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Em 22 de março de 1994, Kamala Harris entrou na crônica de São Francisco pela porta dos fundos, a de um artigo do lendário Herb Caen. O jornalista, que assina nas colunas do Crônica de São Francisco durante meio século, revela que na noite proferida para o ano de 60e aniversário de Willie Brown, glória política local, no castelo do bilionário Ron Burkle, perto de Los Angeles, Clint Eastwood derramou sua taça de champanhe na companheira do eleito, Kamala Harris. Aos 29 anos, ela é promotora adjunta no condado de Alameda, em frente a São Francisco. Willie Brown, o todo-poderoso líder da maioria democrata na Assembleia da Califórnia. Ninguém imagina que um dia a jovem será candidata à presidência dos Estados Unidos.
Willie Brown é um dos monstros sagrados da política da Califórnia. Em 1951, aos 17 anos, ele fugiu do segregacionista Texas em busca de fortuna no Ocidente. Em São Francisco, tornou-se advogado, defensor dos pobres e dos marginalizados – os escritórios de advogados não tinham pressa em recrutar um homem negro. Desde 1960, ele participou de todas as convenções democratas. Na Califórnia, ele se tornou o reitor do partido. Foi ele quem ajudou Nancy Pelosi, futura presidente do Congresso, a montar a sua primeira campanha em 1987; ele quem colocou em órbita Gavin Newsom, atual governador do estado, em 1996, ao nomeá-lo para a comissão municipal de estacionamento e trânsito. A cidade adora seus ternos italianos, sua Ferrari e suas piadas.
O nome de Kamala Harris retorna em 29 de novembro de 1994, desta vez no Los Angeles Times. O jornalista Dan Morain revela que Willie Brown, que deverá abandonar o seu lugar na Assembleia da Califórnia – os eleitos votaram a favor de um limite à acumulação de mandatos com o único objectivo, diz-se, de o destituir -, nomeou o jovem advogado para a comissão de monitoramento de contratos de seguro saúde, por um salário anual de US$ 72.000. Esta é a segunda vez, acrescenta o jornalista, que o orador promove o seu atual parceiro. Kamala Harris já se beneficiou de um cargo – pagou US$ 97 mil – no escritório de apelações do seguro-desemprego. Ele também deu a ela um BMW.

O extravagante democrata – vive separado da esposa, é mulherengo, mas nunca se divorcia – está em campanha para prefeito de São Francisco. Ele e Kamala Harris aparecem juntos em jantares em Pacific Heights, bairro nobre com vista para a ponte Golden Gate, na cerimônia do Oscar em Hollywood. Convidado para dar uma conferência em Boston, Willie Brown descobre que Donald Trump quer conversar com ele sobre um projeto imobiliário. O magnata dos cassinos envia seu avião particular (decorado com pinturas de mestres, contará Willie Brown) para trazer o governante eleito e sua comitiva, incluindo Kamala Harris, a Nova York. A imprensa não apurou que ela participou da reunião. Mas será lembrada a história de que a candidata à Casa Branca certa vez viajou no avião do homem que deverá enfrentar no dia 5 de novembro.
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