Oriente era um jogo de despedidas. Mas quantas? Perceptível o adeus à quadra de Rio Ave e Benfica e notório o adeus de Ukra ao futebol que se joga no relvado. Outra despedida provável: Roger Schmidt a fazer o último jogo porquê treinador das “águias”? E Di Maria? Já teria feito a sua despedida há uma semana na Luz, tal porquê Rafa? Perguntas que terão resposta em breve. Uma vez que jogo despedida da quadra, em que zero estava em motivo para nenhum dos lados, podia ter sido muito pior.
O Benfica despediu-se em Vila do Conde de uma quadra em que muita coisa não correu muito, com mais um jogo que não lhe correu muito e em que cedeu um empate nos últimos minutos (1-1), o Rio Ave deu uma óptima despedida a um dos seus jogadores mais marcantes dos últimos tempos e ainda ganhou mais um ponto.
Comecemos por cá. No “onze” de Luís Freire pela primeira vez esta quadra estava o n.º 17, André Filipe Alves Monteiro, que o futebol conhece por Ukra. Esta era a sua despedida dos Arcos, onde passou sete anos de uma curso que durou 17 – e foi num desses anos que até chegou à selecção portuguesa. Teria sido uma despedida de sonho se tivesse impacto relevante no jogo, mas cedo se percebeu que aquela titularidade era meramente simbólica.
Aos 17 minutos de jogo, Luís Freire mandou os seus jogadores atirar a globo fora, para que Ukra fosse substituído com ovação e guarda de honra. O jogador de 36 anos beijou os joelhos e o relvado antes de caminhar para a risca lateral, onde estavam colegas e adversários para o saudarem. Nas bancadas, também era simples que as gentes de Vila do Conde não irão olvidar o n.º 17, um jogador dissemelhante no futebol português. Uma vez que se lia num edital exibido nas bancadas, “Longa vida ao rei Ukra”.
E o resto do jogo? Foi o Benfica a fechar a sua quadra de frustração com mais frustração, em que Schmidt talvez estivesse a ensaiar algumas coisas para a próxima quadra. Rafa já não foi a jogo, nem Di Maria, e entraram no “onze” o prateado Rolheiser e Tengstedt – outras novidades, a privação de Trubin e António Silva e a presença de Samuel Soares e Morato. E Kokçu a jogar na posição que devia ter sido sempre dele, mais avançado no terreno, onde faz a diferença.
O primeiro oponente do Benfica no jogo foi um estreante, Cezary Miszta, jovem guarda-redes polaco do Rio Ave, que foi fechando a sua marca porquê podia, aos 6’ e aos 17’, a remates de Tengstedt, mantendo o marcador a zeros até ao momento Ukra. O Rio Ave muito tentou dividir o jogo e até teve alguns ensaios de ataque, primeiro num remate de Patrick Williams que Soares deteve com segurança, depois num boa jogada pela direita de Joca, sem correspondência devida de Boateng.
O Benfica acabaria por materializar o seu domínio com um golo aos 32’. Aursnes lançou Tengstedt em corrida, o dinamarquês fez o que quis de Aderlan e deixou para Kokçu fazer o 0-1. Os “encarnados” podiam ter marcado mais dois ou três golos em Vila do Conde, mas Miszta fechou a sua marca a outros perigos, incluindo dos próprios colegas, e foi deixando a porta ensejo a outro tipo de resultado.
O resultado manteve-se e Schmidt ainda sentiu crédito para estrear mais alguns jovens – Gustavo Varela, avançado “made in” Seixal, e Prestianni, jovem prateado rotulado de prodígio. Mas gerir uma vantagem mínima é sempre um erro, mesmo que o domínio seja pronunciado. E, mesmo a fechar o jogo, Florentino desviou com o braço um cabeceamento de Aderllan que ainda bateu no poste. O perito viu as imagens, marcou penálti e, da marca dos 11 metros, fez o empate, deixando um grande sorriso no rosto de Ukra, a grande figura da noite.