Março 19, 2025
Kurt Cobain, o Salinger do grunge

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Kurt Cobain
Kurt Cobain. Foto: Getty.

Kurt Cobain Ele deixou sua clínica de reparação em Los Angeles em 1º de abril de 1994. Ele simplesmente disse “Vou trespassar para comprar tabaco” e pulou um muro. A próxima coisa que ouvimos sobre ele foi que ele estava de volta a Seattle, em procura de heroína. Uma vez que as pessoas, em universal, não se suicidam, e muito menos as estrelas da mídia, que sofrem “overdoses acidentais”, ninguém havia avisado os médicos da clínica que Kurt não era exclusivamente um maníaco-depressivo, mas que havia tentado se matar. dias antes, em Roma, ao final de um concerto em que o público supostamente teria assobiado a realização de “Dumb” com um quarteto de cordas.

Uma vez que se Kurt Cobain precisasse de uma rodada de assobios para fazê-lo querer trespassar do caminho.

O líder de Nirvana Ele voltou para lar e caminhou pela cidade enquanto todos pensavam que ele havia sido reabilitado do outro lado do Oceano Pacífico. Esse foi exatamente o controle e a atenção que ele recebeu. De 1º a 5 de abril negociou preços, trancou-se com seu violão em uma lar de campo e quando ficou simples que desta vez ninguém iria levá-lo ao hospital, que não havia resgate verosímil, escreveu um longo No bilhete de suicídio, ele entrou na estufa e deu um tiro na boca com a espingarda, caso qualquer legista ainda se sentisse tentado a mencionar a termo “acidente” em seu relatório.

A partir daí ele se tornou um ícone, um ídolo, uma imagem em um edital. A partir daquele 5 de abril de 1994, tornou-se tudo o que ele odiava na música pop, mas pelo menos ele não estava mais lá para ver. O que acontece depois? Revisar a biografia de Cobain dá a sentimento de que essa foi sua preocupação desde o início: vanescer. Sorria timidamente e depois vá para lar para que a heroína alivie sua dor de estômago. “Sou uma pessoa muito errática, temperamental e não tenho mais paixão”, escreveu ele, porquê se pedisse desculpas, deixando simples que sua vida não era uma merda, por que seria? Eu simplesmente não gostei mais. Se ele alguma vez gostou.

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O mito de Cobain estava prestes a finalizar com o músico. Ele tinha vinte e sete anos quando explodiu a cabeça. A idade virou tendência, mas ainda é impressionante porquê ele era jovem para ter feito tudo o que fez. O Nirvana não foi o melhor grupo pop dos anos noventa, não foi o mais autodestrutivo, não foi o mais radical nas letras nem o mais poderoso na música. Zero disso. O Nirvana era o grupo de um maluco com um talento enorme e foi exatamente isso que nos transmitiram, os esquisitos. Nós, aqueles de nós que nunca tivemos líderes de torcida cantando em nossos shows.

O Nirvana resumiu uma estética que não existia por si só. Uma estética um tanto vazia, a estética da tristeza. É simples que Cobain estava com pena de si mesmo. Frequentemente. Mas não havia zero imposto a ele. O que fascina em seu personagem, o que faz falta quase trinta anos depois de tudo isso, é sua tremenda honestidade em tudo que fez, até sua honestidade na reclamação, no olhar perdido, no gesto dolorido. Kurt Cobain era uma espécie de Antonio Vega bilionário, réprobo a ver-se em milénio espelhos e a estar continuamente sob escrutínio público.

Não sei se queria vender alguma coisa. Talvez ele quisesse vender alguma coisa. Acho que a tentação do quantia, da nomeada, das drogas e das meninas é geral a qualquer pessoa de vinte e poucos anos. Vamos deixar isto simples desde o início: Cobain não era um moralista. Cobain não fez música para melhorar o mundo nem cometeu suicídio para reclamar contra qualquer injustiça. Cobain, o Peixes e o frágil Cobain, foi simplesmente guiado por impulsos típicos de um ciclotímico: da euforia à depressão e da depressão à próxima ração. Envolver-se na psicanálise significa desperdiçar o que há de mais importante: ele foi um músico inimaginável, um compositor sibilino, às vezes sombrio, mas que conseguiu encontrar a chave sentimental de uma geração. Uma geração que sente pena de si mesma, tudo muito, mas uma geração que não acreditava mais na atração do Armas e rosasla bandas masculinaseles Bon Jovi mudança. Uma geração com a qual falavam rostro a rostro, sem urgência de heroísmo ou terapia.

