Em meio a comentários antissemitas de Kanye West em 2022, a Adidas rompeu a parceria bilionária que mantinha com o rapper para confecção de itens do selo Yeezy. O rompimento do contrato, porém, foi resultado também de vários outros problemas graves: o artista xingou funcionários, demonstrou em reuniões sua preocupação por Hitler (1889-1945), e até levou filmes pornográficos para executivos da empresa assistirem.
Segundo uma investigação feita pelo The New York Times, Kanye West já demonstrava comportamentos preocupantes desde o início da parceria com a Adidas. A empresa, porém, engoliu durante quase dez anos a má conduta do ex-marido de Kim Kardashian por conta dos lucros bilionários que as vendas das peças Yeezy rendiam.
West já exercia uma preocupação por judeus e Hitler desde 2013, pelo menos. Segundo o jornal, o cantor cometeu atos abusivos, uma vez que subordinar funcionários a humilhações públicas, mandar um gerente judeu beijar a foto do ditador Hitler todos os dias e até riscar suásticas (símbolo nazista) em papéis quando se encontrou com executivos da Adidas na Alemanha.
Kanye West também admitiu que tem vício em pornografia e que isso chegou a prejudicar seu relacionamento com Kim Kardashian. O The New York Times teve chegada a relatos de funcionários da Adidas que disseram ter sido obrigados a observar conteúdos pornográficos durante reuniões –o que acontecia com certa frequência.
Membros da equipe também reclamaram que ele havia feito comentários raivosos e sexualmente ofensivos. As mudanças de humor do cantor (que já cancelou shows de última hora ao longo de sua curso, fez mudanças drásticas na operação da Yeezy e até atirou sapatos em executivos) também afetaram seu relacionamento com a Adidas ao longo dos anos.
Por que a Adidas não rompeu a parceria antes?
A Adidas sabia da reputação problemática de Kanye Wes e colocou no contrato que a parceria poderia ser rompida a qualquer momento se declarações ou ações do cantor afetassem a reputação da empresa. Porém, mesmo diante de tantas reclamações e comportamentos preocupantes, os lucros foram priorizados.
Até que os holofotes de veste se voltaram para West, e um cancelamento efetivo do cantor nas redes sociais começou. A Adidas, ainda assim, relevou os posicionamentos e falas que já eram incessantemente proferidas por ele.
Ao longo dos anos, gerentes e executivos da subida cúpula iniciaram uma um grupo de mensagens de texto chamado “traço direta Yzy”, para tratar assuntos envolvendo West. A equipe da Adidas que trabalhou no selo Yeezy adotou uma estratégia comparada a combate a incêndio, alternando membros dentro e fora da traço de frente para mourejar com o artista.
A Adidas foi se tornando cada vez mais dependente dos itens Yeezy, e até os incentivos para a parceria foram crescendo conforme os lucros foram aumentando.
Enquanto Kanye recebeu, em 2016, US$ 15 milhões (R$ 74 milhões na cotação atual) adiantados para suas criações, em 2019 a Adidas forneceu US$ 100 milhões (R$ 496 milhões) –fora a porcentagem de lucro com as vendas.
Com o rompimento do contrato e a interrupção das vendas da submarca assinada por Kanye, a empresa projetou seu primeiro prejuízo anual em décadas.
Ainda assim, a Adidas começou a liberar a venda dos US$ 1,3 bilhão (R$ 6,4 bilhões) de Yeezys restantes e vai se ancorar em segmento dessa receita. Outra segmento será doada para instituições de humanitarismo, e Kanye West tem seu recta de receber royalties.