“A paga do perversão é a morte”, disse a mãe da protagonista do narrativa Querida Vidaque dá título ao volume onde estão reunidas 14 histórias, as últimas publicadas por Alice Munro antes de lucrar o Nobel da Literatura em 2013. A frase visou justificar o sucedido à mãe de Diane, amiguinha de escola que subitamente deixara de desabrochar nas aulas. “Eu não sabia na profundeza – e também não sei quando foi que descobri – que a mãe de Diane tinha sido prostituta e morrera de uma qualquer doença que as prostitutas aparentemente contraíam.” Os lugares das histórias de Alice Munro são pequenos, o que neles se passa não se reveste de qualquer espécie de grandiosidade. É a vida a decorrer entre a natureza e uma moral construída por costumes pouco questionáveis, tão tementes a Deus quanto à vizinhança. Quando alguma coisa ou alguém embatem nessa espécie de padrão de mundo, é aí que nasce a literatura de Munro.
