Era uma vez o concepção do atacante suplente, um profissional muitas vezes idoso, obrigado a se reciclar e a inventar uma segunda curso nos minutos finais das partidas: a mais clássica das armas para usar contra defesas cansadas no primeiro temporada da guerra, contando com uma autonomia distante da dos melhores tempos e com uma maior lucidez, ditada pela experiência. Homens quebrados por cada proeza, prontos para assumir uma aspecto dissemelhante da do pretérito também diante de uma exigência física que se torna cada vez mais complexa com o passar dos anos. Carlo Ancelotti, com a sua infinita sabedoria e também capaz de explorar o recurso suplementar das cinco substituições, está nos dando um parêntese futebolístico de comovente formosura: o espetacular pôr do sol de Luka Modric, que aos 39 anos se tornou um maravilhoso ” vencedor suplente”. Nos 18 minutos mais acréscimos disputados contra o Manchester City na primeira mão, a mito croata conseguiu entrar no grupo de uma partida disputada até logo a um ritmo insustentável, dando início à ação maravilhosa do 3-3 final. marcado por Valverde. E quem sabe o que ele nos dará na segunda mão, num jogo que já se tornou um clássico da Liga dos Campeões.
Modric joga cada vez menos no Real Madrid, e não poderia ser de outra forma num meio-campo que ainda pode recontar com um sublime Toni Kroos, com o já citado Valverde, mais os vários Camavinga, Tchouameni e assim por diante, com Ancelotti gosta de mudar o configurações baseadas nas necessidades do jogo individual. Ao entrar, porém, parece piscar para aqueles presidentes e ex-jogadores de futebol que há muito defendem que o futebol deveria competir não tanto com outros esportes, mas com redes sociais porquê Instagram e TikTok, dominadas por conteúdos curtos capazes de roubar a atenção de as gerações mais novas. Modric porquê uma pílula viva, o cálcio condensou-se em dez, quinze ou vinte minutos, mesmo nos níveis mais elevados. Circula entre colegas dos quais poderia ser, se não o pai, pelo menos o tio com o ritmo que sempre o distinguiu e uma visão de jogo que se manteve inalterada ao longo dos anos, protegido por um escudo invisível que o torna imune aos contrastes. Modric que usa o extremo recta com a simplicidade com que usamos o garfo ou o rato, uma naturalidade que nos parece estranha, talvez até irritante. Modric que parece ter uma relação preferencial com a esfera, consanguíneo, objeto perpetuamente recluso aos seus pés até sentir premência de se livrar dela. Modric que também sabe se sacrificar quando a partida exige, que usa um corpo teoricamente desgastado porquê se não tivesse enfrentado mais de vinte anos de curso nos mais altos níveis.
O seu rosto está mais vazio do que quando chegou a Madrid, levante novo olhar sofrido dá-lhe, se provável, mais uma aura de santo do meio-campo. No início do ano, enquanto circulavam fantasias de rebelião em torno do seu nome, ele colocou todos na risco: “Estou cônscio da competição, cá há jogadores jovens do mais eminente nível, nós, jogadores mais velhos, devemos ajudá-los a progredir e aos poucos assumam o seu papel, sem reclamar: assinei a renovação para isso.” Um espírito indomável, uma atitude de vencedor na cabeça antes dos pés, o pedido para ser tratado porquê um jogador competitivo sem no entanto ter a pretensão de ser, mais uma vez, o primeiro da lista. Os rumores vindos do Real Madrid revelam que Ancelotti gostaria dele no seu plantel a partir da próxima temporada, mas a sensação é que Modric ainda se sente um jogador, e que jogador: tem o Campeonato da Europa com a Croácia na mira, à procura do único satisfação que ainda não conseguiu obter, a de erguer um troféu com a camisa xadrez da sua seleção. Vamos encontrá-lo à nossa frente (a Itália está no grupo com Croácia, Espanha e Albânia) e será ao mesmo tempo um belo espetáculo e um bicho-papão que não pode ser subestimado, até porque na seleção Modric encontra, porquê se por magia, também o esmalte a longo prazo que a idade inevitavelmente lhe tirou. Com aquele 10 nas costas, o herdeiro ideológico de Zvonimir Boban, Luka volta aos vinte e seu futebol volta a expandir sua formosura, para espalhá-la por noventa minutos em vez de vinte ou trinta.