O filólogo e membro da Real Ateneu Espanhola da Língua (RAE) Francisco Rico, técnico na bibliografia de Miguel de Cervantes e mormente na sua obra mais famosa, ‘Dom Quixote’, morreu leste sábado aos 81 anos. Hospital Barcelona.
Nascido na capital catalã, foi discípulo de José Manuel Blecua e Martí de Riquer e professor emérito de Literaturas Hispânicas Medievais na Universidade Autônoma de Barcelona (UAB). Foi também eleito doutor honoris razão pelas universidades de Bordéus, Nápoles, Valladolid e Bolonha, em 1998 ganhou o Prémio Internacional Menéndez Pelayo e em 2016 recebeu a Medalha de Ouro de Préstimo em Belas Artes.
O reputado aluno foi responsável de inúmeras obras e edições de clássicos medievais e da Idade de Ouro, com peculiar destaque para Dom Quixote e também para a figura de ‘Lazarillo de Tormes’.
“Na literatura de todos os tempos, talvez nenhum outro personagem tenha conseguido combinar tantos valores autênticos e ilusórios e, portanto, suscitar risos e pasmo de forma tão duradoura. É quase um milagre (e é o sigilo de uma arte e de um estado de espírito) que Cervantes tenha conseguido reunir em Dom Quixote facetas tão contrastantes, contraditórias ou à primeira vista inconciliáveis, e conseguir um efeito de uma naturalidade tão cativante”, observou. numa das conferências em que, em 2016, analisou a personagem mais famosa de Cervantes.
O próprio Rico também acabou se tornando personagem literário em alguns romances de um de seus grandes amigos, o plumitivo Javier Marías, falecido em setembro de 2022.