A Associação Portuguesa para a Produção do Hidrogénio disse à Lusa que os projetos correm normalmente, em seguida a investigação do Ministério Público que levou à queda do Governo, mas está preocupada com eventuais atrasos na legislação em falta.
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“Preocupa-me se esta mudança de Governo vai trazer atrasos relativamente significativos neste quadro de medidas que sabemos que estão a ser preparadas e com as quais, efetivamente, a economia contava para os seus projetos. Se isso traz atrasos, portanto é para nos preocuparmos”, disse o presidente da AP2H2 – Associação Portuguesa para a Produção do Hidrogénio, José Campos Rodrigues, em declarações à Lusa, no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL).
Em motivo está a investigação do Ministério Público a negócios do lítio, hidrogénio e núcleo de dados de Sines, que levou à queda do Governo, na sequência da destituição do primeiro-ministro, António Costa.
Segundo o responsável da AP2H2, “os projetos estão a passar normalmente” e, dos contactos que têm mantido com a Secretaria de Estado da Robustez, “tudo está a ter o seu curso”.
José Campos Rodrigues explicou que há ainda regulamentação em falta, “e que tem de ser publicada rapidamente”, relativamente aos postos de fornecimento de hidrogénio, muito uma vez que à injeção do hidrogénio nas redes de gás originário e ainda os concursos anunciados de escora a projetos de investimento e do leilão de hidrogénio, “que devia ocorrer agora em novembro, em paralelo com o concurso europeu, que deve estar a ocorrer”.
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“De repente, há todo um conjunto de matérias que não dependem dos promotores, dos investidores, mas estão a depender de legislação que se aguardava”, realçou. “Eu sei que as coisas estão prontas, esperemos que não se atrasem e ainda haja possibilidade que tudo isso avance ao ritmo que a economia pátrio necessita”, acrescentou.
Quanto à investigação em curso, o presidente da AP2H2 admitiu ter “muita dificuldade” em perceber uma vez que pode afetar os projetos de hidrogénio ‘verdejante’, porque ainda não percebeu o que está a ser investigado.
“Mistura uma medial de dados com hipotéticos problemas de hidrogénio, que não se sabe de que projeto se está a falar e ainda por cima misturam isto com eventuais problemas nas minas de lítio no setentrião de Portugal”, afirmou, acrescentando que os promotores dos projetos estão “perplexos” com as notícias que têm vindo a público. “Mas por fim qual é o projeto?”, perguntam eles à AP2H2.
A associação disse não ter uma base de dados organizada de todos os projetos de hidrogénio em curso, mas tem conhecimento de “muitas intenções de investimento” e “várias candidaturas” aos diversos instrumentos de escora que têm vindo a ser abertos pelo Governo.
“Tem havido uma resposta muito grande e muito positiva do lado da indústria às oportunidades que têm vindo a ser criadas para o investimento na extensão de hidrogénio”, sublinhou José Campos Rodrigues, sinalizando que os variados projetos cobrem praticamente todo o território pátrio, e não unicamente Sines, onde estão concentrados os grandes empreendimentos.
O responsável explicou ainda que a plataforma de Sines viabiliza a exportação de produtos produzidos a partir do hidrogénio – uma vez que amónia, metano ou metanol – para mercados do setentrião da Europa, onde são produzidos com custos entre 30 e 40% superiores.
“Temos cá uma grande oportunidade económica de, a partir das fontes renováveis de que dispomos, seja ela solar, seja ela eólica, estarmos a produzir hidrogénio em condições competitivas e que nos permite essa exportação”, salientou.
Questionada pela Lusa relativamente aos projetos de hidrogénio verdejante em desenvolvimento, a AICEP Global Parques, entidade gestora da Zona Industrial e Logística de Sines, disse que “a informação sobre os mesmos, que não se encontram sob NDA (Non Disclosure Agreement) foi amplamente disponibilizada à informação social, por fundura das respetivas manifestações de interesse dos investidores, não havendo, de momento, alterações a reportar à informação já divulgada”.
Também o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, tinha já dito não antever impactos da crise política em Portugal no investimento no país, saudando a decisão de revalidar o Orçamento do Estado para 2024 (OE2024), apesar das eleições antecipadas de março do próximo ano.