Setembro 20, 2024
Como a falência da Tupperware nos EUA pode ser uma boa notícia para a fábrica em Constância
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Como a falência da Tupperware nos EUA pode ser uma boa notícia para a fábrica em Constância #ÚltimasNotícias #Portugal

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A notícia correu mundo: a icónica Tupperware, marca que passou a ser sinónimo de recipientes de plástico para guardar alimentos, ia mesmo declarar falência esta semana, depois de várias tentativas de recuperação de um passivo superior a 700 milhões de dólares, nos últimos dois anos.

Depois das primeiras notícias sobre o colapso das vendas a nível mundial, há dois anos, a fábrica da Tupperware em Portugal, a funcionar desde 1980 em Montalvo, Constância, começou de imediato a sofrer as consequências, tal como o mediotejo.net então revelou. Mas agora a situação poderá ser diferente.

Na terça-feira, 17 de setembro, foi entregue no tribunal de Delaware, nos EUA, o pedido de falência da multinacional, tal como avançou no dia anterior a agência de notícias financeiras Bloomberg e o nosso jornal noticiou. Mas isso não significa que a Tupperware vá fechar definitivamente – nem que a fábrica em Montalvo, que tem atualmente cerca de 200 trabalhadores efetivos, seja afetada por este processo, aberto de acordo com o capítulo 11 do Código de Falências dos EUA, conhecido como “falência de reorganização” (ver caixa).

O nosso jornal consultou o processo judicial nos EUA e procurou esclarecimentos adicionais sobre as implicações deste procedimento, que é na verdade um recurso semelhante ao que em Portugal se designa por Plano Especial de Revitalização de Empresas (PERE), que pode ser acionado voluntariamente por empresas em situação económica difícil ou de insolvência iminente.

INFORMAÇÃO DO TRIBUNAL DE DELAWARE SOBRE O PROCESSO JUDICIAL DA FALÊNCIA DA TUPPERWARE, INICIADO A 17 DE SETEMBRO A PEDIDO DA EMPRESA, COM O ACORDO DOS MAIORES CREDORES (imagem da consulta realizada pelo mediotejo.net)

Com a entrega do processo da Tupperware no tribunal de Delaware será agora nomeado um administrador judicial, que avaliará o plano de recuperação proposto pela empresa e negociará as possibilidades para a sua implementação com os credores (também participantes no processo judicial).

Um processo aberto de acordo com o Capítulo 11 do Código de Falências dos Estados Unidos é frequentemente referido como uma “falência de reorganização”. O devedor mantém os poderes e deveres de um administrador, pode continuar a explorar o negócio e, com aprovação judicial, pode até pedir novos empréstimos. É proposto um plano de recuperação e os credores cujos direitos são afetados podem votar nesse plano, que será confirmado pelo tribunal se obtiver os votos necessários e satisfazer os requisitos legais.

“Ao longo dos últimos anos, a posição financeira da empresa foi severamente impactada pelo ambiente macroeconómico mundial. Explorámos inúmeras opções estratégicas e determinámos que [a falência] é o melhor caminho a seguir”, explicou Laurie Ann Goldman, presidente e CEO da Tupperware, num comunicado ontem divulgado à imprensa.

Com a entrega do pedido de falência, a Tupperware solicita ao tribunal aprovação para se manter em funcionamento durante o processo, de forma a assegurar “o pagamento contínuo de salários e benefícios dos empregados, bem como a compensação de vendedores e fornecedores em termos normais por bens e serviços fornecidos na / ou após a / data do pedido” de falência.

Outra das grandes preocupações que a empresa expressa no documento judicial ontem entregue é a protecção da sua marca icónica durante as previsíveis negociações para a venda do negócio. Mas, para já, Laurie Ann Goldman quis transmitir aos mercados que, fora dos gabinetes judiciais, será “negócios como sempre”com a empresa a manter a sua atividade como até agora: “Planeamos continuar a servir os nossos clientes com os produtos de alta qualidade que eles adoram, e merecer a sua confiança durante todo este processo.”

A Tupperware sustenta em tribunal que, após a nomeação de uma nova equipa de gestão no ano passado, “implementou um plano estratégico para modernizar as suas operações, reforçar as capacidades omnicanal e impulsionar o crescimento” num mundo em rápida transformação. “A empresa obteve avanços significativos e pretende dar continuidade a este importante trabalho de transformação da Tupperware numa empresa digital e liderada pela tecnologia”, explica a atual CEO.

Se assim for, esta “falência” poderá ser até uma boa notícia para a fábrica que a empresa tem em Portugal desde 1980, na freguesia de Montalvo, Constância. A multinacional só possui atualmente duas unidades de produção na Europa – em Portugal e na Bélgica – depois do fecho da fábrica na Grécia, no ano passado. A última que subsistia nos EUA foi encerrada em junho deste ano, sendo a produção para o mercado americano agora centralizada no México.

Na Europa, a fábrica portuguesa é que tem maior capacidade de produção, além de máquinas mais avançadas tecnologicamente e sistemas ecologicamente sustentáveis já implementados, produzindo a sua própria energia solar, por exemplo. Na Bélgica estão a ser produzidos sobretudo novos produtos em silicone.

Nada garante que, sendo vendida a outro grupo económico, a empresa não decida deslocalizar a produção para outra parte do mundo. Mas para distribuição no mercado europeu, e querendo a marca manter a aposta na qualidade, com preços mais elevados em relação à concorrência, essa não não é uma opção óbvia.

Com os baixos custos da mão de obra portuguesa e a garantia de qualidade no trabalho apresentado, aliada aos mais de 40 anos de experiência na produção destes produtos, ex-gestores da multinacional contactados pelo nosso jornal dizem que a fábrica de Montalvo poderá inclusive tornar-se central na “nova vida” da Tupperware.

A intervenção pedida ontem pelo autarca de Constância ao ministro da Economia fará ainda mais sentido neste contexto, considera um antigo alto quadro da empresa: “Com uma falência ‘normal’ não haveria como travar o despedimento de todos os trabalhadores; assim, Portugal deveria mexer-se já para assegurar que a empresa terá todos os apoios possíveis para se manter aqui.”

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