Março 19, 2025
Comprinha de última hora do lado de casa ganha espaço no varejo
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Depois do boom dos atacarejos, com preços atraentes em períodos de inflação mais alta e orçamento mais apertado, grandes redes de supermercados têm apostado nos tradicionais minimercados. Nas ruas ou dentro de shoppings, hospitais e condomínios, as chamadas lojas de proximidade entregam conveniência aos consumidores enquanto o negócio se encaixa nas brechas de espaço das grandes cidades, cada vez mais verticalizadas.

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Demandando pouco (ou quase nenhum) deslocamento — perto de casa, do trabalho, ou no caminho —, os minimercados ocupam uma fatia particular do consumo: compras de reposição ou para pequenas necessidades e emergências, como um ingrediente que falta na receita ou a fralda do bebê que acaba.

A busca por mais conveniência é reflexo de uma “folga” maior no orçamento, mas também de uma mudança no estilo de vida, tanto pessoal, como das cidades em si. É o que analisa Maurício Morgado, coordenador do Centro de Excelência em Varejo da FGV Eaesp.

— É um movimento de “miniaturização” da cidade. Os imóveis estão menores, as pessoas têm pouco espaço de armazenamento e não têm carro para grandes deslocamentos — observa.

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A capital e Região Metropolitana de São Paulo concentram a maior parte dos minimercados das grandes supermercadistas, mas há espaço para crescimento em outras regiões, diz João Edson Gravata, diretor executivo de Supermercados e Conveniência do Carrefour.

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Das 1.041 lojas do grupo no país — que também inclui as operações Atacadão e Sam’s Club —, 173 são da bandeira Express. As lojas ficam tanto nas ruas quanto em empresas, shoppings e até hospitais, além de 30 unidades autônomas dentro de condomínios.

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— É um formato que se adapta a regiões de alto fluxo de pessoas e foi, ao longo do tempo, refinando sua proposta de valor. Tem crescido e entendemos que há bastante espaço para isso — opina.

A Cencosud, dona também do Prezunic, trouxe para o Rio o modelo Spid em 2021, e tem dez lojas em bairros como Barra da Tijuca, Recreio, Ipanema, Glória, Méier e Centro, além de uma unidade dentro do metrô, na estação Carioca.

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O Grupo Pão de Açúcar tem duas bandeiras de proximidade. O Mini Extra fica em bairros de classe média. Já o Minuto Pão de Açúcar tem uma proposta premium, em bairros de classes A e B, e é o foco da empresa para expansão do modelo. Juntas, as duas marcas somam 333 unidades, num total de 701 de todo o grupo.

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No último ano, o GPA abriu 51 lojas, 47 delas no formato de proximidade. Só entre abril e junho, foram 10 unidades, sendo 6 Minuto Pão de Açúcar e 3 Mini Extra, e a expectativa é inaugurar outras 40 até dezembro, principalmente na Baixada Santista e cidades do interior de São Paulo, como Campinas e Araraquara.

Frederic Garcia, diretor executivo de Proximidade do GPA, diz que o investimento nos minimercados se justifica na evolução imobiliária das cidades, principalmente aquelas com alta densidade populacional:

— Em Paris, são 2 milhões de habitantes e a bandeira Franprix (do grupo Casino, acionista do GPA) tem mais de mil lojas de proximidade. Vemos um potencial gigantesco em São Paulo (que tem 11 milhões de pessoas).

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Nos mercados de proximidade, as lojas são mais compactas, com maior rotatividade de produtos, já que o estoque é reduzido. Além disso, o mix de marcas tende a ser menor. A exceção, explica Gravata, do Carrefour, fica para alguns tipos de produtos muito ligados à conveniência, como bebidas geladas e sorvetes.

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As equipes são reduzidas, formadas por funcionários multifunção, capacitados para operar em diferentes setores da loja, da caixa à reposição. E há ainda um foco em automação, com caixas de autoatendimento e até compra feita inteiramente por aplicativo, para otimizar o fluxo e agilizar o serviço para quem tem pressa.

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Rodrigo Catani, sócio-diretor da Gouvêa Consulting, da Gouvêa Ecosystem, explica que as diferenças entre os minimercados e os estabelecimentos maiores não são apenas de sortimento, mas também de organização e até horário de funcionamento, que pode ter uma dinâmica diferente se estiver numa área residencial ou de maior incidência de empresas, por exemplo.

— No Brasil, a loja de conveniência ficou muito associada ao posto de gasolina, mas acredito que é uma tendência para os próximos anos principalmente com mercados investindo nos food service, com lanches, pratos prontos, sanduíches e até micro-ondas. Já vemos isso em algumas redes, como Oxxo e Hirota, em São Paulo — cita.

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