O porvir do lendário quiosque bar do Alasca, localizado no meio histórico de Palma há 87 anos, é incerto. Segundo a Câmara Municipal, a remodelação da Plaça del Mercat, onde se encontra, está prevista para 2024, e oriente projecto determinará o porvir do bar. Diante da prenúncio de desaparecimento, levantaram-se vozes que promovem a sua conservação. É um elemento que caracteriza a rossio há muitos anos e está na memória e no coração da cidade. Ele estrelou cartões postais e até mesmo um proclamação por telefone.
O quiosque bar Alaska está na Plaça del Mercat desde 1936. Anteriormente, no mesmo sítio, funcionava um carrinho de sorvetes. O sorveteiro vendia sorvete no verão e maçãs cristalizadas no inverno. O primeiro proprietário do Alasca foi um obreiro de sorvetes, o nome faz referência ao estado norte-americano muito enregelado. Ele vendeu sorvete e depois horchata de noz-tigre. A localização do quiosque era bastante estratégica porque à sua frente ficava o cinema “Actualidades”, espaço inaugurado um pouco antes, em 1932. Nascente cinema projetava cinejornais e desenhos animados. “Notícias” era também o nome do quiosque de notícias, situado um pouco mais perto do prédio Can Berga, recente Tribunal Provincial das Ilhas Baleares, mais ou menos no sítio onde se encontra o recente quiosque.
As dimensões do quiosque eram aproximadamente metade das atuais. Especificamente, era do tamanho da cozinha hoje. O sorvete era distribuído por uma janela lateral. Posteriormente foi dilatado um bar, enquanto o quiosque foi transformado em cervejaria e hamburgueria. Mantém as portas de madeira originais. A confecção do sorvete era manual, com bombas que precisavam ser giradas por horas. Na dez de 1940, o sorvete era trazido de uma fábrica em vasilhames e misturado com pás de madeira. Posteriormente, foi instalada uma máquina para fabricá-los.

Quando Felipe ainda não era “sexto”, unicamente um príncipe
O quiosque faz secção da história da cidade. Tem evoluído. Foi e continua a ser um ponto de encontro, principalmente para residentes e gentes de Palma. Durante o período pós-guerra – dez de 1940 – teve um porvir mais cinzento. Mas na dez de 50, com os primeiros turistas, internacionalizou-se. Foi um dos primeiros lugares a popularizar os hambúrgueres e o que naquela era se chamava “Frankfurt”, uma linguiça cozida típica desta cidade alemã, mais tarde um cachorro-quente na tradução literal do “cachorro-quente” americano.
Simone Claudio Giagoni, um dos atuais trabalhadores, lembra em conversa com elDiario.es que lhe disseram que, nos primeiros tempos, não havia pães para hambúrgueres e se usava pão fatiado. Outra novidade foi a introdução do sanduíche, neste caso de influência inglesa, diferenciado do sanduíche clássico pela utilização de pão fatiado, sabido uma vez que pão inglês.
Por sua vez, Miguel Oliva, um dos garçons mais veteranos, destaca ao elDiario.es que o atual superintendente de Estado, Felipe VI, suas irmãs, Elena e Cristina, e a Rainha Sofia eram clientes do bar. Também era generalidade ver a mana do rei Juan Carlos, Pilar de Borbón, e sua filha Simoneta. Artistas, pintores, atores também já foram clientes do bar. São várias gerações de moradores de Palma que têm memória do quiosque.
Francisco Soria começou a trabalhar no Alasca em 1968, naqueles anos a concessionária era Pascual Lamban e o nome mudou para Kiosko Real. Uma placa iluminada em forma de triângulo anunciava-a uma vez que uma cervejaria. “Na dez de 60 já vendiam hambúrgueres e enchidos há muito tempo e foi feita a remodelação que instalou o bar, tal uma vez que está agora”, recorda. Naquela era, um litro de cerveja – quase meio litro – custava 11 pesetas e um hambúrguer, 8.
Nos anos 60 havia na rossio um fotógrafo de rua com um cavalo de madeira, outro fotógrafo ambulante e um vendedor, com um imbecil, de botijos e souvenirs. A rossio, com estes elementos, foi tema de um postal dos anos sessenta. Mais tarde, unicamente o quiosque protagonizou outro postal editado pelo fotógrafo barcelonês Christian Schallert, com uma imagem de Miguel Ferrer.

Alguns sinais únicos
Com o tempo, o quiosque ganhou ares de um estabelecimento de fast food, uma lanchonete americana. Estava iluminado com lâmpadas fluorescentes e alguns letreiros de néon. Seu paisagem atual é da dez de sessenta, quando se chamava Real. A partir de 1991, voltou a se invocar Alasca. Amaya Lambán, filha de Pascual Lambán, que teve a licença do quiosque de 1968 a 1991, lembra que quando petiz brincava no bar. “Passava um tempo dentro do quiosque e quando alguém pedia um sorvete eu avisava os garçons. Eu tinha oito anos de idade. Agora não dava nem para chegar perto do quiosque”, lembra. Ela, que guarda uma retrato com o pai ao lado de uma enorme caixa registradora, lembra que no fundo havia uma reprodução de duas casquinhas de sorvete, uma branca e outra azul.

