
1. A hodierna celebração do Corpo e do Sangue de Cristo resume todo o mistério da nossa salvação e podemos muito muito expressar que a Eucaristia é o coração da Igreja, o rosto na Terreno da Santíssima Trindade. Com a solenidade hodierna os cristãos proclamam que Cristo, Rebento unigénito de Deus feito varão, está verdadeiramente presente sob os sinais do pão e do vinho consagrados. Tudo isto é tão verdade que mesmo os maiores dons místicos, a experiência dos videntes e os milagres realizados pelos santos valem muito menos do que uma sociedade recebida com devoção e fé sincera. Jesus Eucaristia é o único grande e inédito milagre que infelizmente muitas vezes passa despercebido pelo hábito e facilidade com que podemos aproximar-nos da sociedade e participar na celebração da santa missa. Precisamente para nos ajudar a não olvidar que toda a vida deve ser orientada para Cristo, a Igreja quis a hodierna solenidade do Corpus Domini, que nos leva ao Cenáculo onde na Quinta-Feira Santa foi instituída a Eucaristia, Pão que, porquê escreve Orígenes,“é é a salvação do mundo” (panis pro mundi salute). O pão e o vinho, elementos básicos da nossa sustento, foram escolhidos pelo Senhor para levante mistério de sociedade entre o firmamento e a terreno. O Papa Bento XVI, na sarau de Corpus Domini (15 de Junho de 2006), convidou-nos a saber a romagem de Israel durante os seus quarenta anos no deserto sob o sinal do pão. A Hóstia é o nosso maná com o qual o Senhor nos alimenta e é o verdadeiro pão do firmamento, através do qual Ele se dá. Primeira grande verdade: “Com cada um dos dois sinais (pão e vinho) – nota Bento XVI – Jesus se doa inteiramente, não exclusivamente uma secção de si mesmo. O Ressuscitado não está dividido. Ele é uma pessoa que, através de sinais, se aproxima de nós e se une a nós. Porém, os sinais representam, cada um à sua maneira, um paisagem privado do mistério d’Ele e, com a sua revelação típica, querem falar-nos, para que aprendamos a compreender um pouco mais do mistério de Jesus Cristo” .
2. Em primeiro lugar o pão! Em muitas paróquias hoje, se é que já não aconteceu na quinta-feira passada, a solene procissão eucarística desfila pelas ruas das cidades e vilas, mostrando a todos o verdadeiro tesouro da Igreja: o Santíssimo Sacramento. Nas outras procissões são transportadas as imagens de Maria e dos santos segundo as devoções populares, mas hoje todos olham e cuidam da Hóstia consagrada, trazida solenemente pelo pontífice ou sacerdote. A procissão torna-se assim um momento de culto e louvor itinerante contemplando a Hóstia que é o pão e o comida mais simples, feito exclusivamente com um pouco de farinha e chuva. O pão, disse o Papa Bento XVI, “é fruto da terreno e do firmamento… pão dos pobres, que nos aparece porquê síntese da geração. O firmamento e a terreno, muito porquê a atividade e o espírito do varão contribuem.” Começamos assim a compreender porque é que o Senhor escolhe levante pedaço de pão porquê seu sinal. Mas para entrar verdadeiramente no mistério de Cristo, devemos voltar a nossa mente ao pedido que alguns gregos fizeram: o de poder vê-lo, encontrá-lo. Naquela ocasião, poucos dias depois da sua paixão e morte, Jesus disse: “Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo não tombar na terreno e morrer, ele fica só; mas se morrer, produz muito fruto” (Jo 12, 24). O mistério da Paixão está escondido no pão feito com grãos de trigo moídos. “Farinha, trigo moído”, observa o Papa Bento XVI, “pressupõe a morte e a ressurreição do grão. Ao ser moído e cozido, carrega novamente em si o mesmo mistério da Paixão… Através do seu sofrimento e da sua morte livre, Jesus tornou-se pão para todos nós e… acompanha-nos em todos os nossos sofrimentos até à morte”. E tem mais: os grãos moídos juntos formam um só pão e isso é um sinal para toda comunidade. “Nós mesmos, dentre muitos que somos, devemos tornar-nos um só pão, um só corpo”, afirma São Paulo (1 Cor 10,17). Assim, o sinal do pão torna-se ao mesmo tempo esperança e tarefa de fidelidade para cada batizado, chamado a viver da Eucaristia e a testemunhar a alegria de fazer secção do povo que se alimenta de Cristo. “Eis o pão dos anjos, o pão dos peregrinos, o verdadeiro pão dos filhos: não deve ser jogado fora” (Da Sequência de hoje antes do Evangelho).
