Bruno de Almeida, 28 anos, e Clara Passarinho, de 23, interessam-se por política desde que têm idade para votar. Os temas defendidos por um, dos direitos humanos à transmigração, são as bandeiras do outro. Também são os dois artistas (ele desenhista e ela actriz e encenadora), mas até ao final de 2023, nunca se tinham cruzado.
Conheceram-se em Novembro, em Bruxelas, quando foram seleccionados para o “Pop The Vote! Culture on the Ballot” — cultura no boletim de voto, em português. Foram dois dos quatro agentes de mudança (agentes de mudança, em tradução livre) escolhidos para simbolizar Portugal e recorrer ao voto numas eleições que são conhecidas por darem vitória à continência.
No totalidade, lê-se no site do projectofazem secção do Pop O Vote! 52 artistas de 14 estados-membros da União Europeia (UE) que tiveram uma taxa de participação subida ou baixa nas últimas europeias de 2019. O projecto é promovido pela Culture Action Europe e financiado pelo Parlamento Europeu. A teoria é simples: recorrer à arte e ao artivismo para incentivar ao voto nas próximas eleições europeias, que se realizam a 9 de Junho.
Os dois artistas acreditam que não se trata de “propaganda à União Europeia”, mas antes uma forma de mostrar uma vez que é que as políticas europeias afectam o dia-a-dia das pessoas — e que cada voto conta.
“A verdade é que estou sempre a meter-me em coisas, mas nascente projecto junta duas coisas de que sabor muito, a cultura e a responsabilidade cívica”, explica Clara em entrevista ao P3.
Durante a semana, tiveram oportunidade de participar numa residência artística em Bruxelas, conversaram com outros artistas sobre uma vez que a arte pode ser uma utensílio para a democracia e Bruno teve até o rosto colado numa das paredes da estação de metro Gare du Midi.
“Acredito que a União Europeia é um figura que cresce quando as pessoas começam a reflectir sobre o que ela pode vir a ser. A minha preocupação é saber uma vez que posso contribuir para que as minorias uma vez que eu, que vim do Brasil para o Porto, sejam representadas dentro de um sistema que aceita flutuação de forma real. Ser seleccionado para o projecto mostra que a UE está preocupada com a inclusão social”, defende o desenhista.
Bruno e Clara são dois dos artistas que integram o Pop the Vote!
DR
Regressados aos respectivos países, cada artista recebeu um orçamento para realizar os eventos que quisesse sobre o Pop The Vote!. Bruno escolheu abordar os desafios que enfrenta no dia-a-dia: a convívio entre minorias e flutuação cultural. Clara optou por recontar a experiência de Erasmus que fez na Irlanda do Setentrião, durante a licenciatura, e mais recentemente no Japão, país onde está agora a concluir o mestrado em Encenação. Fizeram três eventos. Ele no Porto e ela em Setúbal.
Ó desenhista juntou alunos da Faculdade de Belas-Artes do Porto (FBAUP), universidade onde está a tirar mestrado, para oficinas de figura onde todos partilhavam a mesma folha de papel. “Parti da teoria de que as pessoas são individuais, mas depois começam a interferir no figura do outro. É uma vez que conviver com pessoas de outros lugares na mesma cidade”, adianta.
Mas, no último evento, decidiu que uma folha colorida com aguarelas não bastava para realçar a valia do voto e dos anos necessários para invadir nascente recta, por isso, decidiu fazer cartões postais a assinalar as eleições de 9 de Junho.
Bruno fez cartões para recorrer ao voto
Bruno de Almeida
Clara conversou com duas turmas do Instituto de Ocupação e Formação Profissional (IEFP) sobre a oportunidade de fazer Erasmus e uma vez que é que a experiência mudou o trajectória profissional. Explicou que existem programas de mobilidade para jovens estudantes, jovens empreendedores e para outras faixas etárias. De seguida perguntou-lhes uma vez que é que a União Europeia tinha influenciado o trajectória deles. No início não souberam responder e foi logo que a encenadora lhes mostrou o símbolo do organização europeu no site ao IEFP.
“Acredito que consegui invocar a atenção para a valia do voto. Ouvi-los manifestar que não tinham noção que a União Europeia era tão importante e que impactava tanto a vida deles prova que surtiu qualquer efeito. Digo alguns porque não sei se todos vão todos votar, mas alguns vão e isso para mim já é uma vitória. Estarmos envolvidos na democracia não se faz só através do voto.”
Mais do que votar, participar
Abordar temas políticos nos trabalhos que desenvolvem não é novidade para estes dois agentes de mudança. Para o Parlamento Europeu e mesmo para a Culture Action Europe eram até logo artistas desconhecidos, mas depois de terem explicado na candidatura os projectos que já fizeram, deixaram de o ser.
Em 2023, Clara estreou-se uma vez que encenadora em Estrangeiras. A peça, que foi apresentada numa escola de Serpa, Beja, contou com uma actriz portuguesa, uma brasileira e uma cabo-verdiana no elenco para falar sobre o que é ou poderia ser a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). A par disto, fundou com mais quatro amigas a associação Da Minha Rua, sediada nas Caldas da Rainha, que dá privativo destaque ao tema Erasmus.
Já no Instagram de Bruno não faltam ilustrações sobre minorias. Afirma que foi a forma que encontrou para tentar recorrer para o que apelida de “micro-mudança”. “A ilustração é uma linguagem universal e atingível a todas as pessoas visuais. Uma vez que não tem um linguagem, é de fácil compreensão e labareda a atenção de muitos”, conclui.