Toni Sorell, de Rotuïlla, destaca o valor dos sinais atuais que, na sua opinião, merecem conservação. São sinais característicos dos anos setenta que existem há décadas com pouquíssimas variações. “Uma das características do quiosque – destaca – é o seu lettering, com tipografia ‘brush script’, ‘itc bahuaus’ e ‘falcon pro’.” “Toda a sinalização está em bom estado”, acrescenta. Precisamente, Sorell realiza campanhas para preservar as antigas placas. No caso do Alaska, salienta que a sua conservação, com uma reformulação, seria adequada porque “é um dos quiosques mais tradicionais, com uma tipologia dos anos sessenta e setenta”.
Sorell destaca ainda que a rossio possui outros elementos que merecem perpetuidade uma vez que as jardineiras, os bancos baixos da era da construção do monumento ao político Antoni Maura (1929) e o quiosque de prelo. Relativamente a oriente último, importa referir que a substituição do idoso quiosque de 1988 pelo recente foi controversa, embora agora, mais de trinta anos depois, seja “uma modelo da arquitectura urbana de meados dos anos oitenta”, destaca Sorell. . Hoje restam unicamente meia dúzia de quiosques de notícias e é muito provável que desapareçam gradualmente. Na renovação destas concessões, o negócio terá de ser alargado à comercialização de outros produtos e atividades, uma vez que recargas móveis e outros serviços.

O Alasca ainda está lá
O Alasca é sobrevivente de alguns negócios que caracterizaram a rossio durante anos. Entre eles a churrería “La Rosaleda”, a farmácia Isabel Coll, com um barômetro gigante na frontaria, e o fotógrafo Bernat Castell. Quem continua é Emilio Macanás com a barraca de castanhas. Todo esse conjunto de negócios, pessoas e espaços configura a memória sentimental da cidade.

Angels Fermoselle, vice-presidente da Associação para a Revitalização de Cascos Antigos (ARCA), destaca que o Alasca é um exemplo de “patrimônio incorpóreo”. “Objetos, edifícios e espaços que adquirem significado cultural e acabam caracterizando um sítio”, acrescenta. Neste caso, o valor patrimonial baseia-se “na memória do povo”. Muita gente tem lembranças da rossio e do quiosque. Na sua opinião, temos que pensar no que fazer nestas situações.
Fermoselle lembra que também houve protestos para impedir a demolição de um bar de praia no porto de Pollença ou, mais recentemente, o caso Bugalow, e sublinha que “é preciso ter desvelo com o espaço público, não é recomendável uma ocupação totalmente mercantil”. “No caso do Alasca, se voltar à licença, terá que ser ampliado para se adequar à regulamentação atual”, especifica. Outrossim, acrescenta que “não se trata de fazer um clube de praia” na Plaça des Mercat.
O Alasca é um exemplo de patrimônio incorpóreo. Objetos, edifícios e espaços que adquirem significado cultural e acabam por caracterizar um sítio. É fundamentado na memória do povo
Anjos Fermoselle
– Vice-presidente da Associação para a Revitalização de Capacetes Antigos (ARCA)
O porvir dos quiosques de notícias e dos bares de praia merece um “debate”, conclui Fermoselle. Acrescenta que no caso do quiosque emblemático poderia ser encontrada uma solução que, no cumprimento da lei, não implicasse uma transformação da sua imagem ou do tipo de resultado, porque qualquer mudança radical significaria romper com a memória colectiva e, neste caso, “a perpetuidade seria questionável”.
Da mesma forma, a Conselheira das Finanças e Governo Interno da Câmara Municipal de Palma, Mercedes Sideral, afirmou durante um debate que teve lugar na sede da ARCA que o porvir do Alasca dependerá da reforma da Plaça del Mercat. A licença do bar expirou desde 2007 e a solução foi adiada. Neste momento, os concessionários pagam 9.100 euros por mês, numa situação provisória. A Câmara Municipal de Palma está em processo de licença de quiosques de prelo e lojas que têm a licença rescindida há anos.
Por sua vez, Josep Massot, vice-presidente da ARCA, destaca que a remodelação prevista da Plaça del Mercat deve preservar os elementos únicos da rossio, os bancos que são da era do monumento Maura (1929) e até o atual quiosque. .prelo dos anos oitenta. Massot destaca que a rossio é um dos espaços de Palma que possui edifícios mais protegidos, uma vez que Can Ques, uma construção racionalista, ou Can Berga. Por enquanto, enquanto o seu porvir continua a ser deliberado, o Alasca continua a ser um ponto de encontro e referência para o povo de Palma.