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as divas salvaram o segundo dia de Primavera – Observador

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Ainda muito que não se acabou, porque seria uma pena não testemunhar o primeiro concerto das The Last Dinner Party em Portugal (e simples, o de Lana del Rey também). Consideradas porquê Rising Star pelos BRIT Awards em 2023 e Sound of 2024 pela BBC, o quinteto lançou no início do ano o seu álbum de estreia, Prelúdio ao êxtaseque, sem surpresa, atingiu o primeiro lugar dos tops de venda do Reino Uno. “Aí vem o impulso feminino, eu sei muito muito, de nutrir as feridas que minha mãe segurou”cantam em O libido femininoresumindo a sua missão na terreno do glam rock: dar voz às suas mães, às mães das mães, a todas as mães e mulheres que não tiveram voz, empoderando-as no presente, empoderando-nos a nós.

Fazem-no cantando temas mais pessoais, porquê linguagemque significa “língua” em albanês e que é interpretado pela teclista Aurora Nishevci, que tem raízes albanesas e se confessou envergonhada por não saber dominar a língua da mãe. Fazem-no também quando pegam numa chavetar e entram a matar em solos deliciosa e desavergonhadamente kitsch, com melodias épicas retiradas do interceptação entre o eixo Queen, Kate Bush e Abba; ou quando decidem fazer covers porquê Jogo Malvadosedutora, dengosa, deprimente, com copo de sangria na mão sangrando-nos a goela num refrão pranteado por muitos quanto estavam na plateia.

A galardoar tudo isto está a presença em palco destas cinco raparigas britânicas, tão cúmplices entre si que não nos deixam espaço de incerteza sobre adorarem aquilo que fazem e adorarem fazê-lo juntas. Nenhuma se assume porquê a estrela da companhia, o protagonismo é partilhado por todas, embora Abigail Morris, na sua exigência de vocalista, acabe por desenvolver um diálogo mais próximo com a plateia. A certa profundidade pediu para que repetíssemos o verso me dê a forçade Dê um pouco em troca. Pediu que cantássemos com “a força de um trovão” e toda a gente aderiu de peito ingénuo. Em Minha Senhora da Misericórdia desceu até às grades e levou com um banho de paixão das primeiras filas que ali estavam para ver Lana Del Rey, mas que se entregaram sem reservas às The Last Dinner Party. O concerto terminou com Zero importa e com o quinteto a revelar que esta tinha sido uma das suas melhores plateias da ainda curtíssima, mas promissora curso. “Cuidem uns dos outros”, pediram antes de saírem de cena. “E lembrem-se de que zero de facto importa”. Não se levando excessivo a sério e mantendo uma certa inocência genuína na forma de se apresentar, um pouco humanamente mais palpável do que as grandes produções nos podem oferecer, as The Last Dinner Party estão-se a tornar realmente um caso sério do indie rock atual. Que bom será vê-las crescer.

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Leste sábado, último dia do Primavera Sound Porto, será a oportunidade de ver (ou rever) The National, Pulp e de prestar homenagem a Steve Albini, dos insubstituíveis Shellac.

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