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Filho da baía do Rio, das iluminações da modernidade brasileira reveladas no final da década de 1950 e seguintes, Sergio Mendes acabou desertando, apanhado nos Estados Unidos, como muitos de seus colegas, após o memorável concerto dado em 1962 no Carnegie Hall em Nova York para promover a bossa nova.
A música “cool” carioca transmutou-se então em um gênero pan-americano, sob a liderança de Stan Getz e Frank Sinatra. Sergio Mendes desenvolveu um som bem norte-americano, muito iluminado, com um frescor arejado, que não tinha igual.
O Brasil, contrariado, lhe deu as costas, antes de atribuir à sua música o rótulo definitivo e desdenhoso de “pop americanizado”. Ele se estabeleceu na Califórnia. O Brasil dispensou, a França adorou e todos ficaram felizes. “Encontrei nos Estados Unidos o mercado ideal, a tecnologia, o complemento da inspiração romântica que nos é natural”ele declarou Mundodurante o lançamento de seu álbum Brasileiroem 1992.
De Brasil ’66, publicado em 1966, com o qual o brasileiro, nascido em 11 de fevereiro de 1941 em Niterói, se tornou um dos líderes mundiais em vendas de discos, avançou seus peões ao casar a bossa-nova com o pop americano, o funk com a fusão do jazz. Sergio Mendes faleceu na quinta-feira, 5 de setembro, após uma longa Covid. Ele tinha 83 anos.
desertor americano
Sergio Mendes tinha-se instalado em Los Angeles e foi um dos eixos de idas e vindas entre o jazz dos crooners do final dos anos 1950 (Frank Sinatra, com quem fez digressão, Bing Crosby, etc.) e a música sulista. Cone. Filho de médico, ilustre pianista desde os 7 anos, gravou em 1961 Dança modernaque contém uma releitura de Ho-ba-la-lade João Gilberto. Fundou então o Sexteto Bossa Rio com o saxofonista Paulo Moura (1932-2010).
Aos 19 anos, tocou com Cannonball Adderley, enviado especial do Departamento de Estado americano ao Rio, encarregado das relações internacionais e preocupado com o estabelecimento dos Estados Unidos no Brasil, utilizando o soft power cultural. O saxofonista o leva ao estúdio para gravar Bossa Nova de Cannonball (Concórdia, 1962). Os Estados Unidos funcionaram então como um imã para os criadores da bossa nova – Tom Jobim, João Gilberto e sua esposa Astrud, Marcos Valle, Eumir Deodato fizeram longas estadias por lá.
De passagem por Paris em 2015 com a esposa, a cantora Gracinha Leporace, casada há cinco décadas, Sergio Mendes, de camisa floral e bom humor, relembrou para nós seus anos de bossa e sua condição de desertor americano. “Aluno do conservatório, vim de Niterói [la ville qui fait face à Rio] de barco, ainda não havia ponte sobre a baía. Tocamos no Bottles Bar em Copacabana, no Beco das Garrafas, com Tom Jobim, Jorge Ben, Nara Leão. Fiquei impressionado com um show de Dave Brubeck. Art Tatum e Horace Silver foram nossos professores sem saber. Não ganhamos nada, mas foi um prazer tocar músicas tão novas! »
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