Hot News
“Como o Telegram se tornou um playground para criminosos, extremistas e terroristas”. Este é o título da investigação sobre mensagens criptografadas do Telegram que acaba de ser publicada no New York Times. O jornal analisou mais de 3 milhões de mensagens postadas no aplicativo e como o título revela… não é uma visão bonita.
O timing do Times não é insignificante porque o criador do Telegram, Pavel Durov, foi preso em Paris há duas semanas por doze crimes relacionados com o crime organizado e cumplicidade em crimes na plataforma. Ele foi libertado e colocado sob supervisão judicial. A investigação é, portanto, oportuna para esclarecer do que Pavel Durov é acusado. Porque o Telegram é hoje um dos aplicativos mais baixados do mundo, tem mais de 1 bilhão de usuários e ainda assim permanece um mistério para muitos.
Para entender a investigação, é preciso entender como funcionam o Telegram e seus canais. São grupos de discussão, em formato de conversa. Cada canal é criado por uma pessoa que tem controle sobre ele. É ela quem posta mensagens nele, quem escolhe quem pode falar, quem pode banir quem ela quiser, etc. E tem para todos os assuntos. No Brasil, por exemplo, 200 mil pessoas assinam um canal para receber fofocas nos reality shows do país.
Isso é para o lado legal. Porque dos 16.000 canais analisados pelo New York Times… 1.500 são geridos por supremacistas de extrema-direita. E acima de tudo, eles não trocam apenas vídeos glorificando Donald Trump. Vai muito além, chegando ao ponto de coordenar ataques. Foi o caso, por exemplo, do canal Terrorgram que foi utilizado por neofascistas para planear um massacre num bar LGBTGIA+ na Eslovénia em 2022.
O Telegram também é suspeito de ter ajudado em grande parte os extremistas que invadiram o Capitólio em 2021. Só que o seu envolvimento é difícil de quantificar porque é a única plataforma que decidiu não colaborar com as autoridades. Estranhamente.
Os jornalistas também descobriram cerca de cinquenta canais que só servem para a venda de drogas e armas. E aí, não tem codinome para falar de maconha ou cocaína, não, os traficantes realmente tiram foto da mercadoria e postam com as instruções de pagamento. O mesmo para armas.
Mesmo assim, os vendedores usam nomes falsos e ninguém mostra o rosto.
E já falei sobre isso no ano passado, mas o Telegram se tornou uma plataforma preferida do Hamas que, por exemplo, postou vídeos do massacre de 7 de outubro em seus canais. Segundo o Times, nas primeiras 72 horas de guerra, os canais afiliados ao grupo postaram quase 700 vezes, recebendo mais de 54 milhões de visualizações. Estamos falando de conteúdo extremamente violento. Fotos, vídeos de estupros, assassinatos em massa, carnificinas, reféns. Mais uma vez acessível aos bilhões de usuários do Telegram.
No papel sim. Mesmo que para acessar esses canais é preciso conhecê-los. Porque mesmo que exista uma barra de pesquisa, a maioria dos seus grupos são privados, então você precisa ter um link para entrar. Mas ei, você só precisa cavar um pouco nas profundezas da internet para encontrá-los. Após o ataque de 7 de outubro, a Apple e o Google pediram ao Telegram que moderasse seu conteúdo. O que ela fez um pouco. Digo um pouco porque as outras plataformas proibiram completamente o conteúdo afiliado ao Hamas enquanto o Telegram não. Pavel Durov se defendeu dizendo que o Hamas também usou o Telegram para alertar os civis sobre seus ataques.
No entanto, só neste mês, o Hamas usou o Telegram para transmitir um vídeo de reféns que foi visto mais de 100 mil vezes. Em suma, o NY Times conduziu uma investigação aprofundada que, na minha opinião, não ajudará a defesa de Pavel Durov. Ele pode pegar até 15 anos de prisão pelas atividades ilegais que ocorrem em sua rede. E se ele costuma encarar isso levianamente, ele parece ter mudado de ideia recentemente desde que postou uma mensagem no X… cito “Estamos empenhados em garantir que a moderação no Telegram, atualmente criticada, se torne motivo de orgulho”. Para isso teremos que revisar tudo!
#hotnews #noticias #AtualizaçõesDiárias #SigaHotnews #FiquePorDentro #ÚltimasNotícias #InformaçãoAtual