A rivalidade entre Vasco e Flamengo, rivais deste domingo, ganha contornos mais amenos quando o tópico é política. Fora de campo, os clubes buscam interesses em geral em relação aos seus estádios próprios, e deixam de lado a tensão que perdurou na disputa pela licença do Maracanã, vencida pela dupla Fla-Flu, para que ambos tenham benefícios futuros.
Nos últimos dias, houve dois exemplos simbólicos de cooperação. Eduardo Paes, prefeito do Rio e vascaíno dito, levou a cruz de súcia na camisa ao encontrar rubro-negros ilustres em um jantar em que ameaçou desapropriar o terreno da Caixa no Gasômetro para que o Flamengo avance por seu estádio. Dias depois, o ex-presidente do Flamengo, Delair Dumbrosck, participou de discussões para apressar a aprovação dos trâmites para a venda do potencial construtivo do estádio do Vasco, que aguarda aval da Câmara para passar por uma reforma e ampliação.
Os dois movimentos contam com outros personagens muito mais ligados à política do que aos clubes. A bancada vascaína da Câmara de Vereadores do Rio se articulou para subscrever de uma vez o projeto de reforma de São Januário, economizando meses de debates. Com pormenor do suporte do presidente da Câmara, o tricolor doente Carlo Caiado, que coordenou esse entendimento pra apressar a tramitação do projeto do Vasco.
Em reunião extraordinária na última semana, as 17 comissões deram parecer conjunto favorável ao projeto. Todos os vereadores das comissões presentes votaram em prol. Depois disso, houve audiência pública na Barra, onde o ex-presidente do Flamengo participou, porquê presidente da Câmara Comunitária do bairro. O evento contou com a presença de Pedrinho, presidente do Vasco, e de vereadores que têm ajudado no projeto de São Januário, porquê Alexandre Isquierdo (União), Pedro Duarte (Novo) e Zico (PSD).
Em litígio com a 777, sócia majoritária da SAF, Pedrinho tem no tópico estádio o principal trunfo político, já que não depende da empresa para ter autonomia. O projeto ainda precisa ser votado em dois turnos na Câmara. No processo de votação, o texto pode receber mudanças, que também são votadas em plenário. Se revalidado, segue para sanção ou veto do Prefeito Eduardo Paes, que já deixou evidente o suporte. Ao caminhar de mãos dadas com Vasco e Flamengo, Paes vai com tudo para a reeleição e tem pretensões de edificar voos mais altos nacionalmente, segundo relatos de flamenguistas e vascaínos com quem tem conversado.
Pressão sítio e em Brasília
Na Prefeitura, o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) é quem articula sobre o estádio do Flamengo junto ao clube e ao secretariado de Paes. Ele também faz a interlocução com a Caixa Econômica, mas nesta frente o clube tem suporte de peso em Brasília. Estão integrados à diretoria o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, o presidente do Progressistas, Ciro Nogueira, além do deputado federalista líder do partido, Doutor Luizinho. Por se tratar de um terreno governado por um banco público, do qual presidente e vice-presidentes são quase todos indicados por partidos do Centrão, o Flamengo se tapume para continuar na compra da espaço no Gasômetro. Uma vez que a Caixa não informou quanto quer pelo terreno ainad, essa força-tarefa está acionada para fazer pressão no presidente Carlos Vieira e nos acionistas do banco.
O pormenor da pronunciação do Flamengo pelo estádio passa também pelo veste de o clube viver ano de troca de presidente. Rodolfo Landim, que está em seu segundo e último procuração, quer deixar a compra do terreno acertada até outubro. E com isso fazer o sucessor sem que haja disputa real com candidatos de oposição. Nesse cenário, Paes trouxe para seu lado o diretor Cacau Cotta, que recentemente rompeu com o futebol em função da rixa política com o vice Marcos Braz. Ambos serão candidatos a vereador, mas Braz está desempenado ao candidato de oposição a Paes, Alexandre Ramagem.