Camila Cabello deu o pior concerto do Rock in Rio. Ponto final
A atuação foi impessoal, porquê se fosse uma mera promoção do novo álbum. Uma desilusão para todos — até para os fãs.

Uma masterclass do que não se deve fazer num concerto. Retrato: Rock in Rio.
O tempo que Camila Cabello passou no girl group Fifth Harmony foi posto em prática no Rock in Rio. A atuação no Palco Mundo deste domingo, 23 de junho, começou com uma coreografia elaborada e enxurrada de força, um tanto que era típico da margem norte-americana. O início prometia, mas o que se seguiu foi um fidedigno sinistro.
Para manter a força inicial, apresentou “Shameless”, um dos seus grandes hits a solo. As fãs adolescentes e jovens adultas da cantora ajudaram-na em cada uma das notas. “Olá, Lisboa. Sou a Camila”, disse, porquê se precisasse de apresentações.
Porquê seria de se esperar, o alinhamento trouxe alguns temas exclusivos de “C, XOXO”, o seu novo álbum que vai ser editado a 28 de junho deste ano. O concerto no Rock in Rio foi a forma perfeita de se preparar para uma futura excursão mundial. Na verdade, parece que o concerto não passou disso mesmo: um tubo de tentativa para um tanto maior. E isso soa a falta de saudação.
Ainda nem tinha chegado a metade do tempo previsto para o espetáculo e tudo já se estava a tornar esgotante, até para quem é fã. Talvez tenha sido por isso que o recinto foi ficando cada vez mais vazio. Preocupantemente vazio, na verdade.
Camila tem, sem incerteza, o melhor cenário que passou pelo Palco Mundo nesta edição do Rock in Rio. Havia rampas onde foram feitas acrobacias de BMX e baloiços para malabaristas. Mas parece que a cantora se esqueceu de uma coisa fundamental: isto é um concerto, não é um espetáculo do circo. Resultado: a relação com o público foi quase inexistente, além daquelas interações básicas e à procura de validação exterior, porquê: “Gostam desta novidade melodia?”. Muitas vezes também estava de costas ou de lado para os fãs.
Em seguida mais de metade do concerto se ter pretérito, aproximou-se de quem estava lá em ordinário para revelar o seu fascínio pelo pastel de nata, pela Sumol e por Cristiano Ronaldo. Com a apresentação de “In The Dark”, começou a parecer que estávamos finalmente num concerto e não num videoclipe gravado em direto do Rock in Rio. Aliás, para piorar o carrossel, a certa profundeza até começou a gravar vídeos para o TikTok.
Pouco tempo durou esta relação emocional com o público. Sem nos apercebermos, Camila, de 27 anos, voltou a atuar para as câmaras do palco e não para os fãs. Pior: algumas das vezes em que abordava o público, fazia-o de costas e a olhar para as dançarinas.
Apesar de ser uma boa dançarina, um tanto que aprendeu nas Fifth Harmony, esta habilidade parece ter ficado esquecida no backstage. É verdade que houve coreografias intensas durante o concerto, mas a maior segmento das vezes as protagonistas eram as dançarinas e não a cantora.
O ponto eminente da noite foi a versão de “Havana” e “Señorita”, os seus maiores temas. Foi cá que o público realmente vibrou depois de uma tortura prolongada de frustração e embaraço que durou dezenas de minutos. Ou horas, é difícil quantificar.
Incluir estes hits na setlist foi uma das poucas decisões inteligentes que Camila tomou no planeamento do próprio concerto. Os hardcore fans poderão querer ouvir as canções que vão estar no seu novo álbum, mas esta não é uma experiência generalidade para os seguidores casuais ou, sobretudo, para os espectadores que estavam no Palco Mundo.
A discografia de Camila é impressionante. Ela é, sem incerteza, uma das estrelas da pop atual com mais sucessos. Muitos deles poderiam ter substituído algumas das faixas de “C, XOXO”. Em poucas palavras, o espetáculo pareceu uma mera promoção deste novo trabalho. E, pior ainda, da sua risco de merchandising.
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Mal interagiu com o público. Retrato: Rock in Rio.