Foi cruel perder daquele jeito. O gol de Dela no lusco-fusco da tarde deixou sem premiação o melhor Real Zaragoza da era de Víctor Fernández, aquele que caiu neste sábado no campo do Levante. Indo do menos para o mais, recuperando-se de um golpe precoce, desenvolvendo um segundo tempo que até se notabilizou pelo futebol e pelas chances de gol, a guia final só deve preocupar na classificação, um tanto, aliás, zero trivial. Em campo, a evolução da equipe ficou evidente ontem. Unicamente quatro dos 12 pontos disputados com Víctor Fernández no banco foram somados, mas a equipe certamente foi dissemelhante ontem.
A partida em si, principalmente no segundo tempo, mostrou um Zaragoza mais cobiçoso. Aquele trajecto que começou com uma guia em vivenda frente ao poderoso Espanyol (0-1), que continuou com um empate indeciso em Anduva frente ao Mirandés (0-0) e que finalmente conquistou a vitória na tarde efectiva frente ao Tenerife (3 -1) , ofereceu ontem a melhor versão do mês com o novo-velho treinador. Víctor gostou do segundo tempo contra o Espanyol, quando na verdade os periquitos recuaram com placar favorável. Do seu ponto de vista de otimismo, ele também encontrou brotos verdes no verdejante do Anduva, com uma gravata à toa que refletia perfeitamente o que aconteceu em Miranda: zero. Com o Tenerife venceu num confronto referto de eficiência, marcando com elevada percentagem de remates e, sobretudo, em momentos cruciais, antes e depois do pausa. As concessões na retaguarda, mormente de Jair, foram alarmantes.
Vamos recapitular: uma guia frente a um Espanyol que venceu quando e porquê quis, um pontinho de zero em Miranda e uma vitória com uma finalização acertada e um erro defensivo, sendo literalmente perdoado pelo Tenerife. No feudo Granota, felizmente, foi dissemelhante. Mesmo tendo perdido, levante Zaragoza foi melhor, muito melhor em relação aos dias anteriores. Num partido que nasceu cruzado e acabou crucificado, Zaragoza sempre mostrou sua face, do início ao término, com a última tesoura de Jair paragem na traço por Andrés Fernández. A equipa aragonesa avançou na frente em seguida um esquina mal defendido em que Brugué marcou, mas conseguiu empatar através de Toni Moya, com um remate quase tão soberbo porquê aquele que daria a vitória ao Levante já no final do jogo. A melhoria ficou mormente evidente no segundo tempo, com chances de Jair, Bakis, Maikel Mesa, Adrián Liso… Nenhum gol foi marcado, não houve sucesso neste caso, mas aquele tímido e contemplativo Real Zaragoza desapareceu.
Durante grande segmento do jogo esteve mais perto do 1-2 do que do 2-1, facto irrefutável que pode ser consultado no vídeo do jogo. Negar, permanecer exclusivamente com a pontuação final constituiria um erro é parecido com pensar que o Levante se labareda time granota porque parece granota. Não, o Levante se labareda time de Granota porque quando jogava no macróbio campo de Vallejo, muito perto do curso do rio Turia, ouvia-se o coaxar dos sapos. E granota significa sapo em valenciano. O Levante mudou-se há décadas para Orriols, onde continua a jogar no renovado campo da rua San Vicente de Paúl, mas a cantiga da rã manteve-se porquê o seu pseudónimo definitivo: a equipa granota.
E a equipa das rãs que coaxaram no Turia venceu-nos levante sábado em Orriols com uma senhora de Dela, quando o empate parecia o mais lógico já que o remate do girino Adrián Liso não terminou em golo. Sim, repito, poderíamos vencer. E é isso que nos resta pelo menos hoje. Talvez amanhã tenhamos outras reflexões quando analisarmos a classificação. Eu disse que talvez… Mas neste sábado, simples, o Real Zaragoza não merecia perder e mostrou uma clara progressão em campo.