“Que teoria” teve o músico napolitano Pino D’Angiò em 1980 quando começou a testar, há mais de quarenta anos, o que poderia ser o início de alguma coisa semelhante ao rap italiano. Ele fez isso publicando Mas qual teoria, um sucesso em todas as paradas que em muito pouco tempo se tornou um hino dos anos oitenta em todos os clubes. E não exclusivamente italiano: o sucesso vendeu dois milhões e meio de cópias na Itália e doze milhões em todo o mundo. Só na Espanha ficou no topo das músicas mais ouvidas durante quase três meses. O sucesso foi tanto que existiu até uma versão em espanhol.
Na verdade, Pino D’Angiò nem era chamado assim. Nasceu em 1952 em Pompéia, aos pés do Monte Vesúvio, com o nome de Giuseppe Chierchia, nome muito mais difícil de lembrar. Morreu oriente sábado aos 71 anos – completaria 72 anos dentro de algumas semanas –, depois de suportar de vários tumores ao longo da vida. O último, um problema de gorgomilos, pelo qual foi operado seis vezes em 2021, segundo ele mesmo disse.
Ele também teve um ataque cardíaco e uma paragem cardíaca. Mas zero disso conseguiu afastá-lo do palco e ele continuou no palco até o término. Sua última música, Sali sul treno, foi publicada há um ano. Nesta edição de 2024 do lendário festival de Sanremo, ele mostrou que a teoria Ma quale ainda irradia relevância ao cantá-la com o muito jovem Bnkr44 na noite dedicada aos duetos, e a novidade versão logo se tornou um sucesso de visualizações na plataforma Tiktok. “Ele era uma mito, um ícone, um varão que fez todo mundo se gostar e dançar e que nos ensinou o valor da vida, da humildade e do inadvertência”, a orquestra se despediu dele ao saber da notícia de sua morte.
“Todo mundo define isso porquê proto-rap”, explicou ele em uma de suas últimas entrevistas ao La Repubblica. “Mas eu nem sabia o que era rap, apesar de ter voltado recentemente dos EUA. Lá eu tinha me envolvido muito com o funk. Naquela música tinha de tudo: o refrão com as vozes parecidas com as dos Bee Gees, o playboy bandido com o cigarro na boca”, lembrou.
D’Angiò, embora entendesse sua profissão porquê um jogo, sabia muito sobre fazer sucessos, porquê The Age of Love, uma das primeiras canções da música trance. Também escreveu para Mina Ma chi è quello lì, atuou porquê ator – participou de um filme de Giuseppe Tornatore – e até porquê dublador, fazendo a voz de Woody Allen. Grande colega do também cantor Gianni Morandi, quando precisou de numerário para revestir despesas hospitalares, emprestou-lhe sem pensar duas vezes.
“Não há palavras para explicar a trevas deste momento. Com imensa dor, a família anuncia que hoje Pino nos deixou. “Você foi o presente mais lindo que a vida poderia dar às pessoas que tiveram o privilégio de te saber”, podia ler-se numa mensagem publicada no seu perfil nas redes sociais.

Pino d’Angiò, durante uma apresentação nos anos 80
“Sua psique dançou com alegrias e dores sempre da mesma forma, com a força delicada de um leão sorridente. Tudo, além do imaginável, tudo isso você foi, você é e continuará sendo”, se despediram.
Personagem sociável, veemente e irônico, sempre com um cigarro aceso na caixa, D’Angiò nunca gostou muito das regras do jogo. Em 1989 chegou a fingir um desmaio para evitar ir a Sanremo, pois sua insolência e voz rouca não combinavam com o festival. Ele não podia desistir de um concurso e decidiu seguir esse caminho perigoso. Simples: antes ele disse à mãe que lhe dissesse que o que iria ver na televisão não era verdade. “Que teoria”.