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O governo não vai adotar o horário de verão no período 2024-25. A decisão era esperada, até pela demora em discuti-la. Levaria tempo para que fosse implementada, e a poupança de energia seria menor. As dificuldades que suscitaram o debate, porém, permanecem.
Ao final do período de chuvas no centro-sul do país, em abril próximo, espera-se que a administração federal esteja preparada para adotar providências a fim de evitar problemas no abastecimento de eletricidade no horário de pico do começo da noite.
A geração de eletricidade mudou desde que o horário de verão foi cancelado, em 2019. Vai mudar mais, segundo projeções das autoridades do setor. Passaram a ter peso maior as fontes solar e eólica. Por óbvio, não há como contar com a radiação do sol a partir do início da noite; pode ainda haver inconstância na produção de energia derivada do aproveitamento dos ventos.
No final de 2023, 50,4% da capacidade instalada de geração estava em hidrelétricas. A segunda maior fonte era a solar, com 17,5%; a eólica ficava com 13,3%. Na projeção das autoridades, as proporções em 2028 serão 44,1%, 26,3% e 14,1%, respectivamente.
A fim de haver folga de segurança no abastecimento no horário de pico da noite, é preciso contar com as usinas hidrelétricas e térmicas. Em anos de seca, afora outras restrições operacionais, o recurso às primeiras pode ser limitado. A energia das segundas é mais cara e poluente.
A adoção do horário de verão contribuiria para aumentar a segurança e a economia do sistema. Outras opções de urgência vêm sendo implementadas. O custo da energia e, pois, o desincentivo ao consumo sobem com a adoção da bandeira vermelha, um remédio ruim. Grandes consumidores vão receber compensações financeiras a fim de modificar seus horários de maior demanda.
Ainda assim, continuam as pressões causadas pela mudança na geração e pelo risco de seca, aumentado pela crise climática. Além do mais, é preciso dar cabo do atraso nos leilões de contratação de energia e reformar o setor.
O governo promete para novembro uma lei para dar conta da barafunda, dos subsídios indevidos, das injustiças e das ineficiências do sistema, piorados frequentemente pelos favores que o Congresso distribui a lobbies.
A mudança no relógio é controversa. Segundo pesquisa do Datafolha, a população está dividida —contrários e favoráveis reúnem os mesmos 47%. Mas, enquanto não se resolverem outras limitações, o horário de verão tende a ser uma resposta ao menos para anos de pouca água nos reservatórios das hidrelétricas.
Reformas regulatórias, do uso da água inclusive, incrementos de eficiência e mudanças tecnológicas podem aumentar a segurança do abastecimento. O assunto é amplo e muito complexo. Uma longa sucessão de governos não se dedicou a ele, exceto em momentos de crise grave, o que sobrevirá se a leniência persistir.
editoriais@grupofolha.com.br
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