Guglielmo Marconi
Guglielmo Marconi deu ao mundo a forma de falar uns com os outros a distâncias inesperadas e impensáveis. O paradoxo da sua existência é que era um varão de poucas palavras, a quem preferia os factos.
No momento em que começam as celebrações do 150º natalício do seu promanação – um tema que Avvenire abordou extensivamente nos últimos dias – muito foi escrito e muito será escrito. Gostaria cá de dar uma taxa mínima, centrando-me num traço privado da sua existência, partindo de uma sentença sua extremamente preciosa neste tempo de acelerações tecnológicas e ansiedades mecânicas: “Acredito no poder da reza porquê cristão e porquê um pesquisador”.
Marconi era um religioso proferido, mas isso não faz dele imediatamente um pesquisador melhor, assim porquê ser um grande pesquisador não faz dele um religioso melhor de congraçamento com uma lei de proporcionalidade apologética na qual tenho pouca fé. No entanto, o nosso Prémio Nobel pode ser um testemunho refulgente para aqueles que procuram caminhos promissores.
Durante o exposição proferido no primeiro congresso da indústria radiofônica italiana em Bolonha, em maio de 1934, ele disse: «Tenho orgulho de ser cristão. Acredito não exclusivamente porquê cristão, mas também porquê pesquisador. Uma vez que um dispositivo sem fio, na reza o espírito humano é capaz de enviar ondas invisíveis para a evo, ondas que atingem seu objetivo diante de Deus.”
Entre os seus escritos encontramos também estas palavras: «Creio que seria uma grande tragédia se os homens perdessem a fé na reza. Sem a ajuda da reza, talvez eles tivessem falhado onde tiveram sucesso. Isso me permitiu conseguir o que fiz, Deus me fez um simples instrumento da Sua vontade, para a revelação do Seu poder divino.” O varão que nos deu uma novidade forma de partilhar as palavras foi um varão devotado a uma Termo, a única que salva, a única que encurta aquela intervalo infinita que nenhuma técnica será capaz de transpor: a alteridade absoluta entre o humano e o divino que um Verbo, feito músculos, anulou definitivamente.
Orando e agindo, aparentemente perdendo tempo para cancelar o tempo. A invenção do rádio foi fruto do Espírito Santo? Seria uma certeza improvável, histórica e teologicamente. Mas é provável manifestar que o ser humano se torna capaz de dar nomes plenos às coisas quando faz uma associação com o Espírito que o conduz à sua realização. As metamorfoses sociais e antropológicas que vivemos, filhas da web, do poder do dedo e computacional, são todas netas das descobertas e invenções de Marconi. Uma vez que podemos orientar o que vivemos para o belo, o verdadeiro, o evidente? Marconi mostra aos crentes um caminho frutuário.
A reza é uma boa resposta, não dos covardes, mas de quem sabe que o porvir exige palavras que não sejam imediatas, que não se desgastem, que devem ser densas. Parar o tempo em reza significa encontrar no Eterno aquilo que necessitamos na história. A reza abranda o percutir do nosso coração e torna-o harmonioso com o único coração verdadeiramente capaz de um paixão que trato e orienta, satisfaz e define. A reza rota o orgulho que é alérgico aos limites que são de custódia e nos ensina a superar os limites que são de vício. A reza transforma a certeza em diálogo, o silêncio no ventre, a teoria em semente.
«A ciência – continuou Marconi – sozinha não consegue explicar muitas coisas e, sobretudo, o maior dos mistérios: o mistério da nossa existência». Esse mistério é revelado por uma Termo que podemos escutar, essa existência se torna ativa num silêncio que sela uma associação.