ESPANHA 3-0 CROÁCIA || Yamal é mesmo bom? Check. Fabián Ruiz foi o único a estar envolvido nos três golos? Check. O resguardo esquerdo de Espanha tem nome de especiaria e cabelo de guitarrista dos At the Drive-In? Check. E foi por pretexto dele que Grimaldo não jogou – e é aí que os detetives entram em ação
Cometimento de um violação: o melhor do jogo
“É um violação o Grimaldo não estar a jogar”, ouvi isto na redação da CNN quando o Espanha-Croácia ia nos 20 minutos, a Espanha tinha começado com mais posse, 60%-40% nos 10 minutos iniciais mas 10 minutos depois a Croácia já tinha posto tudo nos 50%-50%, o jogo estava triste, muito passe lateralizado, passe para o lado ou para trás costuma ser sintoma de reverência pelo competidor ou de protótipo de jogo sem imaginação, supomos que cá é a hipótese 1, aos 20 minutos a Espanha tinha um remate feito e a Croácia nenhum, mandei nessa fundura uma notificação para a app da CNN que dizia “a Espanha começou melhor mas agora é a Croácia que está por cima – siga cá o jogo do dia”, minutos depois o Morata estava a fazer o 1-0 e aprendi uma coisa nesse momento e reparei noutra: aprendi que a veras contraria muito facilmente os meus pushes, o que abre um leque de possibilidades entusiasmantes nos próximos jogos, do género mandar uma notificação aos 20 minutos do Portugal-Chéquia a proferir “a Chéquia joga muito e Portugal nadinha”, depois é esperar que o nosso Morata-Ronaldo faça o mesmo que o Morata-Morata espanhol; reparei que esta Espanha, ao contrário das Espanhas de outrora, é muito mais potente na saída rápida para o ataque do que na monotonia avassaladora do tiki-taka, foi quando a Espanha começou a ter menos posse neste jogo que se tornou mais perigosa e a rematar mais, sendo que foi quando a Croácia passou a ter mais esfera que a própria Croácia passou a rematar mais – e isto diz-nos que a Croácia tem défice de saída rápida e de eficiência, pelo menos teve neste jogo e não a favoreceu, e esta Espanha tem défice de tiki-taka mas mais-valias velocistas e pragmáticas, pelo menos teve neste jogo e isso favoreceu-a.
Reparem que fizemos todas estas considerações com base numa frase sobre o ato criminoso de o selecionador espanhol ter deixado o Grimaldo no banco e não fizemos qualquer consideração sobre o ato criminoso em si, portanto agora entra em ação Germano Mac Taylor – que, para quem não sabe (porquê assim?), é o sereno superdetetive do CSI: New York -, dizia portanto que agora entra em ação Germano Mac Taylor porque já chega de Germano Oliveira: o único jogador a estar envolvido nos três golos de Espanha foi Fabián Ruiz – isolou Morata no primeiro, o próprio Fabián Ruiz fez o segundo e o mesmo Fabián Ruiz esteve envolvido no processo de esquina limitado que deu o 3-0 final do jogo; mas Cucurella, que tem um nome lindíssimo – Cucurella é alguma coisa que apetece usar num refogado (ou estrugido, consoante a geografia portuguesa) para fazer tamanho de frango -, mas retomando: Cucurella foi factualmente o primeiro jogador a participar no primeiro golo de Espanha, recuperou pelo ar uma esfera que podia ser simplesmente cortada aleatoriamente ou cortada para ser dada em condições de transpor a jogar, Cucurella exerceu a opção dois, a esfera foi para Rodri, que deu de primeira para Fabián Ruiz e o resto já contámos; Cucurella foi também factualmente o primeiro jogador a participar no segundo golo de Espanha, foi a partir de um lançamento de risco lateral, deu para Pedri e esse momento resultou instantes depois num 3-0 que envolveu ainda um passe longo para o vibrante Yamal
