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Encontrámo-lo no Festival de Deauville, onde acaba de apresentar o seu último filme. Boné aparafusado na cabeça, paletó, o chefe do cinema francês nos recebe no canteiro de obras de seu novo estabelecimento, o cinema-bistrô Claude Lelouch, em Trouville. A hora de uma conversa da qual saímos como um redemoinho.
GALA: Finalmente, seu novo longa-metragem parece uma espécie de avaliação?
CLAUDE LELOUCH : Não sabemos quando a vida vai nos mandar parar, então sim, podemos dizer que é um filme-testamento, que aborda o tema Itinerário de uma criança mimada. Voltei ao tema de um homem que foge do seu ambiente porque sair é um desejo que tenho muitas vezes. Deixe tudo para trás, relaxe, volte ao básico. Estou convencido de que a felicidade é gratuita. É um luxo que é caro. A simplicidade não pede nada, ela nos dá liberdade.
GALA: É difícil imaginar você parando de fazer turnê. Você tem outros projetos de filmes?
CL : Sim. Estou pensando em uma sequência. Será chamado No final, isso nunca vai acabar. Penso na morte todos os dias. Mas quando ouço meu instinto, acredito na eternidade. Já são 51 filmes que tenho uma relação maravilhosa com o público, quero continuar essa história…
GALA: O público ainda é o seu maior apoio?
CL : Sim. Quando conheci Woody Allen, ele me disse que havia tentado interpretar Lelouch por quatro anos quando começou. Milos Forman e Kubrick também me citaram como cineasta de referência. Mesmo que eu tenha certo reconhecimento dos meus pares, como Pagnol, Guitry ou Audiard, posso ter sofrido por ter recebido críticas contra mim. Celebro um mundo positivo num universo mediático que ama o negativo. O infortúnio é um sucesso. Bons públicos trazem más notícias. Assim que um homem fica com raiva, entregamos-lhe um microfone. Estou fundamentalmente positivo porque estou convencido de que todos os desastres vividos pela humanidade nos permitiram progredir. O fracasso é a maior universidade que existe. Tudo que conquistei na vida, falhei no começo. Por exemplo, cada vez que um ator me disse não, isso me permitiu conhecer um ator melhor…
GALA: Este foi o caso de Kad Merad, que desempenha o papel principal de Eventualmente ? Você não tinha pensado nele no começo?
CL : É uma revelação. Não é muito bonito e, ao mesmo tempo, é excepcional. Um cara que se parece com Brad Pitt não transmite tantas histórias quanto um homem mediano fisicamente e que precisa se esforçar para seduzir com sua inteligência. Apela à sua generosidade, dá-se, faz um discurso alimentado pela imaginação. E percebi que as mulheres adoram modéstia e honestidade. É isso que estabelece a intimidade.
GALA: Que conselho você daria a um jovem diretor?
CL : Não dirigimos os grandes jogadores, nós os doseamos. Eu doso. Peço aos atores, ou melhor, imploro-lhes, que não atuem. Montgomery Clift ou Brando eram caras que não jogavam. Parar de brincar é dar à verdade uma chance de emergir. Meus filmes são declarações de amor aos atores. Contrato homens que gostaria de ter como amigos. E mulheres que eu gostaria de ter nos braços.
GALA: O tema do amor é uma de suas obsessões. Para que ?
CL : Porque o homem fez todos os progressos, exceto no amor. Ele sempre faz isso da mesma maneira.
GALA: Você vê a sociedade se movendo de qualquer maneira?
CL : Sim e isso não mudou nada para mim. Sempre respeitei as mulheres e nunca flertei. Aqueles com quem casei vieram até mim. Cada vez que fiz amor, em todas as idades da minha vida, me apaixonei. Não fiquei solteiro nem por um segundo na minha vida.
GALA: Então você precisa de profundidade para ter sexualidade…
CL : Não é isso que estou dizendo. Não fumo, não bebo, mas sexo… não me privo de nada. Eu quero saber tudo. Eu me vejo como um repórter de vida, então tentei de tudo. Sempre vi prostitutas, é preciso amá-las, elas fazem os homens felizes. E isso vale para mulheres que vão ver prostitutas. E então, também fui a clubes de swing. Mas o amor se desgasta rapidamente se você o fizer apenas com o corpo e não com a cabeça. Por uma noite, só a beleza pode ser suficiente para sucumbir, a partir da segunda, algo mais acontece.
GALA: Você não acredita em fidelidade, você disse…
CL : Somente idiotas são leais. Lealdade não significa nada. Às vezes é apenas falta de ambição. Acredito que somos fiéis em um relacionamento até encontrarmos algo melhor. Passamos nossas vidas tentando melhorar a nós mesmos. E por que não apaixonado?
GALA: Você mora com a bem-sucedida escritora Valérie Perrin, com quem se casou no ano passado em seu quarto casamento. Isso é mirar alto…
CL : Sim. Valérie, que tem 57 anos, veio até mim. Eu a conheci quando ela me enviou uma carta de três páginas que lisonjeou meu ego e cuja escrita achei bastante excepcional. Eu era pai de sete filhos, vivi o suficiente para chegar ao ponto. Primeiro, eu queria trabalhar com ela. Então eu a empurrei para escrever. Hoje, seus livros estão traduzidos para 52 idiomas. Tenho muita sorte de tê-lo.
GALA: Que tipo de pai você é?
CL: Eu sou Samu. Meus filhos me levam para o dia 15. Eles me ligam assim que algo está errado. Estou aqui para me preocupar, não recuso nada porque tenho preferência pelo sim ao não
Este artigo pode ser encontrado no Gala Nº 1.638, disponível nas bancas no dia 31 de outubro. Para acompanhar as novidades ao vivo, você pode entrar no feed do WhatsApp de Gala. A nova edição de Gala está nas bancas a partir desta quinta-feira, 7 de novembro de 2024. Boa leitura.
Créditos das fotos: FOTOS BENJAMIN DECOIN
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