Descobri Kurt Cobain porquê todo mundo, ou seja, quando a MTV decidiu: o vídeo da liceu do escola com pompons e letras A enroladas em círculo. A venustidade de estranho. “Smells Like Teen Spirit” foi uma espécie de alerta, embora eu não saiba se era para ser um ou o que exatamente pretendia para estipular: “Cá estamos, entretenha-nos”. Cobain representava um manifesto niilismo egocêntrico, um ódio abstrato: a puberdade. Ele era o jovem por superioridade, o Peter Pan no auge do grunge e do peterpanismo literário. “O inferno são os outros” visto não da perspectiva existencialista, mas porquê um veste: você me ferrou, agora o que você quer de mim?

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O sucesso de Deixa para lá Foi justificado. Ele sabia porquê combinar os princípios do punk rock Chuva sanitáriaseu primeiro e despercebido álbum, as influências psicodélicas de Sonic Youtho perturbador e contra-senso pop rock do Fantasistas e as melodias do Beatles. Ele disse tudo isso, eu não inventei. Punk, Frank Preto sim Paul McCartney, aí está. O importante é que ele fez isso de maneira luzidio. E sinceramente, eu insisto. Sei que se conheço os primeiros acordes de “Teen Spirit” é porque minha mãe tinha uma antena parabólica e um executivo da rede músico mais importante do mundo decidiu que eu deveria ouvi-los até meu ânimo explodir, mas posso Não posso deixar de sentir aquela raiva porquê alguma coisa não pré-fabricado, alguma coisa íntimo.

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Esse álbum foi o gatilho para um período muito desconfortável. Quando você se acostuma a ser o perdedor sofredor durante vinte e quatro anos, não sabe porquê ajustar a mudança para uma estrela luzidio com milhões de fãs que o admiram. Uma vez que ele disse em sua própria nota de suicídio, Cobain não estava Freddie Mercury. Cobain não gostou de zero disso. eu nem gostei Sid Vicioso deixando simples seu desconforto. Ele não era um artista de provocação, exclusivamente um introvertido que, ao sorrir, exagerava porquê um macaco em uma feira, pronto para desancar nas pessoas. David Geffen e seus publicitários um novo pôster, uma novidade foto promocional.

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Foi nesses anos que ele conheceu Courtney Paixão. Love gostava de nomeada e de escândalo, mas, supra de tudo, Love entendia Cobain porque, em outros aspectos, eles eram idênticos: puerícia sofrida, família duvidosa, sentimento ordenado de incompreensão. Courtney saiu com força, Kurt se refugiou em sua bandinha e em seu talento. É muito fácil falar de tudo que eles se autodestruíram e da péssima influência que foi a grande viúva do grunge. Não falo sobre o que não sei. Courtney Love era a cantora e compositora de um grupo chamado Buraco que estava passando por seus melhores anos. Quando o Nirvana publicou Chuva sanitáriaeles tiraram Bonito por dentro. Pouco depois da morte de Cobain – dias depois, na verdade – ele lançou Viva issoprovavelmente o melhor álbum da quadra, melhor até que o do Nirvana.

Exclusivamente Courtney Love carecia de carisma. Precisamente por motivo de sua regra em ser carismática. Ou você tem isso ou não, e o que a natureza não dá, a anfetamina não empresta. O carisma de Cobain consistia precisamente na sua tristeza. Em não fingir sua tristeza. Vê-se o famoso Desconectado em Novidade York, aquela obra de arte que antecedeu sua morte alguns meses, e vê o varão mais triste do mundo. Ele não vê um varão que finge ser o mais triste; Não, não estou dizendo isso. Ele vê a tristeza no gesto torto e curvado, no violão porquê único esteio, nos olhos claros e na barba loira, aquele varão desprotegido que, por sua vez, ficava dando ordens e colocando cada música exatamente porquê queria.

Estou tomando leite morno e laxantes, antiácidos com sabor de cereja.

