Seu primeiro álbum se chamava: “A”. Este: “II”, em algarismos romanos. Você gosta de títulos curtos?
Camille Lellouche: Sim, tenho problemas com títulos onde há muitas palavras. Não sei porquê, mas prefiro fórmulas simples. Meu primeiro álbum, que eu esperava há anos, chamava-se “A”. Me disseram: você vai chamar o próximo de “B”? Finalmente, em vez de “dois” ou “segundo”, preferi algarismos romanos. É muito chique.
Como você define esse “II”, dividido entre ritmos oscilantes, toques flamencos e gospel, e carregado por músicas chave como “Va-t-en ou reste”, “Fortes”, “Ma Lumière”?
Acho que isso ilustra minha evolução musical. Não há sofrimento, muito amor e apenas um pouco de melancolia. É ensolarado, bem produzido e rico musicalmente, com presença de guitarras, secas e elétricas, baixo, piano, teclados. Sem esquecer o violoncelo, que é como uma segunda voz. É um instrumento que toca meu coração e minhas entranhas. Prefiro ao violino… Que eu também gosto, cuidado!
Há um pouco de você nessas novas músicas (“Seule”, “Tell me Everything”, “Let”, “In Your Eyes”, “Nino”). Você os considera como confissões, mensagens pessoais?
É menos pessoal que o primeiro, que parecia um diário no qual eu tinha muitas coisas para compartilhar. Lá me sinto mais feliz, mais tranquilo. Revelo-me em “Nino”, em homenagem ao meu amigo Nino Vella, falecido aos 31 anos, e em “Você vai ficar”, dedicado aos meus avós com quem passei a infância. Claro que invento histórias como “Mon temps”, como “Vá embora ou fique”, uma bela valsa em que imagino um casal em crise, ou ainda “Fortes”, que se dirige a todas as mulheres, independentemente da sua origem, sua cultura, sua crença. Mas, novamente, nada pessoal.
Menos ego, então?
Eu tenho ego, mas não neste lugar. Os artistas costumam falar sobre si mesmos, e não sobre os outros. Mas aqui eu acho interessante falar dos outros e não só de mim, de mim, de mim (risos)…
Continue após a publicidade
Em 2012, a cineasta Rebecca Zlotowski notou você e a escalou para seu filme “Grand Central”, ao lado de Léa Seydoux e Tahar Rahim. Aqui você está no Festival de Cinema de Cannes. A partir daí tudo passa muito rápido e você parte para outros filmes como “Meu Desconhecido” e “O Dindon”. Você sonhou com cinema?
Sim, sem realmente acreditar. Todo artista sonha em ampliar sua paleta, experimentar novas experiências e, claro, fazer cinema. Para mim é um fio condutor que fará parte da minha vida até ao fim e que me acompanhará sempre, seja na música, seja no humor. É ótimo poder entrar na pele de um personagem feito sob medida como em “The Happy Elect”, a comédia de sucesso de Frank Bellocq, lançada neste verão. Recusei muitas ofertas porque tento ser consistente com quem sou no registo dramático, cómico ou popular.
Como no seu próximo filme, previsto para o Natal, “The Gifts”?
Sim, o estilo combina comigo. É uma comédia sobre presentes de Natal, daqueles que amamos e daqueles que odiamos. Não direi mais nada para não estragar! Formamos uma equipa feliz com Chantal Lauby, Gérard Darmon, Max Boublil, Mélanie Doutey.
O que você lembra da sua participação no The Voice em 2015 e do seu papel como “salvador de talentos” este ano?
Na época, foi ótimo fazer parte disso. E aí, este ano, me encontrei ao lado de candidatos que não foram selecionados. É valioso poder ajudá-los, apoiá-los, dar-lhes alguns conselhos. Adoro esse papel, “salvador de talentos”. Isto permitiu-me apoiar Juliet, de 22 anos, e Teeo, de 21 anos, e encorajá-los a continuar a aventura. É apenas um programa de televisão que traz um pouco de luz, permite que você acredite sempre em si mesmo e não desista.
Você mesmo não desiste. Como cantora, atriz e comediante, estrela de palco, de redes sociais e de televisão, você preenche todos os requisitos da profissão. Para provar o desafio?
Acima de tudo pelo gosto de alcançar o que desejo profundamente fazer e, acima de tudo, para evitar arrependimentos. Então vou até o fim de tudo como cantora, atriz e comediante. Então, faço tudo porque a vida é curta e tenho a chance de agradar o público. Mas atenção, não tenho pressa, pois percebo que tudo isso exige muito trabalho.
Continue após a publicidade
Na sua biografia que acaba de ser publicada, “Tudo para te contar”, você fala da sua maternidade, do seu parto e do nascimento da sua filha, Alma? Ser mãe, seu melhor papel?
Ah, obviamente é o mais lindo, mas também o mais difícil (risos). Você tem que estar sempre por cima e disponível. É um verdadeiro trabalho de tempo integral.
Continue após a publicidade
Existe um segredo para durar nesta profissão onde tudo pode parar muito rapidamente?
O segredo é ser paciente. É preciso aguentar, trabalhar, superar os momentos em que não acontece muita coisa, ter confiança, estar bem rodeado e ter um pouco de sorte, claro.
Prático