a propósito do Yamal, o Pedro Falardo descreveu-o assim há dias: “Quando Messi ganhou a sua primeira Champions, Lamine Yamal não era nascido. Quando Cristiano Ronaldo ganhou a sua primeira Champions, Lamine Yamal não sabia andejar. Quando o primeiro iPhone foi lançado, Lamine Yamal era exclusivamente um feto. Acho que já percebeu a teoria: o jogador do Barcelona é assustadoramente novo para quem joga porquê joga. Para muito dele, oxalá não seja mais um Ansu Fati”, acho que era importante partilhar isto
portanto o Grimaldo foi vítima de um violação, foi sim, porque o Grimaldo, ex-Benfica e que levou um cozinheiro português para a Alemanha (levou mesmo, temos AQUI a história do superintendente João Caeiro), o Grimaldo é bom mas oriente Cucurella é ótimo, raçudo, determinado, valente, aos 54′ atirou-se para a frente da esfera quando só havia o próprio Cucurella entre um avançado croata e a risco de fronteira, o Cucurella sujou-se daquela maneira corajosa para deixar o resultado limpo para a Espanha, a esfera bateu nele porque se não tivesse derrotado seria 3-1, e há ainda uma virtude suplementar no Cucurella, ele tem um cabelo à guitarrista de At the Drive-In e só por isso merece ser titular, o que deixa duas alternativas ao Grimaldo: deixar crescer o cabelo porquê o vocalista dos At the Drive-In e esperar que o selecionador prefira um vocalista a um guitarrista; esperar que Espanha chegue ao último jogo já qualificada para ter alguma rotatividade no onze.
Os golos
1-0, POR MORATA
Morata a desbloquear o resultado 🇪🇸#sporttvportugal #EURonaSPORTTV #euro2024 #espanha #croácia #betano pic.twitter.com/TXIuolz2OX
— sport tv (@sporttvportugal) 15 de junho de 2024
2-0, DE FABIÁN RUIZ
Que muito bailas, Fabián 😎#sporttvportugal #EURonaSPORTTV #euro2024 #espanha #croácia #betano pic.twitter.com/Kc4gVWJy5a
— sport tv (@sporttvportugal) 15 de junho de 2024
3-0, DE CARVAJAL
Yamal 🤝Carvajal #sporttvportugal #EURonaSPORTTV #euro2024 #espanha #croácia #betano pic.twitter.com/RLJPx6LET3
— desporto tv (@sporttvportugal) 15 de junho de 2024
Pensar no Portugal-Croácia: o pior do jogo
Foi precisamente há uma semana que permitimos à Croácia que saísse de Portugal com o moral inviolado, a Croácia foi mais inteligente que nós há uma semana, foi mais intensa, mais concentrada, mais prática, mais agressiva, enfim, foi mais potente e uma semana depois de o nosso moral ter esvaziado vemos esta Croácia lenta, desinspirada, chata até, e saímos deste 3-0 a questionar se foi a Espanha que obrigou a Croácia a ser tão pouco – se foi, ótimo para a Espanha mas péssimo para Portugal, significa que Portugal não sabe tornar os rivais enfadonhos – ou se foi só um dia mau da Croácia – ótimo à mesma para a Espanha e tranquilizador (na medida do verosímil) para Portugal, mas ainda assim ficamos a pensar nisto: a Croácia leva três da Espanha depois de quase nos ter oferecido três ou mais se não tivesse sido o Diogo Costa.
O resultado: a surpresa do jogo
A Espanha teve menos esfera (46%), menos remates (11 contra 15), menos eficiência de passe (85% contra 87%), correu menos (118 km contra 118,6 km), são tantos menos mas marcou três vezes e a Croácia nenhuma – portanto: a diferença do resultado é ainda mais surpreendente quando se analisa a tendência estatística do jogo.
O 3-1 que só existiu durante um minuto: o momento do jogo
Se houver qualquer profissional de arbitragem por cá: escreva por obséquio para gaoliveira@cnnportugal.pt, precisamos de saber se o Rodri devia ou não ter sido expulso no lance que deu momentaneamente o 3-1 – e sim, estamos a par da regra da dupla e tripla penalização mas parece mesmo que o Rodri não tentou jogar a esfera. Entretanto: o universo realinhou os chacras quando o VAR interveio para anular a recarga àquela resguardo cintilante do Unai Simón – uma resguardo daquelas não merece recarga porque é-lhe devida exclusivamente celebração, sobretudo quando acontece posteriormente um erro sombrio porquê aquele que o próprio Unai Simón cometeu e que resultou no penálti.