Um tanto antes disso, No utero. Início de 1993. O álbum da glorificação, mas a glorificação de quê? Cobain tinha completado de se tornar pai e às vezes flertava com a felicidade. Frances Bean Cobain-Paixão brincava nos vestiários enquanto seu pai, escoltado do sempre sóbrio Krist Novoselic e o entusiasta David Grohl, se perdeu nos Estados Unidos, na Europa, na América do Sul… apresentando um álbum mais complicado, menos pop, com alguma coisa parecido com um estilo próprio. Aquela magnética “Rape Me”, aquelas três notas repetidas ad nauseam de “Heart-Shaped Box”: Ei, espere, tenho uma novidade reclamação.

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O álbum foi um fenômeno de vendas, exclusivamente ligeiramente subordinado ao Deixa para lá. Foram os anos pós-grunge. Não sabíamos porque tudo indicava o contrário. Hollywood estava rolando Músicas sim Mordidas da veras e todas as crianças de Seattle e periferia aproveitaram a oportunidade para deixar o reduto da Sub Pop, mas a raiva acabou. Bill Clinton e seu saxofone tinha completado com tudo isso e realmente as líderes de torcida, agora, estavam morrendo de vontade de trespassar com o extravagante da lição.

Cobain não sabia para onde ir. Todos olhavam para ele e ele não sabia onde encontrar respostas. Talvez em REM O charme de Michael Stipe Foi justamente a sua capacidade de fazer o que quisesse e de saber mourejar com o sucesso com uma calma surpreendente, sem nunca perder a voz, sem ceder às pressões multinacionais. Ele Desconectado Era para ser uma homenagem Automático para o povo. Foi um álbum tranquilo, uma performance calma, de dor atenuada. Ele decidiu iniciar com “About a Girl”, uma bela música punk perdida em seu primeiro álbum, que ele transformou em uma homenagem ao pop dos anos 60. Ele fez um cover David Bowieconvidou o Fantoches de músculossubiu para Steve Albini subiu ao palco, murmurou algumas palavras entre as músicas e terminou com uma velha música sulista: “Minha pequena, minha pequena, não minta para mim, me diga onde você dormiu ontem à noite” que foi gradualmente se desintegrando, a ordenado ritmo, mas a voz prestes a quebrar, Cobain prestes a chorar. “Minha rapariga, minha rapariga…” cantava ele, aos vinte e seis anos, e havia em sua voz a amargura do caráter de Faulkner que vê sua vida desde a vetustez do campo maldito.

O passeio passou por Madrid antes de terminar em Roma para os corajosos. Não pude ir vê-los porque não tinha idade nem quantia, mais precisamente o último. Eu esperaria pelo próximo show, só que nunca houve próximo show, vocês já sabem disso. De repente, um dia chegou a notícia. Em 9 de abril de 1994, quando um eletricista o encontrou derrubado no solo, recluso a uma cadeira rodeado de sangue sedento. Eles estavam procurando por ele há uma semana, com tanto interesse que não haviam procurado sua lar em Seattle. Indócil. Ele estava morto há quatro dias. No dia seguinte, usamos crepes pretos para ir à escola porque não sabíamos porquê ser naturais em nossa autopiedade. Courtney Love leu o bilhete em voz subida para Boddha, sua amiga de puerícia imaginária, enquanto fungava e lançava insultos. Uma vez que se fosse ela quem tivesse cometido suicídio.

Quem já fantasiou vanescer vai se lembrar dessa despedida. Foi uma grande despedida, dadas as circunstâncias. Conseqüente, porquê quase tudo. Gostaria de pensar que, se ainda estivesse vivo, com quase sessenta anos, seria uma espécie de Salinger da música, aposentou-se numa lar nas montanhas, provavelmente bebendo a própria urina e compondo músicas que ninguém não gravará. Isso ou alguma coisa mais simples, porquê Novoselic, em Seattle, ajudando pequenos grupos, longe da mídia e das redes de videoclipes, desapareceu à sua maneira.

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Só sei que eles não o teriam deixado. Eles não o teriam deixado vanescer de outra forma que não fosse esta. Pelo menos ele não se encheu de drogas, misturou-as com álcool e entrou na banheira. Ele não bebeu garrafas de vodca até seu coração parar. Ele cometeu suicídio americano, com uma camisa de rachador. Não quis adoçar a despedida: só lhe restou, depois de tantos transtornos, que fosse entendida porquê um “até logo”.

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