Ilustradora, poetisa, escritora, cantora, DJ, atriz, ativista da comunidade LGTBI+… Roberta Marrero Foi tudo isso e foi muito mais. Ele nunca se contentou com a unidimensionalidade ou com a ortodoxia, mas dedicou sua vida justamente a expandir as possibilidades do ser humano e do artista totalidade. Sua biografia e, com ela, sua obra, eram um universo em permanente expansão.
Roberta Marrero morreu na última sexta-feira aos 52 anos. Ins Plasenciaamiga e autora do epílogo de seu último livro – a coletânea de poemas Recta à nomeação (Ed. Continta você me tem) – relatou a desculpa da morte através de seu perfil no Instagram.
“Sem palavras, mas com a urgência de lhe proferir, com o nosso supremo saudação e paixão, e sobretudo com a nossa dor, que hoje, 17 de maio de 2024, Roberta Marrero decidiu transpor“, escreveu Plasencia. “Pedro Lemebel disse: “Não tenho amigos, tenho amores”, escreveu Roberta Marrero: “Eu senhoril todos vocês” [Os quiero a todos]. Cá eles são mais tristes e chatos, mas no limbo dos poetas já brilha uma novidade super estrela. “Toda a luz do mundo.”
Nascido em Las Palmas de Gran Canaria em 2 de março de 1972, Marrero era o mais novo de três irmãos. “Não nasci varão nem mulher, nasci bebê. Preciso de tempo para saber quem eu sou…”, escreveu a própria artista, que transformou um incidente aterrorizante – ela engoliu líquido intrauterino ao nascer – em terapia criativa – pública O bebê verdejante. Puerícia, transexualidade e heróis pop (Lunwerg, 2016).
Sua primeira puerícia foi feliz: aprendeu rapidamente a ler e redigir e se dedicou a riscar super-heróis. Depois veio a mudança de escola e a difícil convívio com os alunos mais velhos. Sofri humilhações e insultos. Até a mãe dele acabou chamando-o de “bicha!” em uma ocasião.
“Os ditados e leituras de pais para filhos sugerem-me a puerícia, que foi a quadra mais horroroso da minha vida; não, obrigado. As massas, por outro lado, me sugerem formosura, embora eu não acredite em nenhum deus.. A rito católica (que conheço porque fui criada porquê católica) é linda pela encenação…”, respondi por e-mail há somente algumas semanas para A leitura a saudação de sua participação em leitura coletiva com McKenzie Wark na La Moradia Encendida. “Estou velho, moro sozinho e a verdade é que prefiro continuar lendo sozinho do que escoltado.“, confessou.
Em O bebê verdejante refletiu seu paixão pelas imagens gótico-sinistras: cemitérios, vampiros, Jiménez del Oso, Oscar Wilde, Joy Division… Talvez um revérbero de sua relação com sua tia Nina, uma coveira.
Em sua biografia ele confessou que o pop salvou sua vida no dia em que, aos 11 anos, viu Garoto George na televisão espanhola em 1983: “Foi uma revelação, uma experiência mística; havia homens que se maquiavam e se vestiam de forma feminina”.
Na juventude esteve imerso na música e na estética dos rebeldes do pop, do punk e dos Novos Românticos: David Bowie, Siouxsie and The Banshees, Andy Warhol, Annie Lennox…
Já portanto ela começou a refletir sobre questões sobre a tirania do paixão romântico heterossexual, o patriarcado, a homofobia, a paternidade responsável ou a esperança de vida das mulheres trans.
Também em O bebê verdejante Reconheci porquê ela perdeu a inocência quando muchacho quando entrou contato com a morte. No livro contei a história de Susi, uma mulher transexual que se suicida e é enterrada com identidade de varão em seguida não ser aceita porquê mulher por sua família, sociedade ou igreja no funeral.
Seu primeiro livro ilustrado foi intitulado Ditadores (Ediciones Hidroavin, 2015), em cuja envoltório Franco aparece com um laço da Hello Kitty na cabeça. Marrero gozou de popularidade graças ao seu colagens incríveis, em que misturou pop art, figuras religiosas, estrelas de Hollywood ou detalhes de sua própria biografia. Sua conta no Instagram é uma verdadeira galeria de denúncia e êxtase. Passarinhos perfurados por flechas coexistem com os corações sangrentos de Lorca e Rimbaud.
O artista, que vive há anos em Madrid, também era publicado nos anos 2000 porquê DJ de electroclash. Ele poderia ter visto isso no drama Desconglate! (2003), de Dunia Ayaso e Flix Sabroso, e publicou alguns álbuns solo.
Su primeiro poemario se titul Foi tudo porque era lume. Poemas de cafetões, trans e travestis (Prolongamento você me tem, 2022). Há duas semanas leu no Museu Reina Sofá alguns poemas “com o maior” (Roco Jurado) porquê imagem de fundo. Culta, irônica e luzidio, Roberta Marrero tornou-se uma figura importante para entender a cultura transexual. A mesma que hoje lamenta sua perda precoce.