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FRANÇA 5 – SEXTA-FEIRA, 30 DE AGOSTO ÀS 21h – FILME
A receita paraTudo em todos os lugares ao mesmo tempo − sete Oscars em 2023, incluindo melhor filme − está escrito no título (“tudo, em todos os lugares, ao mesmo tempo”). Daniel Scheinert e Daniel Kwan verificaram pacientemente todos os requisitos do que podemos exigir de um grande espetáculo de Hollywood: papéis principais 100% sino-americanos, um filme barroco de super-heróis e uma obra de ficção científica muito enigmática como um filme de Christopher Nolan e, finalmente, , uma comédia familiar.
Tudo começa num local perfeitamente realista: o de uma lavandaria gerida pela família Wang. Exausta, Evelyn Wang (Michelle Yeoh) vê seu sonho americano encolher cruelmente na água. Ela faz malabarismos com cestos de roupa suja e papelada administrativa e teme a chegada iminente de seu pai da China. Sua chegada é uma oportunidade de observar o triste espetáculo oferecido por sua família: Waymond (Ke Huy Quan), seu marido, ainda não teve tempo de pedir o divórcio, e sua filha Joy (Stephanie Hsu) está, para grande infelicidade. de sua mãe, em um relacionamento com uma garota.
Universos paralelos
Um dia, em frente ao escritório do inspetor fiscal (Jamie Lee Curtis), Evelyn cai em outra dimensão e conhece uma versão alternativa do próprio marido que lhe explica que comparado à realidade (o Alphaverso) existem muitos universos paralelos onde outras versões de si mesmo brincam. Ela descobre que, em outro mundo, é uma estrela de cinema, uma chef, uma lésbica com cachorro-quente no lugar dos dedos…
O blockbuster epiléptico vem então em auxílio da pálida crônica familiar e, logo, engole tudo. Livres, os dois Daniels confundem absurdo com licença poética, tomando seu gosto pela mise en abyme como um sinal de inteligência. Parece insuportável para os dois diretores se limitarem a contar uma história simples, legível e comovente, é preciso acrescentar o realçador composto por toneladas de piscadelas, referências, efeitos visuais e piadas angustiantes.
Trata-se menos de dirigir do que de “zapear” compulsivamente através de uma infinidade de filmes – e então fazer zapear novamente quando o tédio se instala. Algo aliás tornado possível pelo multiverso, uma ferramenta narrativa tão inepta quanto pretensiosa e que, Homem-Aranha tem Vingadorestornou-se a roda sobressalente de uma indústria do espetáculo que camufla mal a crise das histórias que atravessa.
Tudo em todos os lugares ao mesmo tempo rapidamente perde de vista sua base emocional para chafurdar em suas contorções formais: filme dentro do filme, universo dentro do universo, tela dentro da tela. Nunca paramos de duplicar a ficção, tentamos mil histórias, por não sabermos contar apenas uma.
Tudo em todos os lugares ao mesmo tempo, por Daniel Scheinert e Daniel Kwan. Com Michelle Yeoh, Ke Huy Quan, Jamie Lee Curtis (UE, 2022, 140 min).
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