Novembro 15, 2024
Simone Biles, uma mente de aço – Libération
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Editorial de Alexandra Schwartzbrod

Após ter sido obrigada a se retirar de Tóquio por conta de um colapso mental, a ginasta norte-americana deslumbrou o público nesses Jogos ao acumular medalhas e desempenhos excepcionais. Um modelo de resiliência.

Ela continuará sendo uma das figuras marcantes destes Jogos Olímpicos de 2024. Com os franceses Léon Marchand e Teddy Riner, a americana Simone Biles continua a deslumbrar o seu público, mesmo quando não se apresenta com o seu collant Swarovski com 10.000 cristais que é um olho. -Apanhador. A ginasta é um concentrado de energia, potência e às vezes diversão, o que diz muito sobre a importância da mente no esporte e a necessidade absoluta de encontrar o melhor suporte possível na hora de almejar os cumes. E isto obviamente não se aplica apenas ao desporto. Durante muito tempo acreditámos que o treino físico era o único aliado do rendimento, recentemente compreendemos que não era assim.

Em julho de 2021, Simone Biles pode ter treinado trinta e quatro horas por semana, mas teve que se retirar dos Jogos de Tóquio porque sua cabeça cedeu. Muita pressão. Ela poderia ter desabado, mas ao contrário extraiu recursos insuspeitados do fundo de si mesma, varrendo uma vida pontuada por idas e vindas em famílias adotivas, depois marcada por agressões sexuais cometidas pelo médico da seleção americana de ginástica. E deixamos de lado os comentários racistas e as zombarias sobre seus músculos excepcionalmente desenvolvidos. É daí que vêm as medalhas de ouro conquistadas em Paris por uma Simone Biles que nunca pareceu tão tranquila, capaz de dar publicamente ao seu time o apelido de “FAAFO” por foda-se e descubra (“quem esfrega leva uma picada”), ou devorar sem esconder um pain au chocolat industrial a priori contrário às regras da dietética e depois um creookie, uma mistura de croissant e biscoito. Esta é também a sua força: ela é livre. Ela provou que poderia voltar do inferno, reconstruir-se depois de ser destruída e quebrar todos os recordes. E ainda pedir mais já que não descarta, aos 27 anos, disputar os próximos Jogos Olímpicos de Los Angeles. Um belo exemplo de resistência aos caprichos da vida.

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