Numa entrevista à TVI/CNN, o candidato da Federação Democrática às eleições europeias, Sebastião Bugalho, deixou críticas aos mais direitos adversários (Marta Temido, do PS, e António Tânger Corrêa, do Chega), explicou as antigas posições eurocéticas e apontou a um objetivo “humilde” no escrutínio do próximo dia 9 de junho: 29% dos votos e a manutenção dos sete deputados atuais de PSD e CDS-PP.
Questionado sobre qual seria a meta mínima a atingir pela candidatura da AD nas próximas europeias, Sebastião Bugalho disse que gostaria de obter os 29%. “Aquilo que gostaria era de ter mais um ponto que a minha idade”referiu o cabeça de lista da AD. Já quanto ao número de eurodeputados, Bugalho considera que manter os atuais sete deputados (seis do PSD e um do CSD) seria “uma meta humilde mas honesta”.
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E caso perdida as eleições, a responsabilidade será do cabeça de lista da AD ou do presidente do PSD, Luís Montenegro? “O risco faz secção da política. Não coloco porquê possibilidade o cenário de perder. Estou a trabalhar para lucrar. Tenho o melhor programa e a melhor equipa”, garantiu o ex-jornalista e comentador político.
Confrontada com as antigas posições eurocéticas, o cabeça de lista da AD admitiu ser mais europeísta hoje do que em 2016, quando, numa entrevista, disse que o principal inimigo da Europa era a União Europeia.
“Hoje sou mais europeísta mas a Europa também é. Em 2016, a Europa estava a perder o Reino Uno. A crise dos refugiados teve uma resposta tardia. Tínhamos um presidente do Eurogrupo que dizia que países porquê Portugal só estavam interessados em mulheres e bebida. Era um pouco difícil não ser crítico da Europa neste contexto”, disse Sebastião Bugalho. O candidato da AD sublinhou que, há oito anos, a União Europeia “era mais lenta, mais fechada e cometia erros”.
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Ainda assim, Bugalho mantém as críticas à UE em algumas áreas, porquê a dos direitos humanos e humanitários e o expansão a novos estados membros, alguma coisa que “é uma urgência”, nas palavras do candidato. “Em 2016, Jean Claude Juncker era contra o expansão”, lembrou.
Já no que diz reverência aos dois mais diretos adversários nas próximas europeias, Sebastião Bugalho fez questão de revelar que telefonou tanto a Marta Temido porquê a Tângêr Corrêa para lhes desejar felicidades para a campanha que se aproxima. Quanto ao desempenho de Marta Temido enquanto ministra da Saúde, Bugalho lembrou que a agora candidata socialista “não conseguiu que o SNS entregasse aos portugueses resultados”, apesar de o orçamento da saúde ter geminado durante os governos de António Costa.
Para aliás, sublinhou, Marta Temido conseguiu “o oposto do que queria” quando foi ministra da Saúde. “Nunca os portugueses estiveram tão dependentes de seguros de saúde e dos hospitais e clínicas privados. E nunca o SNS esteve tão dependente dos tarefeiros que têm mais regalias do que os médicos do SNS”, disse o cabeça de lista da AD, ressalvando, no entanto, as dificuldades que Temido enfrentou na gestão da pandemia de Covid-19.
Relativamente às polémicas declarações, feitas hoje na rádio Observador, pelo cabeça de lista do Chega, Sebastião Bugalho acusou Tângêr Corrêa de “incitar ao ódio”. “Não se pode entrar em teorias da conspiração sobre minorias étnicas ou religiosas. Proferir que os judeus não foram trabalhar no 11 de setembro significa expressar que eles sabiam [do ataque terrorista] e é incitar ao ódio contra um povo. E isso é patranha”, garantiu Sebastião Bugalho, acrescentando que em Novidade Iorque “estão os nomes das pessoas [que morreram] com prosápia judaica”.
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Esta manhã, Tângêr Corrêa, que foi emissário em Israel, sugeriu que um grande número de judeus não foi trabalhar nas Torres Gémeas a 11 de setembro de 2001, deixando a hipótese de terem sido alertados para a possibilidade de ter um atentado nessa data — tese que tem, aliás, no seu mais recente livro “Do Transiberiano ao Médio Oriente”.
Questionado sobre se o ex-primeiro-ministro António Costa seria o melhor candidato a ocupar o lugar de Presidente do Parecer Europeu, Sebastião Bugalho referiu que não e apontou dois argumentos: a situação judicial de Costa e as opções no Partido Popular Europeu.
“Não tem a ver com [António Costa] ser de outra família política. Tem a vir com as circunstâncias que ele atravessa. O próprio assumiu que não assumiria cargos públicos enquanto a sua situação judicial não estivesse esclarecida. E, por outro lado, há personalidades da nossa família política que poderiam satisfazer essas funções em melhores condições. Até alguém insuspeito porquê Mario Draghi…”, disse o cabeça de lista da AD.
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Já no que diz reverência à resposta europeia à guerra da Ucrânia, Sebastião Bugalho defende que o “suporte militar, parcimonioso, humanitário e político [a Kiev] só termine no dia em que a Rússia perder a guerra”. “Porque senão é a Europa que a perde”, realçou o cabeça de lista da AD. “Se permitirmos à Rússia vencer a guerra e evadir de forma impune a todas as violações do recta internacional, estamos a dar a Putin as chaves de segurança na Europa”, avisou Sebastião Bugalho, acrescentando que a Europa nunca vai permitir que tal aconteça.