Bogotá, 19 de fevereiro (EFE).- A chegada do vinho à América, trazido pelos conquistadores e missionários espanhóis, foi uma odisséia que transcendeu até hoje com impacto econômico e cultural, diz Mauricio Bermúdez Rodríguez, responsável de ‘Yo, o vinho’, uma bíblia sobre a viticultura no Novo Mundo.
Bermúdez, vice-presidente da Liceu Colombiana de Gastronomia e professor de enologia da Faculdade de Turismo e Hotelaria da Universidade Externado de Colômbia, acaba de apresentar levante livro que define porquê “uma emocionante história do dom dos deuses e porquê “Ele chegou à América espanhola”.
Em ‘Eu, o vinho’, narra “a teimosia de Cristóvão Colombo, dos pioneiros e das comunidades religiosas, porquê os jesuítas, os franciscanos ou os mercedários, que plantavam vinhas e produziam vinho com cepas trazidas diretamente de Espanha, porquê o Listán Prieto”, explica em entrevista à EFE.
“Se aquela odisséia que foi o Descobrimento e depois a colonização não tivesse se desenvolvido nesses termos, o Chile não seria hoje o quinto lugar no mundo porquê produtor de vinho de qualidade, a Argentina não seria o sexto e a Califórnia não seria o quarto produtor de “veio do mundo”, ressalta.
Desbravadores e missionários
Em sua obra de 535 páginas, com prólogo do enólogo e provador internacional Juan Carlos Rincón, Bermúdez lembra que já na segunda viagem de Colombo à América seus homens plantaram vinhas “a partir de novembro de 1493, em Dominica, Guadalupe, San Juan Bautista e Hispaniola”. Ele não se refere à primeira viagem porque não teve chegada a “escritos confiáveis”, diz Bermúdez.
A primeira plantação de vinha na América foi um processo de “tentativa e erro porque os colonizadores perceberam que na zona onde estão as Antilhas e boa segmento da Colômbia não havia possibilidade de a vinha progredir”.
“Quando chegam aos limites da Novidade Espanha, do que hoje é o México, e mudam de paralelo, percebem que cometeram um erro e que não estavam na mesma posição geográfica das Ilhas Canárias. No atual México e no sul dos Estados Unidos, as culturas são desenvolvidas; Depois vão para Peru, Chile e Argentina”, explica.
Neste processo intervieram o próprio Hernán Cortés, que em 1524 ordenou a plantação de vinhas, e dois destacados missionários: o capuchinho Francisco de Caravantes, que encontrou terras favoráveis no México, na Subida Califórnia e mais tarde no Chile, e o frade xabregano Junípero Serra, fundador de missões na Califórnia.
“O caso de Junípero Serra, na Califórnia, é uma odisséia fantástica porque pede aos indígenas que cultivem a terreno, explicando-lhes que mal obtiverem os frutos, em gratulação a Deus, farão uma capela e desenvolverão a missão”, disse ele. diz sobre a obra deste pregador canonizado em 2015 pelo Papa Francisco.
“Não serve somente para a vinha, mas melhora as culturas frutícolas e hortícolas, modernizando de alguma forma os métodos de cultivo”, acrescenta.
“O desenvolvimento do vinho na América é liderado por comunidades religiosas e isso nos leva a encontrar uma faceta boa da colonização – que teve muitos elementos negativos e terríveis, porquê a escravidão e o massacre de muitas tribos -, porque o trabalho dos missionários é mais humano e mais gentil com os povos indígenas do que o de outros conquistadores”, diz ele.
Graças a esses pioneiros e a outros que vieram depois, o continente americano é hoje produtor de vinhos das variedades Cabernet Sauvignon, Sauvignon Blanc, Merlot, Malbec, Carménere, Pinot Noir, Chardonnay, Syrah, Tannat e Torrontés, entre outras.
O transe das alterações climáticas
‘Yo, el vino’ não só expõe as origens da ‘Vitis vinifera’ e a sua chegada à América, mas também aponta os perigos das alterações climáticas no horizonte desta indústria, que está a “prejudicar” as culturas.
“O aquecimento global porá término às temperaturas frias do inverno e às temperaturas quentes do verão; Ambos os extremos seriam insuportáveis para as vinhas e a chuva, que já é escassa nos melhores terroirs, seria inatingível”, alerta no seu livro.
Com as alterações climáticas, os limites geográficos das áreas de produção tradicionais em ambos os hemisférios mudarão e “países sem tradição na produção de vinho poderiam principiar a produzir, mas não teriam a legado avoengo e a sabedoria secular”, alerta Bermúdez.
O responsável acrescenta que produtores do Chile, Argentina e Califórnia “recuperaram as vinhas originais e estão a trabalhar com uma variedade que vem das Ilhas Canárias e foi muito utilizada na quadra colonial porque descobriram que tem boa resistência às alterações climáticas, ao Listán Prieto.”, um dos que abriram a página do vinho na América.
Jaime Ortega Carrascal