Setembro 19, 2024
Eu quero ser Teddy Riner: ode aos esportes minoritários
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Para um jornalista esportivo como eu, isso é o paraíso.

Os franceses jogam comigo. Ou talvez seja eu quem os segue. Não sei.

O fato é que nos entendemos.

Também me dou muito bem com meu grande amigo Matías Sartori, que é alto como uma sequóia, dirige a Agência de Imprensa Media Sport, é argentino e filho de um canchero.

Matías Sartori me conta que ele e seu pai não se entendem:

-Meu pai só se interessa por futebol. Estou interessado em outros esportes.

E juntos falamos de tênis, atletismo e ginástica artística.

Falamos, por exemplo, de Simone Biles.

Hoje falamos também sobre Teddy Riner.

Matías Sartori me conta que comprou O time (Ainda existem românticos comprando agendas de papel!). E por mais generoso que seja, ele o espalha na minha mesa e vira as páginas. Simone Biles abre o diário. E depois há quatro páginas de Teddy Riner.

-Você pode imaginar isso? Maravilhoso! -Matías Sartori me conta-. Neste fim de semana houve uma confusão na Argentina. Acontece que Cavani marcou um golaço pelo Boca Juniors no mesmo dia em que o Maligno Torres conquistou o ouro olímpico no BMX. E no dia seguinte os jornais abriram com gol de Cavani e num pequeno escanteio noticiaram o Maligno. Como pode ser? Se nós, argentinos, não tivermos tantos ouros olímpicos! Em toda a história, apenas 22. E quando viram as capas, as pessoas protestaram, claro. Porque a mídia é hipócrita: reclamamos que os atletas minoritários quase não ganham nenhum rendimento. Mas quando eles conseguem algo grande, então nós os ignoramos…

Emmanuel Macron e Teddy Riner se cumprimentam após a luta decisiva, nesta sexta-feira em Paris

Emmanuel Macron e Teddy Riner se cumprimentam após a luta decisiva, nesta sexta-feira em Paris

Luis Robayo/AFP

(…)

Os franceses enlouquecem com Léon Marchand e Teddy Riner. Você vê: um nadador e um judoca. Dan raiva!

É como se Mireia Belmonte e Fran Garrigós parassem o tempo.


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Já pude vivenciar o que Léon Marchand viveu em sua época, no início destes Jogos. Eu o vi vencer os 400 metros medley na colossal piscina de La Défense enquanto 30.000 gargantas, com o tricolor no rosto, gritavam:

-¡Lé-on-Mar-chand! ¡Lé-on-Mar-chand!

Eu vi aquela coisa do Teddy Riner hoje.

Eu vi hoje e, no camarote VIP, o Presidente Macron também viu.

Não foi fácil, porque eu não era o único que queria ver.

Pois bem, esta sessão no Champ de Mars, Paris 2024, teve um rótulo assustador: Evento de Alta Demanda. O apelido nos diz que temos que correr. Se você quiser participar do evento, não durma. Envie um email para a organização e veremos se eles lhe concedem uma vaga. Eu tinha sido razoavelmente rápido.

Devorar rivais

O gigante francês já travou quatro lutas: todas as quatro foram resolvidas por ippon, o equivalente a um nocaute no judô.

(Não vou mentir para você, leitor: acompanho Riner há algum tempo. Acho que ele foi um dos primeiros a se candidatar ao emprego.)

E lá embaixo, no Efêmero Grand Palais (como chamaram esta eventual sede, o pavilhão Champ de Mars, aos pés da Torre Eiffel), a estátua do Marechal Joseph Joffre se mistura com a paróquia.

O marechal Joffre liderou as tropas francesas na Batalha do Marne durante a Primeira Guerra Mundial, mas a paróquia agora fica para outras histórias. A história de Teddy Riner.

Lá vai Teddy Riner (35).

Num piscar de olhos, seus 2,03 metros de altura e seus cem quilos de peso desalojam todos os seus rivais.

Ippon para Magomedomarov (judô ippon é algo como um nocaute de boxe). Ippon para Tushishvili. Ippon para Rakhimov, que sai do tatame sem ter ouvido falar do filme: cai depois de um minuto e três quartos.

Teddy Riner derrota o tadjique Temur Rakhimov na semifinal, nesta sexta-feira em Paris

Teddy Riner derrota o tadjique Temur Rakhimov na semifinal, nesta sexta-feira em Paris

Arlette Bashizi/REUTERS

E no desfecho, enquanto Riner manipula e suprimir para o coreano Kim Minjong, o público canta e canta sem parar como se estivéssemos em Old Trafford, e a minha mente faz-me pensar num templo do futebol mas a realidade traz-me de volta a este centro desportivo parisiense que tanto admiro e invejo.

É assim que sai o gigante, o judoca dos quatro ouros olímpicos (Londres 2012, Rio 2016, Tóquio 2020, aqui por equipes mistas, e Rio 2016), que se prostra no tatame como um astro do futebol, brinca com as câmeras como uma estrela de cinema, ele dança a música de Aya Nakamura como se fosse um dançarino, ele se mistura à paróquia como uma estrela pop.

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