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Dezasseis locais de consulta para toxicodependentes estão fechados por falta de profissionais de saúderevela um relatório, que estima ser necessário contratar 293 trabalhadores para preencher as lacunas nos serviços e responder às listas de espera.
Segundo o Plano Estratégico do Instituto para os Comportamentos Aditivos e Dependências (ICAD), no final de janeiro de 2024 encontravam-se 2.276 utentes sem resposta imediata para primeira consulta de tratamento ou prevenção indicada.
Nos pedidos de ajuda para tratamento em ambulatório, 2.140 utentes aguardavam primeira consultacom espera média de 47,3 dias (e desvio padrão de 68,8 dias). “Perspectiva-se que apenas 27,3% (585) dos usuários terão sua primeira consulta agendada em 30 dias, 27% (578) esperarão entre 30 e 60 dias, 17,2% (369) entre 60 e 90 dias e 28,4% (608) terão a sua para primeira consulta agendada para datas superiores a 90 dias”, diz o documento, consultado pela agência.
Em algumas unidades, a espera máxima é superior a 343 diasrefere, sublinhando que, no país, “existem 16 locais de consulta encerrados, exclusivamente, por falta de recursos humanos (médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais)”.
Instituto para os Comportamentos Aditivos e Dependências tem condições orçamentais para garantir resposta à toxicodependência
Relativamente ao internamento, 330 utentes aguardavam vaga, com uma espera média de 58,6 dias (desvio padrão de 44,3 dias). Após proposta de internamento, estima-se que apenas 4,2% dos utentes irão obter vaga em 30 dias, 13,9% entre 30 a 60 dias, 30,6% (101) entre 60 a 90 dias e 51,5% apenas passados mais de 90 dias, sendo a espera máxima de 132 dias.
Já 136 usuários aguardavam consulta na área de Prevenção Indicada, com média de espera de 45 dias e desvio padrão situado em 81 dias.
Do universo dos jovens em espera, após o pedido de ajuda, está previsto que apenas 43% serão atendidos nos primeiros 30 dias, 27% esperarão entre 60 e 90 dias e 9% mais de 120 dias, chegando a verificar-se uma espera máxima de 343 dias.
Para colmatar esta vulnerabilidade, o instituto estima ser necessário contratar 293 profissionaisenglobando aquisições de serviços individuais e de empresas, de serviços de médicos aposentados que já atuaram nas estruturas anteriores equiparadas ao ICAD, perfazendo um total de 1.589 profissionais, somados ao atual mapa de pessoal do instituto.
“Impõe-se a necessidade efetiva de reforço das equipes, dotadas de treinamento adequado, diante da incapacidade atual de gestão eficaz das filas de espera existentes, fruto do aumento da demanda de tratamento por usuários de substâncias lícitas e ilícitas ou de dependentes comportamentais (jogo , internet), cuja estimativa de prevalência vem aumentando”, defende.
Instituto para as Dependências assume reforço das equipas como prioridade
O ICAD alerta que as consequências da covid-19 e a crise econômica tiveram “particular impacto” nas populações mais enfraquecidasnomeadamente as que têm problemas de adição, “que em alguns casos se viram privados de apoio financeiro e social”.
Esta situação potenciou a degradação das suas condições de vida, a exclusão social, criando “uma conjuntura propícia ao aumento de comportamentos aditivos com padrões mais nocivos, o que constitui um desafio em termos da prestação de cuidados de saúde”.
O ICAD também identificou como ameaças as recentes iniciativas políticas relativas ao enquadramento legal das substâncias lícitas e ilícitasafirmando que “a adoção de medidas mais restritivas face a uma substância lícita (o tabaco) e o debate em torno de propostas de legalização para uso pessoal de uma substância ilícita (a canábis), colocam desafios ao nível da perceção pública dos riscos para a saúde e podem transmitir uma mensagem de inocuidade do consumo”.
“Também a elevada disponibilidade e diversidade de substâncias, mais potentes e/ou novas, bem como alterações dos padrões de consumo suscitam preocupações quanto aos riscos acrescidos e efeitos adversos para a saúde, criando novos desafios em termos da prestação de cuidados e de aplicação da lei e de regulamentação”, completa.
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