Maio 10, 2025
Claudia Sheinbaum: “Lady of Gelo” que bate recordes no México

Claudia Sheinbaum: “Lady of Gelo” que bate recordes no México

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Uma mulher vai mandar, pela primeira vez, num país de machos. Cláudia Sheinbaum torna-se Presidente do México com a maior votação em dois séculos de República. A esquerdista de 61 anos, física de formação e antiga gerente de governo da Cidade do México, capital com nove milhões de habitantes, arrasou nas urnas com o suporte do Presidente cessante, Andrés Manuel López Obrador (AMLO) e dos seus programas sociais, que conquistaram as classes mais populares com montantes da ordem dos dez milénio milhões de dólares (9710 milhões de euros) por ano.

Uma vez que nas competições desportivas que vencia na juventude, esta neta de emigrantes judeus vindos da Lituânia e da Bulgária foi batendo recorde detrás de recorde. Derrotou por quase 32 pontos percentuais a rival de centro-direita Xóchitl Gálvez (59,22%-27,84%), somando 38 milhões de votos, mais oito milhões do que o predecessor.

Claudia Sheinbaum, seguidora do Presidente cessante Andrés Manuel López Obrador, é a mais provável vencedora das presidenciais

Carlos Tischler/Grupo Eyepix/LightRocket/Getty Images

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América Latina

“Não chego cá sozinha, chegamos todas”, afirmou Sheinbaum, também a primeira mulher a governar um dos grandes países norte-americanos, antes dos Estados Unidos e do Canadá. É a vitória histórica da mulher que tomará posse em outubro, 70 anos depois de uma mexicana se ter estreado no Parlamento. Oriente é hoje paritário, mas no final do século XX os homens ainda ocupavam 90% dos lugares. Há, se incerteza, um antes e um depois na luta pela paridade.

Maioria parlamentar permite mexer na Constituição

“Velarei pelos mexicanos sem elevação e garantiremos as liberdades. Caminharemos em sossego e simetria”, prometeu a Presidente eleita, assegurando que não será autoritária nem repressora. Embora aposte numa mensagem conciliadora, nas antípodas do estilo do populista e ultra-individualista AMLO, considerou nascente um “varão excecional e único”. O ainda gerente de Estado, pelo contrário, não hesitou em violar de formar contínua as leis eleitorais para proporcionar a sua protegida.

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Festejos da vitória na Rossio do Zócalo, na Cidade do México, capital que Sheinbaum governava antes de concorrer à presidência

Alfredo Martínez/Getty Images

A mudança encabeçada por Sheinbaum relativiza, para já, o triunfo esmagador da proposta populista de AMLO, cujos apoiantes terão maioria qualificada de dois terços no Congresso e, quase de certeza, no Senado. Tal permitir-lhes-á proceder com reformas constitucionais para concentrar mais poder e fulminar a independência judicial. Sheinbaum venceu as eleições e AMLO arrasou no seu plebiscito.

Filha do químico e empresário comunista Carlos Sheinbaum e da bióloga Annie Pardo, Prémio Pátrio em 2022, a futura governante mistura ciência e política desde a puerícia. Quase sempre estilhaçou recordes. Poucos preveriam que a licenciada em Física em 1989, com a tese “Estudo termodinâmico de uma estufa doméstica de lenha para uso rústico” , acabaria sentada no “trono da águia”, símbolo do poder no país dos maias e dos aztecas.

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Um bordado com a frase “no se sabe o meu nome tenho entre 25 e 30 anos”, feito para assinalar o protesto contra a violência sofrida por Roxana Ruiz, uma mulher indigena que foi violada e sobreviveu a femicídio

NurFoto

Internacional

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Na luta desde a faculdade

Sheinbaum também foi a primeira aluna da Universidade Autónoma (UAM) a doutorar-se em Engenharia Ambiental. Para tal, viveu quatro anos na Califórnia, com marido e dois filhos. Hoje está casada em segundas núpcias com Jesús María Tarriba, seu namorado da faculdade, que reencontrou depois o término do seu primeiro matrimónio.

Ainda no Ensino Superior, aderiu aos mesmos combates que os pais, talvez com mais afinco. Considera-se “filha do maio de 68” e não teve dúvidas em trepar ao prédio da reitoria para pendurar uma bandeira. Nesses tempos, recordava o Presidente colombiano, Gustavo Petro, ajudou com os seus grupos estudiantis o movimento guerrilheiro M-19 na luta contra o Estado.

Sheinbaum é discípula política do Presidente cessante, Andres Manuel López Obrador, mas tem um estilo muito dissemelhante

ALFREDO ESTRELLA/AFP/Getty Images

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Quando quis entrar na política, Sheinbaum conheceu López Obrador e nunca mais se separaram. Tornou-se seu braço recta tanto na gestão da capital (que AMLO ocupou antes dela) porquê no Movimento de Regeneração Pátrio (Morena), que aquele criou em 2011, saindo do Partido da Revolução Democrática. Nos priores momentos, quando o seu mentor perdeu as presidenciais de 2006 por um punhado de votos e se instalou em protesto na Rossio do Zócalo, Sheinbaum estava ao seu lado.

É tão distante do carisma do seu predecessor que amigos e inimigos lhe chamam “Mulher de Gelo”. Melhor administradora do que oradora, Sheinbaum representa decerto uma mudança de ato no México.

Fonte

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