Bayrou inicia consultas com a dívida como pano de fundo #ÚltimasNotícias

Pouco depois de a Moody’s ter rebaixado o rating da dívida soberana francesa em um nível, o recém-nomeado primeiro-ministro de França, François Bayrou, iniciou este sábado uma ronda de consultas institucionais tendo como pano de fundo a preocupação com a situação económica do país.

A par do anúncio de Moody’s, ocorrido poucas horas depois da sua nomeação, o centrista Bayrou também teve de lidar com o ciclone que devastou o arquipélago de Mayotte, região francesa do Oceano Índico que, até agora, deixou pelo menos duas vítimas mortais. . A partir das 19h, horário local, o líder conduzirá uma reunião interministerial de emergência.

O chefe do Governo, nomeado pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, para tentar encerrar a crise política do país agravada pela queda do Executivo de Michel Barnier em 4 de dezembro, convocou reuniões institucionais no Palácio Matignon.

O presidente do Tribunal de Contas, o ex-ministro socialista Pierre Moscovici, e o presidente da Assembleia Nacional francesa, Yaël Braun-Pivet, já foram recebidos este sábado, quando também é esperado o presidente do Senado, Gérard Larcher.

Esta ronda servirá para o veterano político (73 anos) experimentar pela primeira vez o país antes de entrar em reuniões com os principais grupos políticos da Assembleia Nacional, que se prevê serem espinhosas.

Será precisamente nesta instituição que se jogará o futuro de Bayrou, que ainda não compôs a sua equipa governamental. O conservador Barnier pode atestar isso.

No dia 4 de dezembro, uma moção de censura apresentada pela esquerda e apoiada pela extrema direita, unida pela sua oposição ao projeto do Orçamento para 2025, derrubou-o. O antigo negociador-chefe da União Europeia para o Brexit durou três meses no cargo, o mais curto desde a Segunda Guerra Mundial.

Bayrou, cujo apoio a Macron nas eleições de 2017 foi crucial para que conquistasse a presidência francesa, terá de lidar com um puzzle parlamentar composto por três blocos, em princípio, inconciliáveis.

A esquerda, ligeiramente maioritária em número de assentos, o centro macronista e a extrema-direita de Marine Le Pen, que foi a que obteve mais votos (11 milhões), mas que o sistema eleitoral francês penalizou em assentos.

Por enquanto, o único grupo que prometeu uma moção de censura a priori foi o esquerdista La Francia Insumisa (LFI), a força líder na aliança da Nova Frente Popular (NFP).

Socialistas e Ecologistas, parceiros da LFI, afirmaram que vão esperar para ver que rumo tomará o novo governo, posição partilhada por Marine Le Pen, que, no entanto, avisou que não descarta apoiar uma nova moção se as exigências dos seus eleitores não são ouvidos.

Dívida pública e desaceleração económica

Entre as prioridades de Bayrou, que estimou durante a sua cerimónia de tomada de posse esta sexta-feira que “há um caminho para a reconciliação” dos franceses, está a aprovação do Orçamento para 2025, que deixou no ar uma série de medidas fiscais que, se forem não entrarem em vigor, podem penalizar a classe média.

O anúncio da agência americana Moody’s, que justificou a descida do rating da dívida soberana francesa devido ao clima de incerteza política em França, fez soar o alarme no Palácio Matignon.

O novo primeiro-ministro convocou este sábado o governador do Banco de França, François Villeroy de Galhau, para discutir as possíveis consequências desta descida.

A queda da nota de longo prazo pode afectar as finanças públicas do país, uma vez que os investidores na dívida francesa podem começar a exigir uma taxa de juro mais elevada para emprestar dinheiro ao país.

Nas outras duas grandes agências de rating globais, Standard & Poor’s e Fitch, a notação da dívida soberana está ao mesmo nível da Moody’s. As três agências consideram a confiabilidade financeira do país “alta”, embora um pouco longe da excelente qualidade.