Maio 9, 2025
Nenhuma notícia do porvir – Artezblai

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Início esta entrega sem rumo e penso que não é necessário traçar um roteiro para a vida em universal ou redigir uma entrega desta homilia lunar que só tem um sentido: executar. Não há inspiração que me mova, nem mesmo raiva que me mova. Zero. Questões pessoais e questões coletivas me colocaram na periferia da responsabilidade. Elaborei cartas para transmitir o horror que a ameaço de guerra mundial provoca em mim. Coloquei adjetivos porque não consigo colocar os verbos adequados para explicar o que pode devastar um vistoria médico em que descobrem um cabo fora de sua conexão.

É por isso que não recebo notícias do porvir. Os meios habituais de notícia foram bloqueados. E nesta pouquidade enfrento as minhas contradições com uma fé ainda maior. O que você pode esperar neste ponto do jogo? O adequado seria alienar-se e seguir o caminho do meio, o do hosana floral, pois é por isso que estamos numa primavera de agosto, mas procuro proteção nos outdoors e a primeira sensação é de estar envolvido numa transição ao os pontos de decisão vitais organizacionais que em alguns pontos do poder estão sendo administrados de forma decisiva e em outros com rotina.

E ainda assim são anunciados festivais, programação, mudanças, substituições, estatísticas, premiações e mais prêmios. E ainda mais prêmios. Sombras de um catálogo de impertinências. No fundo, o que existe é um ataque de individualismo camuflado uma vez que uma orgia de fantasia com tons de sado. Ou dito de forma desajeitada, o capador mais idiota. Porque numa daquelas noites inigualáveis, aparece um fantasma, percorrendo as mesas, os grupos, os centros de decisão política, e ao ritmo da rumba electrónica, pergunta se alguém está a controlar a situação. E os questionados ficam com raiva. E respondem com explosões ou com ambiguidades deliberadas. A oferta e a procura estão equilibradas?

O que fazemos, apoiamos, produzimos, divulgamos, criticamos ou programamos é um ato cultural que necessita, de forma importante, da presença dessa outra entidade fundacional: o público. E esse público não é um cliente, mas sim um cidadão, um tributário, um amante da literatura de Chekhov ou das magníficas expressões físicas daquele sublime dançarino. Portanto, não se pode estar sempre entretido, perdido, satisfeito, com questões profissionais, gerenciais ou políticas. Isso é um álibi para que tudo permaneça na mediocridade do menos ruim, do plugado ou do oponente de marca branca.

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Desisto. Entro no processo de reconstrução. Vou ver se há uma saída de emergência. Entretanto afinaremos os trombones, clarificaremos as nossas vozes, ajustaremos melhor os nossos passos e ficaremos imóveis, uma vez que uma estátua de sal, para sermos fotografados por qualquer câmara até à epifania do novo redentor das hordas teatrais que caminham em direção ao acúmulo e gorgolejo. Enquanto se distribuem esmolas, nós que necessitamos daremos graças ao Senhor do boletim solene. Faremos uma romaria aos seus quartos, fingiremos ser contraditórios, imploraremos ajuda, ampliaremos a intervalo entre o possibilismo projecto e a acto política cultural determinada. Ou talvez exatamente o contrário, que não esteja à profundeza de muita demagogia.

Deixo-vos a minha mensagem, vou enviar pombos-correio, sinais de fumo, certificados de existência e convívio. Se por contingência. Embora talvez seja mais pragmático prestar atenção a outro ditado popular: por que se preocupar com meios dias quando há dias inteiros? O porvir pode esperar.

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