Setembro 19, 2024
O Ministro da Defesa português exige que Espanha entregue a cidade de Olivença
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O ministro da Defesa Nacional de Portugal, Nuno Melo, exigiu esta sexta-feira à Espanha a entrega da vila de Olivença, em Badajoz, situada perto da fronteira entre os dois países, sublinhando que se trata de um município português “por tratado” e entende que é um direito “justo” de exigir esta reivindicação.

“Olivença é portuguesa, naturalmente, e não é uma provocação”, disse em declarações à comunicação social a partir de Estremoz, no distrito de Évora, segundo a agência portuguesa Lusa.

Vista panorâmica do município de Olivença, Badajoz

Vista panorâmica do município de Olivença, Badajoz

Terceiros

O ministro explicou que de acordo com o Tratado de Alcañices, o Estado português não reconhece Olivença como território espanhol. Nuno Melo lembrou que já defendia esta questão quando era eurodeputado, pelo que não está disposto a desistir desta pretensão.

Olivença é um município situado na fronteira, que a Coroa de Castela deu a Portugal com o Tratado de Alcañices em 1297. No entanto, regressou à soberania espanhola durante a Guerra das Laranjas, com a assinatura do Tratado de Badajoz em 1801. Mas em Portugal persiste a alegação de que é território português e a Espanha não cumpre o que foi posteriormente estabelecido no Congresso de Viena de 1815.

“Por tratado, Olivença deve ser entregue ao Estado português”, insistiu Melo, membro do Executivo conservador liderado por Luís Montenegro, que governa desde abril.

Uma praça em Olivença

Uma praça em Olivença

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Por seu lado, o líder do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, rejeitou as declarações do ministro, que descreveu como “extremamente graves” e com “impacto na política externa”, especialmente nas relações diplomáticas com Espanha. Assim, exigiu responsabilidade do primeiro-ministro, Luis Montenegro.

Embora a posição oficial tradicional de Portugal tenha sido a de defender a sua soberania sobre Olivença, a questão manteve-se longe da agenda política entre Portugal e Espanha nas últimas décadas.

Fronteira desfocada há décadas

Deste lado da fronteira, o presidente da Câmara de Olivença, Manuel José González Andrade, afirmou que os discursos que procuram “separar através das fronteiras, no século XXI, foram mais do que esquecidos e pertencem a séculos passados”.

“Estou convencido de que o ministro tem assuntos mais urgentes e importantes para tratar neste momento”, acrescentou.

O autarca de Oliventino explicou que neste concelho trabalhamos “pelo que nos une, que é muito mais do que o que nos separa numa fronteira que está confusa há décadas”.

“A Olivença está plenamente satisfeita e orgulhosa do seu passado e da sua história porque nos torna únicos e nos permite ter uma identidade única em toda a Península Ibérica”, afirmou.

“Como também tem consciência do seu presente e sabe perfeitamente qual é o seu futuro, ao qual se deve somar esta história partilhada como potencial”, afirmou.

Retornando à soberania de Olivença

Esta afirmação não é nova. É algo recorrente mas espaçado no tempo, assim como as vozes que defendem que esta vila, de cerca de 12 mil habitantes, continue como está, um núcleo de culturas fundidas, “mistura” como dizem os portugueses, e um município com uma longa história de soberania.

Em meados do século XX, em Olivença, a língua ouvida nas ruas era o português, embora esse elo de transmissão que se manteve durante séculos tenha sido quebrado com a morte das gerações mais velhas, pelo que hoje mais de 1.500 oliventinos falam, principalmente os idosos. , mas também os mais jovens, que têm beneficiado das medidas de promoção do conhecimento da língua portuguesa no concelho.

O concelho de Olivença, em Badajoz

O concelho de Olivença, em Badajoz

Terceiros

Apelidos como Pinto-Amaya, Andrades, Piris, Silva ou Sousa proliferam entre os moradores de Olivença, cujas ruas, graças à iniciativa da associação Alem Guadiana, recuperaram a sinalização dupla espanhola e portuguesa no centro histórico.

Apesar desta harmonia, as declarações de políticos e altos funcionários de Espanha e Portugal sempre a perturbaram.

Se viajar até 1999, o então embaixador de Portugal em Espanha, António Martíns da Cruz, disse que a reivindicação do Exército Português da população fronteiriça de Olivença “é uma questão que não tem relevância diplomática”, depois de algumas vozes do exército português salientar que a Espanha deveria ter devolvido essa população.

Três anos depois (2002), o então líder social-democrata José Manuel Durão Barroso afirmou que a questão da soberania de Olivença não deveria prejudicar as excelentes relações entre Espanha e Portugal. “É preciso ser objetivo, realista e pragmático. Hoje esse assunto não é prioritário de forma alguma”, afirmou.


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Olivença.

Contudo, nesse mesmo ano, o antigo coronel do Estado-Maior do Exército Português, Américo José Guimarães Fernandes, afirmou em Badajoz que Olivença era “parte integrante do território português”, embora tenha esclarecido que a última palavra sobre este assunto deveria ser tomada pelos oliventinos.

No entanto, o coronel e historiador esclareceu que as actuais relações entre os dois países “são irmãs” e destacou que a influência de Portugal na história de Espanha tem sido tão grande como a do país hispânico nos portugueses, ao mesmo tempo que insistiu que Portugal “Nunca foi uma ameaça à integridade da Espanha.”

Um ano depois, a questão adquiriu um carácter internacional quando foi revelado que a Agência Central de Inteligência (CIA) americana incluía a questão da soberania de Olivença nos seus ficheiros sobre Portugal e Espanha.

“Isso foi dito pela CIA”, disse o prefeito, “uma organização muito prestigiada, mas, na minha opinião, um pouco rigorosa e um tanto distraída, e que quase nos obrigou a inaugurar a Feira com trajes camuflados”, disse o prefeito Ramón Rocha. na abertura de um evento taurino.

Sobre esta mesma questão, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, António Martins da Cruz, disse que a questão de Olivença está congelada, não deve ser reaberta “e não consta da agenda política” com o país vizinho.

O ministro, em declarações difundidas pelos meios de comunicação social portugueses, rejeitou a possibilidade de realizar qualquer diligência diplomática e disse que “temos de agir com cautela em assuntos que possam pôr em causa as relações com um dos maiores parceiros económicos de Portugal”.

“O problema de Olivença”, disse o ministro português, “está congelado desde o Tratado de Viena de 1815”, que Espanha não aceitou, e Martins da Cruz apenas admitiu que a disputa poderia ser resolvida entre as duas nações num outro momento.

Em 2004, o ex-embaixador de Espanha Máximo Cajal apresentou o seu livro ‘Ceuta e Melilha, Olivença e Gibraltar. Onde termina a Espanha?’, onde levanta a necessidade de Espanha reconhecer abertamente a existência de um problema com Portugal por causa de Olivença.

Segundo explicou, Olivença é espanhola, “mesmo que apenas por razões geográficas”, mas afirmou que seria bom que Espanha tomasse consciência disso e procurasse alguma fórmula para aliviar este desconforto, porque “admitir a existência do problema seria denotam uma certa sensibilidade.”

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