Em seguida um mês de Fevereiro desastroso – sete pontos perdidos em quatro jornadas -, o FC Porto vai entrar na noite deste domingo, no Estádio do Dragão (20h30, SPTV1), recluso por arames e sem rede para amparar novidade queda. Numa luta pelo título onde o Sporting até pode estar em vantagem caso vença a partida que tem em detença, o clássico da 24.ª jornada da I Liga tem a pressão quase toda do lado dos “dragões”, que vão entrar em campo a nove pontos das “águias”. Porém, do lado do Benfica, há mais dúvidas do que certezas, que ficaram acentuadas pela exibição no meio da semana em Alvalade, onde as opções tácticas de Roger Schmidt resultaram num desempenho medíocre durante os dois terços da partida.
O saldo em 2023/24 é de 2-0 favorável ao Benfica – vitórias na Supertaça e na jornada 7 – e a liderança no campeonato, embora com mais um jogo do que o Sporting, poderia dar qualquer conforto ao atual vencedor pátrio, mas a imprevisibilidade táctica que tem marcada a temporada de Schmidt – o oposto da última idade -, torna o clássico do Dragão difícil de prever.
Do lado do FC Porto, tente julgar as escolhas que Sérgio Conceição fará para um jogo decisivo não é uma tarefa complicada. Com menos soluções no plantel do que o técnico rival, o treinador “azul e branco” deverá manter a fórmula que tem apostado em 2024, desde que Taremi deixou de estar disponível para competir na Taça da Ásia: um 4x3x3, com Pepê, Francisco Conceição , Galeno e Evanilson estão sendo as suas armas ofensivas.
Esta previsibilidade pode ter estado na origem do desconforto com a estrutura do FC Porto que Conceição mostrou na véspera do clássico. Na antevisão da recepção ao líder do campeonato, o técnico corrigiu a informação que constava do boletim galeno da equipa, revelado poucas horas antes, e onde não constavam Galeno e Evanilson. Visivelmente desagradado, o treinador deixou uma incerteza sobre se os dois avançados vão estar aptos: “Não foi um problema meu, mas sim de quem comunicou aos jornalistas que ambos não estavam no boletim galeno. Tive a oportunidade de invocar as pessoas responsáveis por isso e disse-lhes que um pouco não está muito, porque o Galeno saiu com queixas no joelho e alguma pormenor e está em avaliação. Tirei o Evanilson por sobreaviso, já que ele sentiu uma pequena dor num momento da segunda secção.”
Dúvidas clínicas à secção, Sérgio Conceição mostrou retirar qualquer peso sobre a valia do duelo com o Benfica, salientando que “todos os encontros são importantes” e “não há jogos de tudo ou zero”. “Não é com a diferença pontual [em mente] que vamos preparar o próximo duelo, mas olhando para o opositor para disputar o jogo da melhor forma. Será necessário um FC Porto no seu melhor, potente, muito competente e perceber aquilo que tem de fazer. Não vamos pensar em mais zero, porque não vale a pena. Se começarmos a olhar para trás e para a frente, poderemos tombar. Há que olhar para quem está primeiro e ir à procura destes três pontos importantes.”
Olhando para o opositor, o técnico portista anunciou que “o Benfica vale um pouco pelo seu todo” e “não é ter uma ou outra individualidade que resolve as coisas”, analisando ainda a última aposta táctica dos “encarnados”: “O Rafa não deixa de ser traste jogando porquê ponta de lançamento. A partir desse lugar, vem para espaços que ocupam quando joga a segundo ou avançado porquê renque. Temos que estar preparados para diferentes situações e para quem joga, pois o protótipo não mudou muito. Falamos de um 4-4-2. Se as peças mudarem, tudo pode ser desfigurado.”
E a possibilidade de mudar essas peças está nas mãos de Schmidt. De forma surpreendente, o teutónico optou nas duas últimas partidas por um “onze” sem Tengstedt, Arthur Cabral ou Marcos Leonardo e, no meio da semana, o que se viu no Estádio de Alvalade, frente ao Sporting, foi um Benfica inofensivo ofensivamente até à ingressão de Tengstedt, aos 61 minutos.
Para o treinador dos “encarnados”, esse, no entanto, não parece ser um problema, uma vez que Roger Schmidt diz ter visto no Dérbi lisboeta uma equipa do Benfica com “muita qualidade e mentalidade”: “Estando a perder 2-0, ser capaz de revir ao jogo e marcar golos mostra que esta equipa acredita sempre em si mesma, sobretudo nos momentos mais complicados”.
A questão de jogar sem uma ponta de lançamento foi, também, desvalorizada pelo técnico germânico, que diz que sua “tarefa não é dar minutos a jogadores unicamente porque fez golos”.
“Não temos problemas em marcar golos. Todos os avançados podem marcar e não tenho dúvidas disso, mas, para mim, não é decisivo e os jogadores têm de concordar. Depende deles mostrarem que têm o pacote completo: taticamente, envolvido na pressão e também nas transições defensivas e ofensivas. Para jogar no Benfica, não é suficiente marcar golos”, concluiu.
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