3. Depois há o sinal do vinho, que é também muito magníloquo para a nossa vida. Bento XVI observa: “Enquanto o pão remete à vida cotidiana, à simplicidade e à romagem, o vinho exprime a delicadeza da geração: a sarau da alegria que Deus quer nos oferecer no termo dos tempos e que já agora, uma e outra vez, antecipa porquê sugestão. por levante sinal.” No entanto, o vinho também recorda a Paixão e o significado e valor do sofrimento. Cada videira deve ser podada repetidamente para ser purificada e produzir frutos abundantes. A vindima representa um direcção semelhante ao da vindima: ser esmagada para saciar o varão e embriagá-lo. A videira sofre nas mãos do enólogo, sente os seus ramos serem mutilados à medida que crescem luxuriantes, mas só assim poderá oferecer cachos de uvas ricos e saborosos. Participando na Eucaristia também nós aprendemos a permanecer pacientes e a incumbir nas mãos de Deus que nos poda misteriosamente através das dificuldades, dos sofrimentos, dos acontecimentos e de todas as ocasiões da existência. Aprendemos a docilidade das uvas que amadurecem sob o sol e a chuva, depois são colhidas e prensadas, ou seja, esmagadas para virar vinho. Só assim, unindo-nos a Cristo na sua paixão, poderemos transformar-nos em “vinho fino que alegra o coração do varão” (Cf. Salmo 104, 15). Na Bíblia a videira simboliza o bem-estar e a feracidade à qual o vinho está intimamente ligado, porquê símbolo de alegria, celebração e festim. E é o evangelista João quem dá um novo significado à videira, identificando-a com Jesus, quando no cenáculo fala do “cálice do meu sangue”. No evangelho lemos que Jesus pegou um copo de vinho tinto e disse: “Levante cálice é a novidade federação no meu sangue” (1Cr 11,25), no meu sangue entornado. Quando o sangue é entornado num acidente, durante uma cirurgia ou num delito, ele não tem mais valor porque se perde e deve ser jogado fora. Porém, quando é retirado de um doador, é cuidadosamente coletado e preservado porque pode ajudar a salvar a vida de outra pessoa. O sangue também pode ser entornado em sacrifício religioso e neste caso é escolhido porque o que você tem de melhor é sacrificado: sangue entornado e retraído para que possa ser oferecido. O “cálice” faz-nos compreender que sangue está envolvido na Eucaristia: sangue valioso, retraído para ser oferecido num cálice e partilhado com todos para que todos possam bebê-lo. “O sangue da novidade federação entornado num cálice” significa, portanto, o dom da vida e do sangue de Cristo, oferecido ao Pai porquê sacrifício de valor infinito e oferecido aos cristãos em sociedade de salvação. É o “cálice da bênção” (1 Cor 10, 16) que substitui definitivamente o “cálice da ira” (Jr 25,15ss) e que enche de alegria e de silêncio a espírito do religioso. “Ó Sangue da vida, da unidade e da silêncio, mistério de paixão e manadeira de perdão, embriaga os nossos corações com o Espírito Santo (Da prece dos Missionários do Preciosíssimo Sangue). Concluo com esta invocação de Bento XVI: “Na procissão seguimos levante sinal (a Hóstia consagrada) e assim O seguimos ele mesmo. E lhe rogamos: Guia-nos pelos caminhos desta nossa história! Mostre sempre à Igreja e aos seus Pastores o caminho manifesto! Olhai para a humanidade que sofre, que vagueia insegura entre tantas questões; olha a rafa física e mental que a atormenta! Dê aos homens pão para o corpo e para a espírito! Dê-lhes trabalho! Dê-lhes luz! Dê-lhes você mesmo! Purifique e santifique todos nós! Faze-nos compreender que só através da participação na tua Paixão, através do “sim” à cruz, à repúdio, às purificações que nos impões, a nossa vida pode amadurecer e depreender a sua verdadeira realização. Reúna-nos de todos os confins da terreno. Una a sua Igreja, una a humanidade dilacerada! Dê-nos a sua salvação! Amém!
+ Giovanni D’Ercole, pontífice emérito de Ascoli Piceno
NB Que pão e que vinho devem ser usados na missa? Em 2017, a portanto Congregação para o Doutrinado Divino e a Disciplina dos Sacramentos, numa epístola rodear aos bispos sobre o pão e o vinho para a Eucaristia, especificou que: a) «O pão utilizado na celebração do Santo Sacrifício Eucarístico deve ser ázimo, exclusivamente de trigo e prestes na hora, para que não haja risco de decomposição. Segue-se, portanto, que aquele prestes com outra material, ainda que cereal, ou aquele com o qual foi misturada outra material que não o trigo, em tal quantidade que não possa ser chamado, segundo a estimativa generalidade, de pão de trigo, não constituem material válido para a celebração do sacrifício e do sacramento eucarístico. É um grave ataque introduzir outras substâncias, porquê frutas, açúcar ou mel, na embalagem do pão eucarístico. Escusado será expressar que os anfitriões devem ser embalados por pessoas que não só se destaquem pela sua honestidade, mas também sejam especialistas na sua preparação e dotadas de ferramentas adequadas» (n. 48). b) «O vinho utilizado na celebração do Santo Sacrifício Eucarístico deve ser oriundo, proveniente do fruto da videira, genuíno, não desarranjado, nem misturado com substâncias estranhas. […] Com o sumo zelo, certifique-se de que o vinho talhado à Eucaristia se conserve em perfeitas condições e não se transforme em vinagre. É absolutamente proibido utilizar vinho cuja autenticidade e origem sejam duvidosas: a Igreja exige, de facto, certeza quanto às condições necessárias à validade dos sacramentos. Outrossim, não se admite nenhum pretexto em prol de outras bebidas de qualquer espécie, que não constituam material válida” (n. 50). Quem embala o pão e produz o vinho para a celebração deve estar consciente de que o seu trabalho está orientado para o Sacrifício Eucarístico e isso exige da sua secção honestidade, responsabilidade e cultura”.