, deveriam conduzir a uma solução permanente do conflito israelo-palestino num prazo de cinco anos.
Recordo a esperança que senti, portanto, de que enfim seria provável pôr término a décadas de um conflito trágico entre árabes, israelenses e palestinos. Em 2023, o que resta dessa esperança? Não há sossego, ou um processo de sossego. A esperança transformou-se em amargura e desespero, e o marco dos 30 anos passou praticamente despercebido.
Localmente, a tensão está aumentando de novo, tendo já causado a morte de 200 palestinos e 35 israelenses. Os ataques terroristas, perpetrados tanto por militantes palestinos contra israelenses porquê por colonos israelenses contra palestinos, voltaram a atingir níveis recordes. Israel continua a aumentar o número de colônias na Cisjordânia: enquanto na estação dos Acordos de Oslo existiam 280 milénio colonos, hoje eles são mais de 700 milénio.
A violência dos colonos, a construção de muros para separá-los dos palestinos, as demolições de propriedades locais e outras medidas estão, em muitas zonas da Cisjordânia, empurrando gradativamente a população palestina para fora das suas terras enquanto a catástrofe humanitária em Gaza prossegue sem tréguas ou qualquer final à vista.
Entretanto, o espeque vernáculo a uma liderança palestina internacionalmente reconhecida nunca foi tão ordinário, situação que é agravada por uma carência de financiamentos cada dia maior. Em contrapartida, Israel tornou-se uma “pátria startup” próspera, não obstante seu envolvente de segurança imperfeito. A urgência de mudar o status quo não é sentida tão intensamente em Tel Aviv porquê em Ramallah, mas o conflito não vai desvanecer: a teoria de que Israel poderia seguir sem firmar uma sossego com os palestinos é uma ilusão perigosa.
A violação persistente de resoluções do Recomendação de Segurança da ONU e de alguns dos princípios mais fundamentais do recta internacional estão minando a crédito numa ordem global baseada em regras, e não só na região porquê no mundo inteiro. É, portanto, mais necessário e urgente do que nunca que a comunidade internacional reafirme o seu interesse em obséquio da sossego entre israelenses e palestinos e se mobilize nesse sentido.
Há anos que a União Europeia e a comunidade internacional defendem uma solução baseada na simultaneidade de dois Estados: um de Israel e um Palestino —independentes, democráticos, contíguos e soberanos, que existam lado a lado em sossego e segurança.
Devido à política levada a cabo por Israel, esta solução afigura-se cada vez menos viável. No entanto, que outra opção poderá permitir a israelenses e palestinos viver lado a lado em sossego? Ninguém consegue ler qualquer outra solução plausível.
O estabelecimento de laços diplomáticos entre alguns Estados árabes e Israel, apesar de forçoso para prometer a sossego a nível regional, não permitiu, até agora, aproximar israelenses e palestinos. Foi por isso que decidimos, juntamente com a Liga Sarraceno, a Arábia Saudita, o Egito e a Jordânia, contribuir para dar um novo impulso à solução baseada na simultaneidade de dois Estados.
Em 18 de setembro, no contextura da ONU, em Novidade York, lançamos, conjuntamente e com sucesso, uma “Jornada para a Sossego” que contou com a participação de mais de 50 países e organizações. Pretendemos fazer uma espécie de engenharia reversa da sossego, elaborando um pacote de espeque a ela que permita que palestinos e israelenses maximizem seus benefícios caso atinjam um harmonia de sossego.
Esta proposta se baseia na Iniciativa de Sossego Sarraceno de 2002 e no “pacote de espeque político, econômico e de segurança” da UE de 2013 que, inspirado no estabelecimento de relações diplomáticas entre Israel e alguns Estados árabes, prevê incentivos para ambas as partes do conflito caso elas consigam saber a sossego.
Planejamos reunir todas as ideias possíveis para tornar a sossego uma verdade, com a efetiva brecha das fronteiras e uma cooperação regional significativa no Oriente Médio. O que poderíamos oferecer em termos de perspectivas políticas, econômicas e de segurança? Quais projetos poderíamos iniciar nas áreas de robustez, clima, chuva, desenvolvimento e outros?
Esta “Jornada da Sossego” não é exclusivamente uma iniciativa realizada entre árabes e europeus: todos os parceiros internacionais estão convidados a contribuir, e em Novidade York, muitos de vestimenta ofereceram seu espeque. Em 13 e 14 de novembro, em Bruxelas, iniciaremos o trabalho para detalhar e concretizar o pacote de espeque à sossego.
Esta iniciativa não pode, evidentemente, substituir um verdadeiro processo de sossego entre israelenses e palestinos. E o pacote de espeque à sossego, por si só, não bastará para superar os muitos obstáculos que impedem uma normalização, mas poderá fornecer um incentivo para seguir nessa direção, não só pelas vantagens que oferecerá, porquê também por recordar às partes que a única opção estratégica viável e plausível é uma solução negociada.
Embora os nossos amigos israelenses e palestinos ainda não tenham oferecido início a negociações de sossego, lançamo-nos nesta viagem a término de contribuirmos para manter viva a teoria de uma solução baseada na simultaneidade de dois Estados. Nossa esperança é que, graças à nossa colaboração, seja provável estugar esse processo.
Muito embora a sossego no Médio Oriente possa parecer, neste momento, uma possibilidade remota, continuaremos a encaminhar esforços nesse sentido, fazendo repercussão às palavras de Nelson Mandela quando afirmou que “todos os objetivos parecem impossíveis até terem sido alcançados”.
Pelo muito dos direitos legítimos dos palestinos, de uma situação de segurança sustentável para os israelenses a longo prazo, da sossego e do desenvolvimento na região e da credibilidade da ordem internacional baseada em regras, o mundo não pode permitir que o conflito israelo-palestino seja esquecido.