Março 19, 2025
“Quando chegar o outono”, as velhinhas indignas de François Ozon
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Michelle (Hélène Vincent) e (Marie-Claude (Josiane Balasko), em “Quando Chega o Outono”, de François Ozon.

A OPINIÃO DO “MUNDO” – IMPERDÍVEL

Depois Meu crimecomédia que joga com a ironia e a teatralidade, baseada na peça homônima (1934) de Georges Berr e Louis Verneuil, François Ozon faz voto de sobriedade para narrar o cotidiano de uma senhora idosa, no outono de sua vida. Michelle (Hélène Vincent), uma avó tranquila, vive a sua reforma no interior de uma aldeia da Borgonha, a poucos quilómetros da sua melhor amiga, Marie-Claude (Josiane Balasko), cujo filho está na prisão. Ela espera impacientemente as férias do Dia de Todos os Santos para passar uma semana com o neto, a quem sua filha (Ludivine Sagnier) deve vir e deixar.

Além do desejo de filmar atrizes de uma certa idade que não se auto-rejuvenescem com botox ou injeções de ácido hialurônico, François Ozon se esforça para mostrar as ações diárias de pessoas com mais de 80 anos, elegantes o suficiente para cuidar de uma casa e entreter a família, mas ainda vulneráveis, em quem o cinema não está muito interessado. Michelle tem uma série de tarefas a cumprir: cuida da horta, leva de carro a amiga, que não tem carteira, reza aos domingos na igreja, prepara a comida, arruma a cama…

Ao colocar esta observação meticulosa à sombra do thriller, o cineasta produz uma imagem única e muito precisa da velhice, sustentada pela questão do desejo… Como tornar a sua vida emocionante, pelo menos habitável, quando você não trabalha mais e que estamos longe de nossos entes queridos? Até que ponto podemos combinar com o destino para conseguir um canto ao sol? Essencialmente confinado à casa, com algumas idas ao hospital e ao cemitério, composto por uma sucessão de momentos vazios, Quando o outono chegar apresenta sua heroína como um enigma.

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Colheita envenenada

Apesar de uma encenação que por vezes se deixa enganar pelas aparições filmadas de uma boa vida no campo, de referências fortes – um sermão sobre Maria Madalena – e de um fantasma coberto de pó branco, há na origem desta trama uma pitada de imoralidade que o torna muito emocionante. Michelle, como a maioria das personagens femininas de Ozon, acaba sendo mais ambígua do que os preconceitos nos levam a acreditar. Tudo começa com uma história de cogumelos cozinhados e servidos com amor. Depois de uma discussão que deu nó no estômago da avó e do neto, só a mãe come a sua parte e, poucas horas depois, desmaia. EMERGÊNCIAS. Lavagem de estômago. A colheita foi envenenada.

Este exórdio que a faz duvidar do amor materno e inspira Michelle com a ideia de que um mundo sem a filha poderia ser mais simples – sem mais pedidos de doações, sem mais censuras, sem mais raiva – faz-nos pensar em Romance de um trapaceiro (1936), de Sacha Guitry. Só para constar, uma criança privada de cogumelos por ter furtado o caixa da mercearia da família foi a única que sobreviveu e prometeu ter sucesso, mesmo que isso significasse ser desonesto.

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