Março 18, 2025
Porquê a desinformação sobre a exacerbação contribuiu para uma tragédia em Moçambique |  Planeta Porvir

Porquê a desinformação sobre a exacerbação contribuiu para uma tragédia em Moçambique | Planeta Porvir

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Hassan Mucussete afirma que foi o pânico que levou ele e a sua família a embarcar no dia 7 num embarcação de pesca sobrecarregado que afundou antes dos seus passageiros conseguirem fugir de Lunga, a sua cidade natal. O pai de cinco filhos, sobrevivente da pior tragédia marítima de que há memória em Moçambique, diz que ultimamente tem ouvido cada vez mais notícias de pessoas com diarreia e outros sintomas associados à exacerbação na província nortenha de Nampula. Quando no dia 7 se espalhou o boato de que uma morte seria causada por esta doença, a notícia se espalhou porquê um incêndio pela cidade de Lunga, com aproximadamente 40.000 habitantes. Muitos vizinhos temiam ser infectados.

Pouco depois, uma canoa que transportava pelo menos 130 pessoas para a pequena ilhota de Moçambique virou, matando mais de 100 delas. Quase duas dúzias continuam desaparecidas. “O marujo [del barco pesquero] Ele tentou nos desencorajar de nos aglomerarmos ao volta do embarcação e dentro dele. Mas todos nos deixamos levar pelo pânico”, explicou Mucussete por telefone. Sua mãe e dois de seus filhos estavam entre as vítimas. Os outros três filhos e a esposa estão entre os 12 que conseguiram revir à costa.

Vários países africanos sofrem com um surto de exacerbação, agravado por inundações e poluição, classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) porquê de risco “muito ressaltado” desde Janeiro, com base na expansão geográfica e na escassez de recursos porquê vacinas, para fazer face ao problema. Moçambique, em privado, enfrenta o maior surto desta doença diarreica em 25 anos, exacerbado durante a moderno quadra de ciclones. A OMS notificou mais de 43 milénio casos no país entre setembro de 2022 e janeiro de 2023, 165 deles fatais. Nampula, província a que pertence o Lunga, é responsável por quase um terço destes casos. As autoridades sublinham que a vila não registou nenhum caso até ao momento e garantem que foi a desinformação – cuja origem exacta não esclareceu – que desencadeou a tragédia marítima.

De pacto com o Media Institute of Southern Africa (MISA), uma organização sem fins lucrativos dedicada a proteger e promover a liberdade dos meios de notícia social, a liberdade de frase e o entrada à informação em 11 países africanos, a razão para os boatos em Moçambique pode ser a “aparente semelhança entre as palavras ‘exacerbação’ e ‘cloro’, que as autoridades utilizam para desinfetar a chuva, precisamente para combater doenças transmitidas pela chuva, porquê a exacerbação.”

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Mucussete, de 39 anos, conta que correu com a família para a praia logo que ouviu rumores de infecções na localidade. Devido à falta de infraestrutura, os barcos pesqueiros são o único meio de transporte disponível para entrar e trespassar desta cidade de difícil entrada. À medida que a espera pelo embarcação de pesca se prolongava, a turba crescia. Relembrando os detalhes da tragédia, em que a maioria dos falecidos eram mulheres e crianças, o pai desolado afirma: “Foram as mãos de Alá que me salvaram”.

A canoa que virou e na qual morreram 100 pessoas neste dia 7 de abril em Lunga, Moçambique.
A canoa que virou e na qual morreram 100 pessoas neste dia 7 de abril em Lunga, Moçambique.DADO PELA SECRETARIA DE ESTADO DE MOÇAMBIQUE

Tragédias recorrentes

Tais incidentes de mortes relacionadas com a exacerbação, causados ​​por desinformação e não pela propagação real da doença, atingiram repetidamente as comunidades deste país do sudeste africano. De pacto com o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA), a desinformação relacionada com a exacerbação levou à desordem e à violência em Dezembro e Janeiro. Porquê resultado, três líderes comunitários nas províncias de Cabo Fino e Nampula foram espancados até à morte posteriormente serem acusados ​​de espalhar a doença, enquanto vários profissionais de saúde foram atacados e dezenas de casas e propriedades foram destruídas.

Estes tipos de incidentes de mortes, causados ​​pela desinformação e não pela propagação real da exacerbação, atingiram repetidamente as comunidades deste país do sudeste africano.

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O Governo afirma que tem tentado evitar leste tipo de incidentes. “Tem havido um trabalho contínuo de sensibilização sobre as causas e sintomas da exacerbação”, na tentativa de evitar que esta desinformação se espalhe, declara Munira Aboudu, gerente da Direcção Provincial de Saúde de Nampula. “Isso é feito por meio de campanhas nas comunidades e programas de rádio veiculados nas redes comunitárias locais. As campanhas se intensificam no período das chuvas”, explica, acrescentando que essas iniciativas são realizadas há anos. O secretário de Estado de Nampula, Jaime Neto, salienta que ondas de desinformação sobre a exacerbação são comuns naquela zona do país, embora “as autoridades de saúde estejam no terreno para propalar informações sobre as verdadeiras causas” da doença.

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A gerente de relações externas do escritório da OMS em Moçambique, Florence Erb, reconhece que a desinformação “se espalha rapidamente com a ajuda das redes sociais e da internet”, gerando “suspicácia” nas autoridades de saúde e “minando” a resposta da saúde pública.

Neste país de quase 33 milhões de habitantes, a taxa de analfabetismo é de 40%, segundo dados do Banco Mundial de 2020. Em declarações ao EL PAÍS, o gerente de notícia e sensibilização do capítulo moçambicano do MISA, Armando Nhantumbo, afirma que “O que O que aconteceu na ilhota de Moçambique foi em segmento consequência da escassez de informação credível, mesmo por segmento de alguns meios de notícia social.” Aponta ainda que “o Governo deve ser proativo, não só na disponibilização atempada de informação de qualidade, mas também na promoção de atividades constantes de literacia do dedo e dotar os cidadãos de ferramentas que lhes permitam honrar entre informação real e simples boatos”. Segundo dados do DataReportal, somente 25% da população de Moçambique tinha entrada à Internet no início de 2024. Mucussete, o sobrevivente de 39 anos ainda chocado com a magnitude da tragédia, não é um deles, e para ele é não há mais culpa do que o Governo. “Mesmo nesta tragédia o Governo está ausente e não ajuda as pessoas resgatadas do naufrágio”, lamenta. “Estamos Sozinhos”.

O evento Lunga, que ocorreu dias antes de a maioria muçulmana de Moçambique festejar o Eid al-Fitr para marcar o termo do mês de jejum do Ramadão, continua a lançar a sua sombra sobre a comunidade de Quivulane, onde reside a maioria das vítimas. Em muitas casas, as celebrações do Eid foram canceladas enquanto as famílias lamentavam a perda dos seus entes queridos, muito depois de o luto vernáculo de três dias ter terminado.

No dia da tragédia, algumas testemunhas oculares partilharam vídeos de inúmeros corpos, muitos deles pertencentes a crianças, jogados numa praia não identificada e cobertos com panos. Outras imagens mostraram moradores carregando corpos em barcos de pesca. Oferecido que Lunga – uma das povoações costeiras mais desfavorecidas num dos países mais pobres do mundo – carece de infra-estruturas rodoviárias básicas, os corpos foram transportados de embarcação para os seus locais de folga.

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