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Aos 57 anos, a atrizOlhos bem fechados é exposta como raramente em “Babygirl”, um thriller erótico apresentado no Festival de Cinema de Veneza, onde um magnata da tecnologia tem um caso com seu estagiário.
Nicole Kidman entrou na competição na sexta-feira em Veneza em Bebezinhaum thriller erótico que gostaria de renovar um gênero ultrapassado pelas lutas feministas.
Aos 57 anos, a atrizOlhos bem fechados (1999) e Moulin Rouge (2001) que nunca saiu das telas raramente é exibido. Poucas estrelas de sua fama aparecem, como em uma das poucas cenas eróticas do filme, nuas na tela ou aplicando injeções de botox.
Nesta Bebezinhaela interpreta uma magnata da tecnologia nova-iorquina, que consegue tudo. A única desvantagem dessa imagem de “mulher forte”: a vida sexual com o marido, o diretor de teatro interpretado por Antonio Banderas, de 64 anos.
Ela não goza com ele e nunca ousou contar a ele – o filme brinca com a imagem de dois ícones de Hollywood: Nicole Kidman, figura glamorosa do tapete vermelho, e Antonio Banderas, símbolo sexual viril.
Um filme sobre desejo
Ela conhece um jovem estagiário (Harris Dickinson, 28 anos, descoberto em Sem filtroa Palma de Ouro 2022), com quem inicia um caso e que a conduz a um jogo SM suave.
O suficiente para mergulhá-la em uma profunda crise existencial ao descobrir que gosta de ser dominada. E colocar em risco sua carreira e sua casa, pois o estagiário ameaça chantageá-la.
“É um filme sobre desejo, prazer, falhas internas, segredo, casamento, verdade, poder e consentimento”, resumiu Nicole Kidman em Veneza. É a história de uma mulher e espero que seja libertadora. É narrado por uma mulher (a diretora e roteirista Halina Reijn) e, através de sua perspectiva feminina, é isso que o torna tão único para mim.”
Pouco conhecida como diretora, a cineasta, selecionada pela primeira vez em um grande festival, é ela mesma uma ex-atriz que filmou com Paul Verhoeven (em Livro Preto).
A “besta” em nós
“Homens ou mulheres, todos temos uma fera dentro de nós, uma parte boa e uma parte ruim”, explicou o diretor, que quis renovar o thriller erótico.
O gênero teve o apogeu do cinema nas décadas de 1980 e 1990, a partir de Instinto básico tem Caso fatal passando 9 semanas e meiacom a maior parte do tempo homens atrás das câmeras, mas envelheceu com o movimento #MeToo.
A questão da representação do sexo no cinema tornou-se quente, muitas vezes por instigação de realizadoras. As histórias começaram a se diversificar, na esteira de filmes como Retrato da garota em chamas de Céline Sciamma sobre o desejo e o olhar feminino, bem como as práticas de filmagem, com o uso agora sistemático de coordenadores de intimidade nos Estados Unidos, também neste filme.
Nicole Kidman falou sobre como filmar com uma diretora lhe permitiu criar proximidade, enquanto a cineasta insistia em representar o prazer do ponto de vista feminino.
Explodir a camisa de força de Hollywood
O filme inverte alguns padrões nas relações homem/mulher e brinca com as lacunas entre gerações, mas acaba quebrando alguns tabus, principalmente abrindo portas para a masturbação ou o prazer, sem tocar nos totens da família e do casamento, sagrados em Hollywood.
Sofre de um cenário muitas vezes telefônico e de cenas que beiram Cinquenta Tons de Cinzamal reaquecido. Bebezinha faz, no entanto, parte de uma linha de filmes selecionados em festivais, que aos poucos ajudam a abalar os cânones do cinema.
No ano passado, o Leão de Ouro foi concedido a Pobres Criaturasfilmado por Yorgos Lanthimos, mas criado quase em conjunto com a atriz Emma Stone, que explodiu com muito mais franqueza os grilhões da modéstia hollywoodiana, ao pintar o retrato de uma mulher que se torna dona de seu prazer.
A questão está no cerne do remake do clássico erótico Emanuelassinou Audrey Diwan, que abrirá o Festival de San Sebastian (Espanha) antes de seu lançamento na França em 25 de setembro.
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