Março 21, 2025
Uma dissecação de ‘Uma simetria soa em minhas veias’, de Alda Merini”. Resenha de Alessandria hoje

Uma dissecação de ‘Uma simetria soa em minhas veias’, de Alda Merini”. Resenha de Alessandria hoje

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O poema “Uma simetria soa em minhas veias” de Alda Merini é uma reflexão intensa sobre a transformação pessoal e o libido de evadir das imposições externas, através do uso de imagens mitológicas poderosas e profundamente evocativas. Merini, conhecida pela sua capacidade de entrelaçar a dor e a venustidade em versos que tocam a espírito, dá-nos cá um olhar sobre a sua própria interioridade transformada numa paisagem mítica.

Transformação e Fuga

No poema, o eu lírico se compara a Daphne, a ninfa que na mitologia grega foi transformada em louro para evadir de Apolo. Esta imagem de transformação é poderosa: Merini se descreve porquê uma árvore que cresce em resposta a uma melodia interna, uma espécie de simetria que ecoa em suas veias. A referência a Daphne não é exclusivamente uma fuga, mas uma aspiração à permanência, à transformação em alguma coisa fixo e inalterável para evitar o contacto, neste caso, com Apolo, símbolo de uma ameaço ou talvez do próprio libido.

A luta contra a loucura

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A imagem de Daphne “cega pela fumaça da loucura” acrescenta mais uma estrato de dificuldade, introduzindo o tema da luta interna contra a doença mental, tema recorrente na obra de Merini, que passou anos em instituições psiquiátricas. Essa loucura se traduz em perda: a Daphne de Merini é desprovida de folhas e flores, símbolos de vida e renascimento. No entanto, precisamente no momento desta transformação, “nasce a luz profunda”.

Solidão e Potestade

A desenlace do poema, onde o lírico “viro uma trilogia de deuses” na sua “solidão arbórea”, sugere uma espécie de elevação místico ou um pedido de salvação. A trilogia poderia simbolizar um apelo às diferentes faculdades divinas para uma mediação ou uma bênção, mas também a roboração da sua novidade forma existencial e da sua novidade força encontrada na solidão e na transformação.

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Conclusões

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“A Harmony Sounds in My Veins” é uma obra que desafia e conforta, mostrando porquê mesmo através da dor e da transformação podem ser encontrados momentos de iluminação e venustidade. Merini transforma a sua dor em verso, a sua luta em arte e convida os leitores a encontrarem a sua própria luz na solidão das suas experiências. É um poema que reflete a jornada da poetisa rumo à autoaceitação e à reconciliação com suas batalhas internas, recorrendo ao imaginário clássico para expressar temas universais de luta, transformação e esperança.

Uma simetria soa em minhas veias por Alda Merini

“Uma simetria soa em minhas veias,
logo semelhante a Daphne
Eu me transformo em uma árvore subida,
Apolo, por que você não me impede?
Mas eu sou uma Daphne
cego pela fumaça da loucura,
Não tenho folhas nem flores;
ainda enquanto eu transmigrar
a luz nasce profunda
e na solidão arbórea
Eu quero uma trilogia de deuses.”

Fonte

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