A corrida de Javis (Ambrossi e Calvo) não tem mais freio, mas todo caminho começa com um primeiro passo. E um dos primeiros passos foi oferecido em 2013, com um músico que começou no lobby do teatro Lara, em Madrid. É A chamada, uma história que mistura música e religião em um acampamento de verão, que chegou às telonas e que hoje, onze anos depois, se tornou um fenômeno de fãs.
Esta primeira dezena é celebrada no teatro Poliorama de Barcelona, com uma surpreendente dedicação do público que prevê muitos mais anos. No palco, um elenco de primeira: Nerea Rodríguez, Angy Fernández, Marta Valverde, Estrella Xtravaganza, Richard Collins-Moore e quatro músicos. A vanguarda conversa com Angy Fernández, que está no elenco há muitos anos. Física e Química e antes, durante e depois, A chamada.
Quando você entrou para o elenco?
Em 2015 porque Anna Castillo saiu para fazer um filme A oliva, pelo que lhe deram um Goya, e já são dez anos de um músico que foi escrito sem pretensão. Saí há dois anos e me ligaram novamente caso eu quisesse vir para Barcelona. Eu pensei que a tinha deixado para trás, mas é porquê A chamada Nunca acaba.
Você gosta de fazer esse músico?
Já vi o palco, subi e me senti em lar novamente. É engraçado porque você faz uma peça e quando termina esquece completamente o texto. Mas com A chamada Isso não acontece: mesmo que tenha pretérito um ano, não esqueço.

Angy Fernández no lobby do teatro Poliorama
Isso é um fenômeno dentro e fora do palco?
O músico tem aquela coisa de que vai para todos os públicos e que esse deus pode ser para muitas coisas. Chega um momento para cada pessoa em que um tanto a labareda para fazer alguma coisa. Cá falamos de uma rapariga, Maria, que vê Deus, mas não é piedoso; A homossexualidade também é discutida… Na idade era transgressor; Agora estamos mais acostumados com esse tipo de coisa.
Você acha que nesses dez anos a sociedade progrediu?
Acho que sim. Obviamente ainda temos um caminho a percorrer, mas estamos todos na luta para fazer mudanças e há mudanças graças a todas as mulheres que lutam, a todo o grupo que luta. Mas ainda permanece, porque viemos de tempos sombrios.
É a liberdade da arte?
O bom da arte é que podemos nos expressar e ser mais livres. Por isso, quando descubro que as peças são censuradas em alguns lugares, me pergunto: se na arte não nos deixam ser tão livres quanto queremos, o que nos resta?
Ela faz o papel de Susana, mas já interpretou outros personagens.
A chamada é isso. Depois de cinco anos, me chamaram para interpretar María, porque a atriz que fez o papel não conseguiu. “Nós confiamos em você”, eles me disseram, e, evidente, ao ouvir as respostas, eu também conhecia esse papel.
“A música ao vivo diferencia a experiência do espetáculo do filme: é a magia do teatro”
Qual personagem você prefere?
Gostei muito de explorar essa María, porque são personagens muito diferentes e ambos se movem à sua maneira. María recebe esse chamado de Deus e Susana está descobrindo que talvez goste de mulheres. É uma era de despertar e essa é a formosura da função. Interpretar os dois personagens me fez aprender muito, mas palato de interpretar Susana porque ela não sofre tanto.
Ele é o curinga de ‘The Call’?
Totalidade! Só me resta interpretar a Mana Milagros, porque tenho quase a idade da personagem.
Existem muitas diferenças com o filme?
Conheço pessoas que só viram o filme e, quando vão ao teatro, ficam acompanhando o espetáculo. Acho que é ao vivo, porque vivenciar é outra coisa: músicos ao vivo, cantamos ao vivo… O teatro tem essa magia!
Os Javis sempre nos deram liberdade, porque são liberdade para todos e todos podem ser felizes
Além deste músico, seu rosto já apareceu em séries, programas, competições musicais…
Chegou um momento em que, porquê A chamada Já trabalhei sozinha, partilhámos os papéis com outras atrizes e isso permitiu-me, por exemplo, ir ao Festival de Mérida em 2017 com A comédia das mentiras, e depois saia em turnê. Eu também fiz o músico Botas extravagantes, e aí não poderia faltar. Os Javis sempre nos deram essa liberdade, porque são liberdade para todos e todos podem ser felizes.
Alguma anedota?
Há alguns beliches de ferro no palco e uma vez me bati com tanta força que renda que fiquei por um segundo e pensei que não iria me restabelecer. Mas a verdadeira anedota é que vou deixá-lo cá, em Barcelona, para sempre. Fiquei muito velho para o papel.
Em 2019, numa decisão corajosa, tornou público que passou por um período de depressão.
Cresci com esse papel e passei por muitas fases, melhores e piores, porquê todo mundo. Falo de saúde mental com naturalidade, não faço isso para me fazer de vítima. Contando a minha experiência, senti que tem sido bom para as pessoas e continuo com isso. Continuo fazendo terapia, continuo lutando todos os dias porquê todo mundo e trata-se de naturalizar isso. Também há quem me culpe por reclamar, e isso não funciona assim: temos que ser um pouco mais empáticos. Sei que tenho privilégios, que posso remunerar um psicólogo, por isso quero dar voz às pessoas que não têm condições.