Grigor Dimitrov Ele é um jogador que passou por um momento muito ruim na curso. Muito. A tal ponto que quase o perdemos. A culpa? O maldito rótulo de “Baby Fed”, que alguém lhe deu quando ele ainda era júnior.
Eles o comparavam o tempo todo a Roger Federer. Suas semelhanças técnicas com o suíço na realização dos chutes fizeram com que ele recebesse muita atenção no início. Isso o fez ter alguns pensamentos que causaram estragos na mente inexperiente de um garoto que ainda não tinha nem 20 anos. Fizeram-no crer em alguma coisa que ainda não existia e que provavelmente nem poderia subsistir.
Seus patrocinadores? Os mesmos. Na prelo? Eles conversaram com ele repetidamente sobre ele. Os aficionados? Sempre os mesmos comentários sobre a fisionomia de Roger. Uma e outra vez. Uma e outra vez. Um depois o outro.
A princípio, isso o fez corar. Ele até gostou, porquê confessou em entrevista. O que Grigor não sabia é que esse rótulo foi um presente envenenado. Chegou um ponto em que deixou de ser engraçado quando as expectativas que as pessoas criaram ao seu volta, e as que ele mesmo acrescentou, não começaram a ser atendidas.
Porque os anos se passaram e o búlgaro não ganhou Grand Slams, e isso o fez pensar muitas coisas na cabeça. “Por que não lucro?”, “Por que não sou porquê os outros dizem que deveria ser?” Esse rótulo tornou-se um fardo que ficava cada vez maior e mais pesado a cada ano. Eles o fizeram crer que precisava vencer 10 Grand Slams antes dos 30 anos, que precisava dominar o rotação supra dos demais e também jogar muito. Tudo porquê Federer.
“Não quero sentir pena de mim mesmo”, disse Dimitrov em entrevista coletiva no ano pretérito sobre o caminho sombrio que percorreu naquela era. “Perdi oportunidades? Sim. Cometi erros? Muitos. Chega um ponto em que aceito tudo o que me foi jogado, o que tive que enfrentar, e sigo em frente. Eu tenho uma oportunidade e quando você tem, você tem que tentar aproveitar”, acrescentou.
E rostro, ele aproveitou isso.
Você tem que ser muito maduro e ter a cabeça muito muito equipada para trinchar as correntes que os outros decidiram colocar em você, penetrar a mochila e deixar de lado o rótulo ‘Baby Fed’, aquele maldito rótulo que te impedia de ser você mesmo. Você tem que ser muito poderoso mentalmente para perceber que não existem duas pessoas iguais, que Roger é Roger e que você é você, e que sempre haverá pessoas que esperam alguma coisa de você, mas que você não pode responder pelas expectativas que as pessoas criou em outros.
Há meses, tenho visto um Grigor dissemelhante. Desde o final da temporada passada, tem uma sensação dissemelhante. Ele parece solto. Um Dimitrov livre de rótulos. De repente, quando parecia que nunca conseguiríamos ver o que realmente havia dentro, ele puxou-o para fora. Tivemos que esperar que ele completasse 33 anos, mas valeu a pena.
Insistimos em percorrer, às vezes. Em que tudo deve ser rápido. Se não sobrevir logo, não pode mais sobrevir. Às vezes, as coisas chegam – ou amadurecem – quando têm que chegar. Nem antes nem depois. Tudo tem seu tempo e “tarde” ou “cedo” é relativo.
Ter retirado o peso desse rótulo tem um enorme préstimo, porque não é fácil fazê-lo. Na vala detrás há uma turba de corpos que sucumbiram à devastação do peso dos rótulos e das comparações. Pessoas que não aguentavam. Que eles não superaram isso. Carreiras truncadas que nunca conhecemos.
Hoje, Grigor poderá olhar para trás com orgulho, por ser hoje um varão mentalmente mais poderoso. superando isso e mostrando ao mundo o que havia dentro. Que ele não é quem os outros queriam que ele fosse. Ele é, simplesmente, Grigor Dimitrov. Ilustre. Nem melhor nem pior. Simplesmente dissemelhante e único.