A noite músico começou com a joia preciosa do Saguntine Joaqun Rodrigo Máxima para instrumentos de sopro (1966), que estreou em Pittsburgh com grande sucesso. A obra contém diversas mudanças de tempo, de uma troço para outra, conseguindo – pela sua concepção intrínseca – recriar um cenário ‘alla antica’, de nobreza ibérica. A versão de Isabel Rubio destacou adequadamente o sarapintado diferenciado proporcionado pelos metais e madeiras, o cinzelamento dos ritmos – ajudado pela eficiência da percussão – e o perímetro simples das belas melodias que se cruzam. Talvez a poderoso dinâmica pudesse ter sido contida um pouco mais.
Com a participação do jovem e premiado pianista de origem búlgara Roberto Rmenov (2000), residente em Madrid, que já se apresenta uma vez que solista em Espanha, Bulgária, Itália e França, entre outros, o Concerto para piano e orquestra em Dó maior, número 3Op. 26 (1921), de Sergui Prokofiev, que é uma das mais executadas das cinco compostas pelo compositor de São Petersburgo e estreadas em Chicago, interpretadas pelo próprio responsável durante seu exílio.
Levante é um dos concertos em que o instrumento solista e a orquestra partilham o protagonismo de igual para igual, sob a forma de diálogos, sobretudo no primeiro e terceiro movimentos, embora haja a oportunidade de gozar do piano sozinho, ou uma vez que no primeiro movimento, com a mistura das notas altas do teclado com a flauta.
Os dedilhados virtuosos e a fluidez da fala sonora foram muito muito desenhados por Rmenov, assim uma vez que a ousadia no ritmo. O movimento médio, o mais variado e multíplice, é aquele em que o piano apresenta o seu lado mais íntimo. Em alguns momentos, esse excesso de intimidade fez com que o instrumento solo fosse tocado pela orquestra.
O terceiro movimento, para nós o de maior venustidade e virtuosismo, contém melodicismo inspirado e elegância altíssima, sinergizando a venustidade do som do piano obtido por Rmenov com uma corda perfeitamente colada, da qual Isabel Rubio teve permanente consciência, atingindo aquele conjunção um orgasmo excitante que, pouco depois, levou a obra a uma desfecho exibindo brilhantemente a tonalidade em dó maior. Roberto Rmenov e Isabel Rubio alcançaram um sucesso muito valioso na tradução desta peça, saindo pelo menos três vezes para cumprimentá-la.