Março 18, 2025
Horizon, An American Saga: Kevin Costner cai do cavalo (**)

Horizon, An American Saga: Kevin Costner cai do cavalo (**)

Continue apos a publicidade

Atualizada

David Lynch, interpretando John Ford, disse ao jovem Gabriel LaBelle, que deu vida ao seu próprio Spielberg, que a relação da câmera com o horizonte não é evidente. A explicação foi ouvida no final do Os Fabelmansa fita autobiográfica do diretor de ET pouco antes de iniciar sua curso no cinema. A câmera, raciocinou o professor (qualquer uma delas, a real ou a fictícia), pode estar supra ou inferior do horizonte e em ambos os casos o projecto é interessante, mas tome zelo ao colocá-la muito no meio, nesse caso você simplesmente fica entediado. Kevin Costner Ele parece ter esquecido a regra de ouro para seu último trabalho. E a verdade, A taboca é grande porque a sofreguidão (sempre venerável) é ainda maior.

Horizonte: uma saga americanaNão é qualquer western. Numa era de revisão dos géneros clássicos, o propósito do realizador de ‘Danças com Lobos’ não é outro senão restabelecer porquê estão, ponto a ponto, cada um dos tropos e lugares comuns que fizeram da conquista do Poente, a proeza do limite, na pedra fundamental do cinema. E a teoria dele é fazer isso, porquê só uma grande teoria admite, em grande estilo. O que se viu pela primeira vez em Cannes na noite de domingo é um filme de três horas que na verdade não passa de um quarto de um projeto que quer superar um dia inteiro sentado no cinema. Quase 12 horas de poeira, galopes, cargas de cavalaria, horizontes infinitos e sinais de fumaça.

“Isso acontece comigo regularmente… Os filmes que quero fazer são os mais complicados de todos. Mas o problema é meu, porque quando me apaixono por uma teoria, me recuso a desistir dela”, comentou o próprio diretor diante da prelo, sem que ficasse totalmente evidente quem falava: o produtor ou o diretor ou, aliás, , Hayes Ellison, seu personagem em um drama que se estende por mais de 15 anos, desde antes da Guerra Social até muito depois.

Continue após a publicidade

Julgar um capítulo que realmente tem muita apresentação é complicado. Acontece-nos incessantemente em séries ou, mais pronunciadamente, em sitcoms. Até os personagens recuperarem o fôlego, não fica totalmente evidente se isso funciona ou o contrário (tivemos dificuldade em amar cada uma das vilezas de George Costanza em ‘Seinfeld’, mas, depois do tempo, só amamos ele). O problema é que esse primeiro incidente ou é uma introdução muito longa ou é simplesmente um capítulo fracassado. Em nenhum momento o filme anuncia ou prefigura alguma coisa que realmente pareça querer descrever além da sua confusão íntima ou do seu compromisso com o ritual do próprio ‘western’. A estrutura do roteiro é tão simples quanto trabalhosa nos diálogos, tão esquemática quanto, portanto, previsível. E assim.

Mas não vamos entrar em pânico ainda. Existem razões para responsabilizar. Não muitos, mas existem. ‘Horizon’ é uma daquelas produções que não só cuida dos detalhes, mas os nutriz profundamente. E isso, honestamente, é estranho. Cada pormenor da direção de arte nos remete a uma era mitológica e, portanto, recriada por todos em qualquer momento, em toda a sua refulgente crueza. E o mais grosseiro é o momento de tomar banho ou limpar um lugar referto de poeira ou sujeira; a precisão com que ritmo lento e sempre perigoso das caravanas ou quão difícil é matar uma pessoa, por mais muito armados que estejamos e por mais que o ódio nos envenene. Costner, que duvidava disso, revela-se um estudioso do objecto com uma meticulosidade às vezes esplendente. E isso, embora pouco, dependendo das circunstâncias, pode ser bastante.

Continue após a publicidade

No momento temos a história de alguns colonos que são exterminados pelos Apaches porque ocuparam seus territórios de caça. Temos isso e um destacamento de cavalaria que, conforme o caso, corre em socorro. Isso e uma família de vilões sem escrúpulos que não hesitam em assediar famílias que não têm zero para expropriar suas almas. Isso e uma tribo (os antigos apaches) que discutem entre buscar a tranquilidade ou admitir a guião. E alguns caçadores de epiderme peludo. E a comunidade chinesa que é bucha de canhão na construção do trem. E, evidente, uma frota onde se misturam algumas pessoas ricas e muitas, muitas pessoas desesperadas. …E no meio, Hayes Ellison, que é Kevin Costner de Todos os Santos. Caso contrário, não falta zero naquele universo que de Boetticher a Ford, passando por Eastwood ou Leone, mas também Kelly Reichardt ou Jane Campiom, moldaram os sonhos do próprio cinema.

Costner não quer subverter zero, nem revisar zero, nem reescrever zero. O seu olhar é antropológico, mais ávido por se deixar encharcar pela trova da imensidão do que por se entregar à derradeira leitura crepuscular com ar simbólico. Costner não é Sam Peckimpah ou Arthur Penn. ‘Horizonte’ é antes de tudo uma enorme ingenuidade que, precisamente na sua transparência, tanto desorienta porquê, convenhamos, encanta. O primeiro capítulo é assim, é um sinistro. Mas o inferior assinado veja o seguinte. E o terceiro e o quarto, se o seu diretor conseguir fazê-los. Aliás, um dos motivos da apresentação em Cannes, pronunciado pelo próprio, é conseguir numerário para continuar pedalando.

Continue após a publicidade

Agora vamos exclusivamente torcer para que o horizonte mude de lugar. Para cima ou para grave, nunca no meio.

Fonte

Continue após a publicidade

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *