Março 21, 2025
Fabrizia Pons: uma visitante ilustre ao Rali de Portugal

Fabrizia Pons: uma visitante ilustre ao Rali de Portugal

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Fabrizia Pons fez esta manhã um co-drive com Adrien Formaux, no Shakedown do Vodafone Rally de Portugal. A italiana, que ganhou a prova em Audi Quattro, em 1982, ao lado de Michèle Mouton, adorou a experiência, até por ser a estreia num Rally1. Fourmaux ficou eufórico: “A minha convidada já fazia ralis na era do Grupo B e até me ditou as notas. Wow!”.

Quando Michele Mouton e Fabrizia Pons fizeram história no WRC: Rali Sanremo 1981

Os anos 80 foram tempos emocionantes para o WRC. Carros famosos, nomes famosos – e um momento absolutamente fabuloso na história, quando Michèle Mouton ‘rebentou’ com os livros de recordes em 1981. Em Sanremo nesse ano, exclusivamente no seu sexto rali com o lendário Audi Quattro, Mouton conquistou a primeira de quatro vitórias no WRC, ao lado da navegadora Fabrizia Pons – batendo Henri Toivonen, Hannu Mikkola e Ari Vatanen, pelo meio.

Ela foi, e continua a ser, a única mulher a ter obtido vitórias à universal nos mais de 50 anos de história do Mundial de Ralis da FIA: “Tenho boas recordações de Sanremo, evidente”, recorda Mouton. “Foi a minha primeira vitória. Tinha-me valoroso bastante porque estava 30 segundos primeiro de Vatanen e ele estava a ser muito rápido”.

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“O Quattro não era fácil de conduzir nestas estradas sinuosas à volta de Sanremo e lembro-me exclusivamente de ter dito à Fabrizia: ‘Um de nós não terminará o evento, por isso, vou tomar oriente troço uma vez que se fosse a primeira do rali e não o último’.

“Conduzi exatamente assim e o Ari cometeu um erro detrás de mim”. Foi um passo muito bom, um passo importante para mim. Evidente que para a Audi foi um resultado fantástico e toda a equipa ficou realmente feliz. Foi um momento fantástico”.

Mouton continuou a gozar de uma sensacional temporada de 1982 com a equipa, terminando em segundo lugar no campeonato de pilotos, detrás do germânico Walter Röhrl.

Cá fica toda a história, muito mais detalhada…

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Um belo dia, rezam as crónicas (maldosas, decerto…) que Walter Röhrl, sem incerteza despeitado, garantiu, com qualquer desprezo, que um Audi Quattro era tão fácil de pilotar que até um macaco o conseguiria fazer. A verdade parece ser muito outra: o Audi Quattro não era zero dócil de conduzir nos limites, parecia um “tanque de guerra”, poderoso e imbatível. Michele Mouton provou isso, ao tornar-se a primeira mulher a vencer uma prova do Mundial de Ralis (hoje WRC). Sucedeu em 1981, no Rali de Sanremo e, com sempre, o AutoSport estava lá. E foi logo que viu as coisas acontecerem.

Se o título garante que o Rali de Sanremo foi a prova da “confirmação do Audi Quattro”, a verdade é que ele é injusto para com o vencedor. Ou melhor, a(s) vencedora(s): Michele Mouton, acompanhada pela sua navegadora Fabrizia Pons. Mas a prosa que se segue, começando logo pela buraco, faz jus ao que sucedeu noa 23ª dição da que era a principal prova italiana: “Ao conseguir a vitória (…) [Michele Mouton] conseguiu entrar na história do Desporto Carro ao ser a primeira mulher a conseguir um sucesso inteiro num ali pontuável para o Mundial.” E o articulista – no caso, Fernando Petronilho – vai mais longe, ao prometer que “apesar de ser o terceiro triunfo da sua curso (Rali de Espanha de 1977 e Volta à França de 1978) nenhuma vitória anterior se pode confrontar a esta, obtida numa prova bastante difícil, muito dura e perante potente oposição.”

Mais impressionante ainda: ao assinar aquela que foi segunda vitória do Audi Quattro numa prova do WRC, oito meses depois de Hannu Mikkola ter proveito o Rali da Suécia, Michele Mouton ofereceu “à equipa Audi” aquele que foi “um justo prémio para o intenso esforço que [a equipa Audi] tem desenvolvido na presente temporada, tentando chegar a um progresso acentuado na complicada mecânica do Quattro.” Em Sanremo, portanto, “ficou provado que [o Audi Quattro] se trata de um ‘super-carro’ e que no dia em que atingir um saliente proporção de fiabilidade técnica por visível tirará interesse aos ralis, tal a superioridade que exibe perante os seus opositor quando tudo corre na normalidade.” Sábias e proféticas palavras – mas que, nas estradas de Sanremo, ainda tiveram muito que penar para serem eficazes. Ou seja, em Sanremo Michele Mouton teve que suar as estopinhas para conseguir vencer.

As passas de Sanremo

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Cada terreno tem as suas, reservadas para quem lá passa. No Algarve, são as do Algarve; e, em Sanremo, embora menos famosas (pelo menos, por cá…) serão as de Sanremo. São as passas, senhores: e, famosas ou não, Michele Mouton teve que as passar para lucrar. Era o dia 11 de Outubro de 1981 – mas a tarefa revelou-se ciclópica e demorou cinco dias a ser festejada com champanhe e muitos “prost”.

Esta foi uma vitória que teve “alguma coisa de histórico” e de que se estava já à espera, depois dos “primeiros sinais” dados em provas anteriores, uma vez que na Acrópole, “que chegou a comandar”. Considerada “até cá uma verdadeira perito em provas de asfalto, [Michele Mouton] tem-se ajustado de uma forma notável aos pisos de terreno”, até que venceu em Sanremo.

“Finalmente”, disse o AutoSport. E continua: “Não fora o caso de se tratar de uma mulher e oriente sucesso zero teria de peculiar, a não ser (…) a confirmação do [Audi] Quattro uma vez que um ‘super-carro’. Se Cinotto conduziu o Audi que menos problemas teve ao longo do rali só desistiu por não conseguir suportar o ‘pressing’ de Mouton na temporada inicial da terceira lanço, acabando fora de estrada, já a francesa conheceu no início do rali alguns problemas com a petardo de injeção, que a fizeram perder qualquer terreno. Mas, uma vez que essa deficiência acabou por ser resolvida, Michele pode dispor de um coche em pleno para restaurar terreno, lucrar depois uma certa vantagem que lhe permitiu poupar a primeira posição quando o Audi voltou a estar em dificuldades, para terminar à vontade, depois dos problemas que atingiram Ari Vatanen, o grande derrotado da noite.”

Ao longo da prova italiana, não foram exclusivamente estas as dificuldades que Michele Mouton encontrou. Na veras, o “piloto mais rápido de toda a prova” foi Hannu Mikkola, seu colega de equipa, “vencedor de 30 das 59 classificativas”. E que, a atrasar-se “logo na temporada inicial devido aos problemas de injeção que lhe custaram 15 minutos”, outro “galo” teria cantado em Sanremo: o finlandês “nunca desistiu da possibilidade de restaurar lugares, acabando em quarto da [classificação] universal.” Mikkola, sem os problemas no Audi, “teria proveito o rali com trinta segundos de vantagem de [Michele] Mouton, mesmo depois de ter perdido dois minutos num dos troços.”

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O ataque decisivo

Michele Mouton, para chegar ao comando, teve que suar as estopinhas, perseguindo de forma tenaz o italiano Michele Cinotto, que assumiu o comando depois do delonga de Walter Röhrl, ainda na temporada inicial da prova. A luta entre ambos foi de florilégio, conforme o AutoSport pormenorizou logo:

“Com os dois Audi no comando do rali, mas com Mouton a exclusivamente 32 segundos do jovem Cinotto, era de esperar um ‘forcing’ da francesa, até porque Michele vinha a restaurar tempo de uma forma gradual. Por outro lado, para Cinotto a questão alterava-se um tanto, pois apesar de se manter na primeira posição, cabia-lhe agora o papel de perfurar a estrada, o que é uma situação muito mais ingrata.”

Muito jobem ainda (nascera perto de Tuim, a 6 de Janeiro de 1959), Michele Cinotto acabou por não conseguir resistir à pressão efetuada por Michele Mouton. Outrossim, o seu moral ficou decerto alguma coisa aluído “quando, logo na segunda classificativa, [Cinotto] se cruzou com um coche à saída de uma curva, não se registando um acidente por mero contingência.”

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Ao longo do dia, “o ataque de Mouton continuou a surtir os seus efeitos e, antes da 23ª PEC, a diferença entre os dois pilotos era de exclusivamente dois segundos, para na seguinte se reduzir para a diferença mínima, acabando a francesa por se instalar no comando à 25ª PEC, agora com dois segundos de vantagem.”

Foi cá que “falou a falta de experiência de Cinotto, que ainda tentou replicar, acabando por se despistar.” Na fundura, ele contou ao AutoSport o que se passou: “Era uma esquerda muito longa. Entrei depressa demais. O coche começou a transpor por inteiro, bateu num muro do lado recta, acabando por se imobilizar na berma esquerda, enterrado na terreno.” Tinha um semieixo dianteiro quebrado e o público não conseguiu “desenterrá-lo”, por ser “exagerado pesado.”

A partir daqui, Michele Mouton ficou descansada na frente, aumentando mesmo “a sua vantagem sobre s seus mais diretos adversários” [Röhrl e Vatanen], atacando na terreno, “terreno onde o Quattro se sente bastante mais à vontade.” E mais descansada ficou quando, na quarta lanço, Röhrl teve que desistir, quando “o veio que vai da caixa de velocidades ao motor” do Porsche 911 SC se partiu. A vantagem com que ficou para Ari Vatanen, que ficou logo a perseguir a francesa, foi suficiente para ela resistir aos problemas que, na temporada final, quase hipotecaram o seu primeiro triunfo. Nesta fundura, Vatanen estava mesmo a aproximar-se, quando “na 52ª PEC, [Michele] Mouton chegou à assistência com dois problemas simultâneos: um de travões, outro de transmissão.” Resolveram-lhe os problemas com os travões, mas teve que tentar chegar ao término com tração a exclusivamente duas rodas, perdendo segundos preciosos para Vatanen, que logo, percebendo o que se passava, se lançou ao ataque. Até que, “nos 47 quilómetros do troço de Ronda (…) ao trinchar uma curva para a esquerda, Vatanen tocou com o pneu esquerdo da frente numa espécie de pontão que praticamente não se via.” Não furou de repentino, mas a direção “ficou oportunidade” e, a partir daí, o finlandês passou a rodar muito vagarosamente, “primeiro em cima do pneu, depois em cima da jante”, perdendo 18 minutos que o atiraram para o nono lugar. E carimbaram em definitivo o primeiro triunfo de Michele Mouton no WRC.

PALMARÉS

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1º Rali WRC – Tour de Corse, 1974

Último Rali WRC – Tour de Corse 1986

Marcas – FIAT, Audi e Peugeot

Ralis WRC – 50

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Vitórias WRC – 4

1ª vitória – Rali Sanremo 1981

Última vitória – Rali Brasil 1982

Pódios WRC – 9

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PEC ganhas – 162

Pontos – 229

WRC:

1974 – 12º Córsega (Alpine-Renault A110 1800)

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1975 – 7º Córsega (Alpine-Renault A110 1800)

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1976 – 11º Monte Carlo (Alpine-Renault A110 1800)

1977 – 24º Monte Carlo (Autobianchi A112 Abarth); 8º Córsega (FIAT 131 Abarth)

1978 – 7º Monte Carlo (Lancia Stratos HF); 5º Córsega (FIAT 131 Abarth)

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1979 – 7º Monte Carlo; 5º Córsega (FIAT 131 Abarth); 21º WRC (12 pontos)

1980 – 7º Monte Carlo; 5º Córsega (FIAT 131 Abarth); 21º WRC (12 pontos)

1981 – 4º Portugal; 13º Milénio Lagos; 1º Sanremo (Audi Quattro); 8º WRC (30 pontos)

1982 – 5º Suécia; 1º Portugal; 7º Córsega; 1º Acrópole; 1º Brasil; 4º Sanremo; 2º RAC (Audi Quattro); 2º WRC (97 pontos)

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1983 – 4º Suécia; 2º Portugal; 3º Safari (Audi Quattro A1); 3º Argentina; 16º Milénio Lagos; 7º Sanremo (Audi Quattro A2); 5º WRC (53 pontos)

1984 – 2º Suécia (Audi Quattro A2); 4º RAC /(Audi Sport Quatro); 12º WRC (25 pontos)

1985 (Audi Sport Quattro) e 1986 (Peugeot 2095 T16 e 205 T16 E2) – Não pontuou no WRC (3 provas)

FICHA DA PROVA

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23º Rali de Sanremo

5/11 de Outubro de 1981

8ª prova Campeonato Mundial de Ralis e 10ª Campeonato Mundial de Pilotos

Organizador: Clube Carro de Sanremo

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Diretor de prova: Adolfo Rava

Trajectória: 2.847.58 quilómetros, divididos em cinco etapas. Início e final em Sanremo, com paragens em Pisa e Siena. Disputadas 59 das 61 classificativas previstas.

Tempo: Quente e sedento. Nevoeiro em algumas classificativas.

Inscritos: 81 equipas

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Partiram: 76

Chegaram: 26

Principais desistências: Pond/Grindrod (Datsun Violet GT), motor (PEC 60); Röhrl/Geistdörfer (Porsche 911 SC), transmissão (PEC 42); Verini/Ulivi (Opel Ascona 400), suspensão (PEC 42); Vudafieri/Bernacchini (FIAT 131 Abarth), despiste (PEC 27); Cinotto/Radaelli (Audi Quattro), despiste (PEC 27); Fréquelin/Todt (Talbot Lotus), motor (PEC 20); Bettega/Perissinot (FIAT 131 Abarth), despiste (PEC 18); Cunico/Mussa (Ford Fiesta), motor (PEC 15); Thérier/Vial (Porsche 911 SC), suspensão (PEC 6); Capone/Pirollo (FIAT Ritmo), despiste (PEC 6); Laine/Piironen (Ford Escort RS), alternador (PEC 2); Boehne/Diekmann (Mercedes-Benz 500 SL), despiste (PEC 1)

Comandantes sucessivos: Rörhl (1ª à 9ª PEC); Cinotto (9ª à 24ª); Mouton (25ª até final)

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CLASSIFICAÇÃO FINAL

1º Mouton/Pons (Audi Sport/Audi Quattro), 8h05m50s; 2º Toivonen/Gallagher (Talbot/Talbot Lotus), 8h09m15s; 3º “Tony”/”Rudy” (Conrero Sq.Corse/Opel Ascona 400), 8h12m06s; 4º Mikkola/Hertz (Audi Sport/Audi Quattro), 8h18m20s; 5º “Lucky”/Penariol (Conrero Sq.Corse/Opel Ascona 400), 8h19m51s; 6º Biasion/Siviero (Rothmans R.T./Opel Ascona 400), 8h21m44s; 7º Vatanen/Richards (Ford Escort RS), 8h23m35s; 8º Cerrato/Guizzardi (FIAT Auto Torino/FIAT 131 Abarth), 8h25m33s; 9º Alen/Kivimaki (FIAT 131 Abarth), 8h26m45s; 10º Ormezzano/Brado (Talbot Lotus), 8h33m47s. Classificadas 26 equipas.

As frases célebres de Sanremo

Um rali do Mundial proveito por uma mulher teria sempre que ser palco de alguns comentários mais, digamos, e uma vez que se pode ler na no magnífico “Laranja Mecânica”, “máchicos” (de viril, evidente!). “Ipsis verbis”, vamos recordá-los a seguir:

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A propósito da superioridade de Michele Mouton durante esta edição do Rali de Sanremo, três frases proferidas por outros tantos pilotos ficaram célebres, revelando em visível sentido de humor perante o facto de estarem a ser superados por uma mulher…

Assim, Ari Vatanen diria a Michele a meio do rali:

“A andares dessa forma na terreno, o teu avô por visível que era finlandês.”

Quanto a Walter Röhrl, afirmava para um nosso colega germânico à chegada a Siena, quando ocupava o segundo posto, detrás da francesa:

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“Neste rali não tenho sentido grande dificuldade em controlar os homens. Mas as mulheres…”

Finalmente, à chegada, o segundo classificado, Henri Toivonen, dava também conta da sua proverbial boa disposição: “Estou muito contente! Neste rali ganhei o Troféu dos Homens!!!”

Fonte

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